Férias!

Tão desejada, tão almejada...
Terminei a última prova hoje de manhã e queria sair gritando pelo campus da faculdade de alegria...
Férias até 09 de abril, quando irei começar a contar as férias de verão que irão durar 3 meses!!!
A todas já deixo por aqui os desejos de uma Páscoa abençoada e principalmente para aqueles que moram nos EUA, não deixe o coelhinho da Páscoa e os ovinhos de chocolate apagarem o real sentido da Páscoa: Amor, Sacrifício, Vida Eterna através de Jesus!

Fui!!!!

Um ótimo jeito de começar a semana...

Saio de casa mais tarde, marido me dá carona até a faculdade porque meu carro ia para o conserto. (Além da minha batida na garagem, alguém fez o favor de bater no meu carro no estacionamento da faculdade.)
Passo o dia na faculdade utilizando todos os minutos que possuo adiantando lição de casa e estudando, já que semana que vem é semana de provas.
Mil coisas na cabeça, sogros chegam na quarta, muita coisa pra fazer.
Pego onibus de volta pra casa, tenho que caminhar 30 minutos até em casa e aí me dou conta no meio do caminho... que esqueci a chave de casa.
Bora sentar 40 minutos na frente de casa e  esperar o marido chegar em casa. Ainda bem que guardei algumas cookies que tinha levado de sobremesa, fome não passo.
A vontade de ir ao banheiro está "segurável".
Penso como seria bom viver num lugar onde os vizinhos se conhecem pois poderia estar tomando cafézinho com alguém neste momento, enquanto espero... mas estamos falando de Califórnia, ok?
Vamos pensar pelo lado bom.
Está frio, mas não está chovendo.
E eu decidi levar o laptop na mochila, o que quer dizer que posso ficar surfando na internet enquanto espero.
Acho que se não fosse por ele, alguém já tinha ligado pra polícia averigar o que uma estranha está fazendo sentada no degrau de uma das casas do condomínio.

Vivendo num lugar multicultural

Esta semana entreguei uma redação para uma das minhas aulas de inglês sobre como educar crianças em um ambiente multicultural. A professora ficou admirada com o meu trabalho, porém mais ainda quando eu disse que não tinha filhos. Como é que alguém que não tem filhos escreve sobre criação dos mesmos num lugar multicultural. Porque um dia eu os terei, ora bolas e desde já, quando eles não estão nem nos planos tento me educar sobre o assunto, porque sei que os desafios serão imensos.
Que os Estados Unidos é uma mistureba de culturas todos sabem, mesmo que não pareça. Só que alguns lugares são mais multiculturais dos que os outros. Principalmente nas duas costas, de forma acentuada nas regiões de San Francisco e New York pessoas das mais diversas culturas e origens dividem o mesmo espaço.
Isto é bom? Na maior parte do tempo eu digo que sim, mas claro que nem tudo são flores.
Em primeiro lugar quando você convive com pessoas diferentes, que pensam, acreditam e vivem de forma diferente de você, automaticamente e indiretamente os seus próprios valores e conceitos são confrontados. Lembro que quando mudei-me para os Estados Unidos, comecei a analisar e questionar a forma como os americanos vivem e como eu vivia. Aprendi muita coisa, muita coisa deixei de lado porque não é para mim, não combina com os meus valores e estilo de vida. É natural, é saudável. Viver dentro do casulo e dizer que nunca muda, nunca mudará e sempre será assim não é melhor atitude, já que independente de onde moramos, o que fazemos e como vivemos, estamos em constante mudança.
Como disse acima, gosto muito de morar num lugar multicultural. Apesar de ter muitos brasileiros na minha região, eu não faço parte da panelinha. Não é atitude esnobe, ou rebelião,  nada disso. Talvez falta de oportunidade, talvez desinteresse. Não converso com pessoas e tento fazer amizades por causa de nacionalidae, mas por afinidade. E muitos dos brasileiros que encontrei por aqui nasceram no mesmo país do que eu, e esta era a única coisa que tínhamos em comum.
E quanta coisa eu já aprendi por aqui por não conviver com pessoas apenas da minha nacionalidade, por ter curiosidade e conversar com pessoas diferentes, de lugares diferentes. Fico fascinada como uma pessoa é um mundo inteiro a ser descoberto e fico maravilhada principalmente que apesar de não termos o mesmo idioma e não dividirmos a mesma crença e costumes algumas vezes, somos em essência o mesmo e buscamos o mesmo.
Aprendo demais com meus colegas de faculdade, mesmo aqueles chatos que nunca concordam com nada. Cada um tem uma história, um ensinamento e eu estou sempre pronta para aprender com eles. Tento também ser uma boa referência como brasileira. Dizer a verdade sobre o nosso povo e sobre o nosso país, sem exageros, sem muitas críticas. Já tive que rodar a baiana algumas vezes quando algum desinformado vem com aquelas idéias pré-concebidas sobre nós, como a velha idéia de que somos índios e vivemos na selva. Lembro que uma vez os meus colegas asiáticos ficaram de boca aberta quando mostrei o Brasil no mapa. "Nossa, não sabia que o seu país era tão grande!". A gente sempre aprende algo novo, basta estar aberto para isto.
E foi assim que eu também aprendi a experimentar comidas diferentes antes de entortar a boca e dizer "ECAAA". E com a facilidade de encontrar comidas autênticas por aqui, já que há uma variedade imensa de nacionalidades na Bay Area, sou abençoada com a opotunidade de fazer a volta ao mundo em restaurantes pelas redondezas. Antigamente eu comia muita comida tailandesa e mexicana. Agora aprendi a comer comida indiana, grega. Já experimentei um pouco de chinesa, coreana. Eu experimento de tudo, quer dizer, quase tudo. De vez em quando dá uma vontade maluca de comer comida brasileira, mas não sinto aquela vontade de comer arroz e feijão todos os dias. Acho que nem conseguiria me adaptar a esta rotina novamente. As vezes descrevo as comidas para amigos e família do Brasil e eles soltam o famoso "ECAAAAA" sem nunca terem experimentado. Acho que recebi o espírito de aventureira da minha mãe, que quando me visitou experimentou absolutamente tudo. E além da brasileira, claro... comida italiana sempre!
Outra coisa que sou apaixonada são as línguas. Algumas mais do que as outras, mas se eu pudesse, viveria estudando idiomas. Fiz uma classe de espanhol e outra de francês e fiquei apaixonada. Quem sabe quando tiver mais tempo.... mas acho engraçado que aqui é tão comum entrar no ônibus e ter instruções escritas em inglês, espanhol, vietnamise e chinês. Alguns lugares tem coreano também. Algumas pessoas não gostam desta mistura de idiomas, acham que somente o inglês deveria ser usado em todos os lugares. É um assunto super polêmico, do qual eu não tenho uma opinião completamente formada.
Alguns colegas dizem que é muito chato morar aqui. Principalmente os chineses, coreanos e vietnamises. Porque estas comunidades são grandes na região, então eles podem falar a língua deles o tempo inteiro, encontram pessoas da mesma nacionalidade em todos os lugares. Pra eles, é como se não tivessem saído do países dele, o que perde o sentido de viver uma nova cultura.
Entendo a situação deles. Quando morava em New Jersey, tinha uma cidade com uma comunidade brasileira muito grande e eu me sentia no Brasil. É muito estranho mesmo.
Ao mesmo tempo que é tão bom viver nesta mistura, as vezes é um lugar muito solitário também. As pessoas de cultura diferentes interagem de formas diferentes e pode ser um impedimento para se fazer amizades. É muito mais complicado do que se parece. Palavra de quem vive na pele esta situação. E acho que estas é uma das razões pelas quais você vai perceber que geralmente o pessoal da mesma nacionalidade criam grupinhos. Aí se você é diferente fica de fora...
Uma coisa que detesto é o preconceito que ainda existe, principalmente de alguns americanos cabeça fechada. Gente, o país foi criado e desenvolvido por imigrantes! Que eu saiba os americanos não são descendentes diretos dos "Native Americans", certo? Eles são descendentes dos europeus, asiáticos, africanos, blábláblá... então porque que ter preconceito com os imigrantes? Nem vou entrar na questão de imigração e de empregos, mas de aceitar pessoas ao redor que continuam cultivando sua própria cultura e língua. Nem todo mundo que vem para os Estados Unidos se tornarão americanos. Americanizados pode até ser, pois o ambiente onde vivemos tem uma grande influência nas nossas vidas, quer gostemos ou não.
Pros meus amigos do Brasil, eu estou americanizada. Pra mim, estou aberta a novas culturas, novos conhecimentos. Aprendi a pensar "outside de box", saí da minha bolha onde morava. A gente não sabe que vive numa bolha até quando temos a oportunidade de sairmos dela. Só assim me dei conta de quem eu era, o que pensava, como vivia, no que acreditava.  Não sou melhor do que ninguém, como não acredito que ninguém é melhor do que eu, só porque tem vários carimbos no passaporte. Não adianta viajar e apenas visitar os lugares, olhar as coisas da mesma forma. É preciso aprender a respeitar acima de tudo, o indivíduo e saber que nem ele e nem você é melhor do que o outro, ou mais inteligente ou mais bonito ou mais nada. Somos todos iguais e ponto final, quer você goste ou não. E nem precisa sair do país para sair da bolha. Mudar de cidade, de bairro, de estado e você vai ver a diferença.