Um pouco Pollyanna...

Quem aqui já leu o livro da Pollyanna levanta a mão??
Lembro de que quando era adolescente li o livro Pollyanna menina e depois o Pollyanna moça. Pra quem não conhece são dois livros que contam a história de uma menina órfã que vai morar com a tia e não é bem tratada pela mesma. Mas ela tem um jogo, que é o "jogo do contente" onde ela encontra mesmo durante os piores episódios da vida dela, um motivo para ficar contente.
Lembro-me de várias vezes ter morrido de raiva dela porque ela estava na pior situação do mundo e ficava irritantemente (e de verdade) contente.
O que acaba acontecendo é que ela transforma as pessoas ao redor dela com o otimismo e a vida dela toma um rumo completamente diferente.
Thanksgiving passou alguns dias atrás e eu tive como esperado, um momento de muito amor, alegria e tranquilidade em casa com o meu marido. Sim, poderia estar triste porque estou longe de todas as outras pessoas que eu amo, mas o meu coração ficou cheio de alegria.
Mas não é sobre Thanksgiving que eu quero falar neste post...
É muito fácil ficarmos contente quando as coisas estão indo bem em nossas vidas, quando planos estão sendo realizados, as pessoas que amamos estão ao nosso lado, etc. Mas e quando as coisas começam a dar errado, qual é a nossa primeira atitude? Não é fácil enxergar o lado bom das coisas, acho que assim como a Pollyanna precisamos ficar treinando o nosso cérebro para "ficarmos contentes". Não sou do tipo de pessoa que pensa sempre que tem alguém numa situação pior do que eu e por isto devo estar contente. Pra mim não existe lógica neste tipo de felicidade. Você precisa estar feliz por estar feliz e ponto final!
Bom, depois de um final de semana prolongado no cinzento estado de Washington chegou a hora de voltar para a casa.
Hoje acordei cedo, estudei mais uma vez para uma prova que teria as 8:30 da manhã e resolvi sair de casa um pouco mais cedo, já que estava uma neblina muito forte e eu não queria correr o risco de chegar atrasada na escola.
Pois bem, como nas milhares de vezes deixei as coisas no meu carro, entrei, coloquei o cinto, abri a porta da garagem, liguei o carro e saí. Como faço todos os dias da semana, mais do que uma vez por dia, diga-se de passagem, quando escuto um barulho "CREEEEEEEEEEC". Olho para o retrovisor direito e vejo a porta traseira no batente da garagem. Nesta hora foi automático um alto "%#&$@".
Dei ré, ajustei o carro e saí para ver o estrago. Não acreditava nos meus olhos, QUE ÓDIOOOOOO!!
Pensei em acordar o marido, mas ele não poderia fazer nada, então segui o meu caminho indignada para a faculdade. Fiquei com raiva de mim, quanta burrice! Num segundo o carro que eu cuido tanto para manter estava com um baita arranhão. Na minha cabeça só imaginava o que iria falar para o meu marido, apesar dele ser a pessoa mais dócil do mundo, eu não tinha a menor idéia de como ele iria reagir.
Cheguei na faculdade e mandei uma mensagem pra ele no celular dizendo o que tinha acontecido. Ele respondeu em apenas alguns segundos dizendo que não era pra eu me preocupar, apenas para me concentrar na prova que iria fazer, que o carro a gente dava um jeito.
comecei a chorar ali mesmo no carro, de raiva de mim, por causa do arranhão, mas também pela bondade e sabedoria do meu marido, que fez com que eu ficasse tranquila no mesmo momento. Fiquei muito agradecida por ele ser tão compreensivo e amoroso comigo. E fiquei agradecida também porque eu ralei o carro na porta da minha garagem, não sofri nenhum tipo de acidente ou coisa do tipo.
No decorrer do dia muitas outras coisas aconteceram... a prova para qual estudei o feriado inteiro foi adiada para quinta-feira, terei outra prova amanhã, irei trabalhar mais horas do que planejava esta semana, o caixa demorou para passar as compras... mas querem saber? Em todos estes aborrecimentos eu vi motivos sinceros para ser agradecida a Deus. Por ter um carro, por ter inteligência para estar na faculdade, por ter dinheiro para fazer compras e um trabalho para ir.
Sei que os motivos para eu ser grata não apareceu do nada na minha cabeça, pois Deus nos ensina a ter um coração agradecido.
Se eu disser que a minha raiva passou por ter arranhado o carro de bobeira, não passou, toda vez que eu olho pro arranhão eu choro, mas não me consumiu, não me deixou amargurada.
E pra quem ficou curioso pra saber o tamanho do estrago, está aí...
Meu baby e seu dodói

Faça todos os dias ser Thanksgiving's Day

Dia de Ações de Graças. É assim que conhecemos o Thanksgiving no Brasil.
Iniciou no começo da colonização das Américas, onde os britânicos passaram por maus bocados pelas bandas de cá e se não fosse a ajuda dos nativos, teriam todos morrido. Como eles sobreviveram o inverno, plantaram e conseguiram colheita, isto foi motivo de celebração com muita comida e o famoso peru, que tinha aos montes por aqui.
A idéia de Thanksgiving é reunir a família, os amigos e dar graças a Deus. Agradecer por todas as bençãos recebidas até ali. Bem, esta pelo menos é a teoria.
Na prática é um feriado onde os americanos vão visitar o que nós consideramos família, mas para eles é apenas "extended family". Tios, avós, primos, os avós... todos se reunem para comer o famoso peru e o mundaréu de comida que poderia alimentar um pequeno exército.  Geralmente o anfitrião é responsável pelo peru e os convidados trazem pratos ou bebidas. A mulherada se reune na cozinha para organizar a refeição e os homens se reunem na sala para assistir televisão, pois é dia de futebol americano.
Antes da refeição são dadas graças, pelo anfitrião ou cada um diz um motivo para ser agradecido e a refeição que poderia te manter vivo por 1 semana começa.
Após a refeição, os homens voltam para a televisão e a mulherada começa a dividir a sobra entre elas, para levar para casa e organizar a bagunça da refeição.

Infelizmente o verdadeiro sentido de Thanksgiving acaba se deixando de lado, me dá um aperto enorme no coração quando vejo filhos ou netos reclamando da "obrigação"de ir para um jantar com a família. Pelos lados de cá é muito comum reunir a família apenas em duas ocasões, Thanksgiving and Natal.

Pra mim, Thanksgiving deveria ser todos os dias, no sentido de que todos os dias nós deveríamos agradecer pelas infinitas bençãos que recebemos e que às vezes nem notamos. A maior delas, sem dúvida nenhuma é a sáude, que muitas vezes neglegenciamos ou então só damos valor quando estamos doentes. A lista é infinita.... família, amigos, emprego, casa, amor, propriedades, etc, etc, etc, etc...

Todos os dias, mesmo naqueles dias que tudo dá errado, eu tento lembrar de alguma coisa boa para agradecer a Deus. Estas últimas semanas tem sido extremamente difíceis pra mim, mas mesmo assim eu tento encontrar motivos para agradecer mesmo as dificuldades, porque elas são resulados de bençoes nas minha vida.

Neste Thanksgiving, eu e o meu marido iremos passar em casa, assando o nosso peito de peru e curtindo a companhia um do outro. Não quero pensar nas coisas que ainda não possuo, ou que me deixam tristes, mas quero agradecer em primeiro lugar pela saúde que Deus me concede, pela força que Ele me dá para enfrentar as dificuldades que a vida me tras como solidão, desânimo. Irei também agradecer pela imensa oportunidade que é estudar em uma faculade americana, (apesar do mundaréu de homework) estou construindo novamente a minha auto-estima de escrever, estudar e me comunicar na minha segunda língua, um idioma que eu sempre sonhei em me tornar fluente. Agradeço a Deus por morar exatamente no lugar onde moro, porque a casa foi presente Dele, num dos lugares mais bonitos do mundo, que mesmo com temperatura quase perto de zero, tem dias lindos de muito Sol. Agradeço infinitamente pela vida do meu marido, uma pessoa maravilhosa que tenho certeza de que Deus separou para mim, que me ama, me entende, me atura, me dá força, que me faz sorrir, que me consola, meu melhor amigo e companheiro, com quem quero dividir todos os dias da minha vida.
Agradeço acima de tudo pela imensa misericórdia de Deus e seu grande amor e pelo sacrifício de Jesus na cruz, pois através Dele eu tenho a certeza e esperança de vida eterna infinitamente melhor.

A lista poderia continuar até o infinito... o que gostaria de deixar para cada pessoa que ler este post é apenas o conselho de achar, pelo menos 1 coisa durante o dia para ser agradecido. Nos momentos de tristeza e dificuldades, ter uma benção em mente ajuda, dá esperança e sempre trás um sorriso ao rosto, que pode fazer uma outra pessoa sentir o desejo de dizer: thanks.

Happy Thanksgiving everyone!!

Festa de aniversário de crianças por aqui

Quem é que não gosta de participar de festa de aniversário levanta a mão! E festa de criança então? Refrigerante, salgadinhos, bolo, bexigas, muita música, risada... bem este é o tipo de festa de criança no Brasil, por aqui as coisas são beeeeem diferentes.
Em primeiro lugar, eles sempre fazem a festa no final de semana mais próximo da data de aniversário, mesmo que seja antes da data em si. Eu fiquei horrorizada com isto. Supertições a parte, pra mim não faz a menor lógica de comemorar o aniversário que não aconteceu ainda, mas isto é a praticidade dos americanos.
Outra coisa interessante é que a festa tem horário para começar e terminar. Geralmente dura umas 2, 3 horas no máximo! No convite da festa diz o local, o horário que começa e termina a festa. E o povo chega no horário e assim que cortam o bolo, um a um vai embora e quando deu o horário do fim da festa, a festa literalmente acabou.
Na maioria das vezes a festa não é feita em casa, como costumamos fazer no Brasil. Se o tempo e a estação do ano permitem, as festas são feitas num parque próximo da casa do aniversariante, ou num playground, ou em lugares para recreação. Esta parte eu gosto porque quando você chega em casa, não tem bagunça. =)
E os presentes são empilhados numa mesa, que devem ser devidamente identificados com o nome de quem deu o presente, porque eles só serão abertos em casa. Os pais geralmente anotam o que cada um deu de presente e escrevem um "thank you card", ou seja, um cartão de agradecimento pela participação da festa e pelo presente.
Até aqui tudo bem, costumes um pouco diferentes dos nossos, mas alguns acho super educados como o cartão de agradecimento.
Mas existem algumas situações no mínimo curiosas a respeito das festas de aniversários infantis. Em primeiro lugar, a festa é feita para as crianças. Sim, se há adultos na festa é porque eles são pais de uma das crianças convidadas. E não ache que o convite é extendido a toda família. Funciona mais ou menos assim: Joãozinho vai completar 4 anos. Ele convida os amigos (sim ele escolhe quem vai ser convidado) da escola, do parque etc e os convites são enviados. Se um dos amiguinhos do Joãozinho, a Mariazinha tem por exemplo, 2 irmãozinhos, no Brasil eles seriam automaticamente convidados né? Mas isto não funciona aqui. Já aconteceu um caso de eu ficar cuidando do irmãozinho menor, pro maior ir com a mãe para o aniversário de um amiguinho. É de extrema falta de educação ir ou trazer convidados a mais, porque nas festas de aniversários comida, bebida, brincadeiras e lembrancinhas são contadas para o número X de convidados.
Ah, e os pais só participam da festa se a criança for pequena e precisar de surpevisão. Quando a criança tem mais ou menos uns 9 anos de idade (não tem uma regra pra idade, acho que quando já são maiorzinhos) os pais levam a criança para a festa deixam lá e volta no horário do término da festa para buscar o filho.
A questão de comida e bebida é bem diferente do Brasil. Aqui na Califórnia especialmente que o pessoal tem uma obsessão por ser saudável, comida de festa de criança lembra de longe as festas do Brasil. Geralmente são coisas simples como pedaços de queijos e frutas e os famosos vegetais crus (cenoura, brócoli e salpicão) pra ser mergulhado num creme (coisa saudável tá, como hummus). Ou então como no caso da última festa de aniversário que fui, macarrão com ervilha para as crianças e chilli para os adultos. Pra beber tinha água e suco de maçã, nada de refrigerante! Os únicos doces disponíveis era o bolo que geralmente é feito em casa ou então mini cupcakes. O de chocolate geralmente é abolido porque além de conter cafeina, dá muita energia para as crianças.
Se você foge das regrinhas de ser saudável, provavelmente as outras mães vão fazer cara feia pra você e será provavelmente a última festa em que os filhos delas irão atender na sua casa. E é importante também ser atenta ao fato das alergias das crianças convidadas, então geralmente tudo o que tiver amendoim e nozes serão abolidos.
E o parabéns pra você gente? Não tem palmas, gritaria... é cantado quase sussurado e só no final que há algumas palmas.
Como disse anteriormente, após comer o bolo as pessoas começam a se retirar e o dono da festa e as pessoas de boa vontade começam a ajudar na limpeza e geralmente saquinhos surpresas são distribuidos para as crianças, e claro, é de muito bom tom não dar nenhum tipo de doces dentro destes saquinhos.
Quando me lembro das festas de aniversário cheio de gente e alegria no Brasil, dá quase a sensação de que não se está numa festa. Claro que deve ser levado em consideração a cultura dos pais e também o seu estilo de "parenting", porque tem festas sim recheadas com coisas gostosas. Mas como falei, aqui na Califórnia eles são obcecados com a saúde e é quase uma ofensa você oferecer coisas com açúcar para crianças.
Acho que no final, o que importa é que as crianças (do jeito delas) se divertem, e não é este o propósito da festa?
Algumas coisas tenho certeza de que acabarei incorporando nas festas de aniversários dos futuros filhos, por estar convivendo com americanos na América, né gente? Mas outras coisas acho que nunca acontecerá como a comemoração do aniversário antes da data.
E você, qual curiosidade ou experiência já passou com festa de aniversários para crianças aqui na América. E quem está aí no Brasil, como estão sendo comemorados aniversários por aí hoje em dia, porque faz décadas (no sentido literal) que participei de uma festa de criança por aí.

Esqueceram de mim?

Quem é que não assistiu o filme do adorável garotinho que foi esquecido pela família na viagem de Natal? Eu até hoje gosto de assistir, principalmente quando ele fica perdido em New York, cenário perfeito para o Natal.
Mas estou falando de um outro assunto aqui... quem já teve a sensação de que está sendo "esquecida" pelas pessoas pelo simples fato de morar distante?
Há uns posts atrás eu comentei sobre a difícil arte de fazer novos amigos nesta terra. Recebi um conforto enorme com os comentários de vocês, pois tive a afirmação de que não é um problema enfrentado apenas por mim.
O que estou falando neste post é o distanciamento que acontece entre as pessoas que você conhece e tem amizade e que ficaram no Brasil.
Lembro-me que assim que me mudei para os Estados Unidos, recebia em média 40 emails POR DIA, dos meus amigos e colegas querendo saber como andavam as coisas por aqui. Durante o primeiro ano que morei aqui criei uma lista de email com umas 70 pessoas (amigos e conhecidos, claro) e mandava semanalmente notícias da Terra do Tio Sam, o que eu chamava de Diário de Bordo. O pessoal sempre respondia e comentava o email. Isto me dava a sensação de que apesar de estar sozinha aqui nesta terra havia um grupo de pessoas lá, queridas que estavam neste barco comigo, me dando força nos momentos difícieis e também dividindo momentos de alegria.
Bom, com o tempo nem preciso dizer que a lista de 70 pessoas caiu para 12. E que destas 12 apenas umas 3 ainda lêem os meus emails. Antes quanto maior, melhor. Agora algumas pessoas, inclusive pessoas da família, disseram que os emails são muito grandes e eles tem preguiça ou não tem tempo para ler.
O que é que aconteceu??
Durante o tempo em que estive aqui sempre mandei cartões de aniversário, Natal, cartões postais, fiz ligações telefônicas via skype para diminuir a distancia entre eu e as pessoas queridas. Só que eu percebi que todo o esforço que estava fazendo não estava sendo correspondido. Não me entendam mal, eu não esperava em troca o que fazia, mas gostaria pelo menos de que as pessoas me mandasse pelo menos um emailzinho para tentar manter o contato...
Fiquei super decepcionada quando muitas amizades começaram a esfriar, esfriar até praticamente terminar. Uma das minhas melhores amigas que inclusive veio me visitar 2 vezes aqui na Califórnia simplesmente não entra em contato, nem responde email. Afinal, a vida está muito corrida...
Gente, a vida anda corrida para todo mundo, mas sentia que eu era a única desocupada do mundo que tinha tempo de ficar mandando email, ligando, escrevendo...
Sabem o que aconteceu quando eu simplesmente parei de correr atrás. Ninguém sentiu falta. Digo não sentiram falta porque muitos não me mandaram email nem perguntando se estou viva...
Claro que no meio desta multidão de amigos e conhecidos ficaram 2 amigos maravilhosos, que estão sempre me acompanhando, mantendo contado, escrevendo e ligando pra mim (e olha que eu tenho um número online com DDD de São  Paulo pelo skype, então o preço de ligação é local). Mas eu sinto que muitas amizades não passaram a prova do tempo e distância.
Até mesmo as amizades que fiz aqui nos EUA, quando retornaram para o Brasil entraram também neste distanciamento...
Sei que na nossa vida existem ciclos e que com eles muitas pessoas entram e se vão, mas sou uma pessoa que dou extremo valor para amizade. Eu tento carregar comigo as pessoas que eu amo, o máximo que consigo, por isto me dói perceber que não há interesse da outra parte em manter amizade e let it go.
Sei que quando ir ao Brasil, todos os meus ex-amigos que agoram se tornaram apenas conhecidos, entrarão em contato com suas listas de pedidos e irão querer me encontrar para "saber das novidades", mas me pergunto seu eu deveria gastar o meu tempo com estas pessoas.
E por ser este coração de manteiga que valoriza tanto sentimentos como amor, companheirismo, amizade, fidelidade, eu sempre choro quando por um motivo ou outro a playlist do meu ipod toca esta música...