"Wake me up when September ends..."

Obrigada a todas que deram opinião sobre a situação dos hóspedes, foi de muita ajuda e muito interessante ler e saber como as pessoas tratam os hóspedes em suas casas e como agem como hóspedes.
A estadia da minha amiga aqui foi muito bom e de uma importância enorme pra mim, mas depois que ela foi embora ficou um vazio.
Aos poucos eu e meu marido tomamos a nossa rotina e me dá tristeza só de pensar que no final de setembro começam as aulas na faculdade, que neste trimestre estarão mais puxadas e serão todos os dias! Não vejo a hora de me formar, esta é a verdade.
Ainda não recebi a notícia que estava esperando no começo de agosto, mas tenho fé que receberei em setembro, assim que eu tiver uma resposta positiva eu conto o que é e a minha saga para conseguir esta resposta.
O post está um pouco melancólico, mas é assim que estou me sentindo no momento. Em breve volto com mais notícias sobre o verão não tão quente do Norte da Califórnia.

A nossa hospitalidade brasileira...

Cresci na periferia de São Paulo. Uma casa modesta, que não tinha (e até hoje não tem) uma sala de estar. Eram 2 quartos, 2 banheiros um corredor e a cozinha. Desde pequena estou acostumada a ter a casa cheia de parentes, primos, amigos dos meus pais. A gente costumava ter uma festa na época do Natal em que grande parte dos meus tios vinham e a gente dançava forró até o pé cansar.
A minha família é grande e como nós brasileiros temos o costume de passar na casa de amigos e familiares sem avisar, a minha mãe sempre fazia mais comida do que necessário nos finais de semana porque era certeza de que alguém iria aparecer (e aparecia!). Foi com ela que aprendi o lema: "A casa não é bonita e é pequena, mas o coração é grande e sempre cabe mais um".
E aí eu vim parar na América.

Gente que choque!!!! A hospitalidade aqui nos Estados Unidos não é nada comparada com a hospitalidade que eu cresci e vivi durante a minha vida com a minha família. Isto é reflexo dos costumes e da cultura americana que são bem diferentes da brasileira, é um fato!

Não é com muita frequência, mas de vez em quando recebo alguns convidados aqui em casa. Amigos e família tanto meus como da parte do meu marido. E eu fico muito feliz! E acho que acostumada a ver a preparação da minha mãe quando era pequena, começo a preparar a casa para as visitas. :-)
Preparo menu, os passeios que faremos, limpo, organizo, e que satisfação de ter a casa cheia!

Quando conto para os meus amigos americanos que terei visita em casa, vejo muitas vezes eles virarem os olhos, achando uma loucura ter "tanta gente por tanto tempo" dentro da minha casa. É que os americanos prezam muito pela privacidade deles. Então parente e amigo ficar na casa deles, só em época de Natal e de Ação de Graças e olhe lá. Jamais você vai chegar sem ser convidado ou ter marcado na casa de um americano. É capaz dele fechar a porta na sua cara dizendo que no momento está ocupado e que não pode lhe atender.

E as festas? Todas elas tem um horário para começar e para terminar. Às vezes eles especificam (é, especificam) o traje que deve ser usado e se há necessidade de levar alguma coisa como salada, sobremesa, etc. Coisa de americano. Mas não julgo, algumas coisas acabei incorporando na minha vida. Hoje em dia, não me vejo mais tendo um ataque de espontaneidade e indo para a casa de alguém sem ter combinado antes. Acho que é uma questão de respeito.

Não importa qual é a sua cultura respeito tem que estar acima de tudo né? E tem gente que se aproveita da nossa boa hospitalidade brasileira para abusar um pouco.
Não sei se vocês já passaram por isto, mas por morar na Califórnia, o sonho de destino de viagem para muitos, já passei por umas saias justas e muitas pessoas ficaram de boca aberta com a forma como reagi em certas situações, e até começaram a dizer que eu estou muito americanizada( ou estou deixando de ser trouxa). Pois bem, vejam só:

Situação 1: Uma ex-colega de trabalho queridíssima do Brasil um dia entra no msn e diz que está com muitas saudades de mim e que pensa em ir me visitar. Lembrando que a casa não é só minha, mas do meu marido também, eu SEMPRE pergunto para ele se posso receber fulano ou siclano em casa (tirando família que são sempre bem-vindos, claro!) e ele olha na agenda pra ver se não estará fora da cidade, me pergunta sobre a pessoa e a relação que tenho com ela. A mesma coisa acontece do outro lado, ele sempre me pergunta se pode receber alguém em casa. Ele diz que por ele tudo bem, até esta amiga dizer que vai trazer a tira-colo o namorado mala dela. Veja bem, eu o conhecia muito bem. Ele era engenheiro na empresa onde trabalhava como estagiária e nem posso te contar quantas vezes o cara tentou me humilhar e fazer a minha vida difícil. Nunca me respeitou como profissional e como pessoa e agora... tcharam quer ser hóspede na minha casa? O que você faria?

Situação 2: Um casal de amigos durante a estadia deles aqui em casa  recusaram (educadamente) comer qualquer refeição conosco, afinal, eles não queriam nos dar trabalho nenhum. Saíam de casa 8 da manhã e só voltavam 10 da noite. Não fizemos nenhum passeio juntos, conversamos algumas horas antes de ir dormir e foram embora pra casa felizes cheio de sacolas, enquanto o meu marido ficou extremamente ofendido por eles terem ficado em nossa casa e não ter passado nenhum tempo consoco. Não aconteceu ainda, mas se eles se convidarem novamente pra ficar em casa a resposta será não. Nos sentimos usados, literalmente. E não quero que o meu marido fique chateado com uma situação destas novamente. E você o que faria nesta situação?

Situação 3: Amigo do meu marido que vem aqui em casa com certa frequência (2,3 vezes ao ano) e mora na Alemanha é muito, muito pão duro. Eu não me importo de cozinhar quando temos visita, afinal, se formos comer fora todos os dias, o nosso orçamento acaba furado e pra morarmos aqui, precisamos pagar contas né? Pois bem. Nas raras vezes que eu não estou com saco de cozinhar e vamos jantar fora, ele nunca oferece para pagar a conta. Gente, não quero que ele pague, acho justo cada um pagar a sua, mas sabe aquela coisa de pelo menos oferecer por educação? Não rola. E ele meio que fica na expectativa de chegar na nossa casa, abrir a geladeira e ter cerveja esperando por ele (nós não bebemos nada alcóolico em casa, mas compramos quando ele vem nos visitar). Não sei se é bom ou ruim, mas ele se sente tão a vontade em casa, que põe o pé no sofá, anda pela casa de pijama e reclama quando os ovos mexidos que eu faço passa sempre do ponto e ficam seco!

Situação 4: Aquele conhecido que nunca mais falou com você, acha o seu email e te manda um email dizendo que tá morrendo de saudades e que está planejando me visitar na época tal. E já diz no email que não vê a hora de conhecer a minha casa e passarmos tempos juntos, colocando as fofocas em dia. O que responder?!

Bom, depois de passar por todas estas situações eu aprendi a ser seletiva. De verdade. Amamos receber nossas famílias e amigos aqui em casa, mas também aprendemos a dizer não. Hotel é caro aqui na Califórnia e a gente infelizmente sabe que a vontade de algumas pessoas é ter acomodação gratuita, que inclua refeições e internet rápida e claro, um tour especializado dos locais, sem precisar pagar gasolina, pedágio e estacionamento. Hospitalidade tem limite e eu encontrei a minha. E aqui foram as respostas das situações acima:

Situação 1 - Resposta: Disse para a minha querida ex-colega de trabalho que ela era muito bem vinda na minha casa, mas que o namorado dela não era. Se ela quisesse, eu passava uma relação de hotéis próximos da minha casa onde ele poderia se hospedar. Ela achou que fui grossa e não tive consideração por ela, disse que ele mudou e blábláblá. Eles nunca vieram pra Califórnia, não que eu saiba, e engraçado... ela nunca mais mandou email pra mim...

Situação 2 - Resposta: Bom, não teve resposta. Depois do incidente  fiquei sem falar com eles um bom tempo e fiquei ainda mais chateada quando mandei 3 emails e eles não responderam. Engraçado que quando estavam planejando a viagem, me ligavam do Brasil 4, 5 vezes na semana. Acho que nem preciso dizer mais nada...

Situação 3 - Resposta: Ele ainda vem em casa, mas quando ele vem não compramos mais cerveja. SE ele quiser, pode ir até o mercado e comprar o que ele gosta. Uma vez ele disse que queria vir pra cá a trabalho, ou seja, a empresa estava pagando a viagem, mas ele queria hotel grátis pra ficar com o dinheiro das diárias. Dizemos que estávamos fora da cidade e ele ficou em um hotel. E fomos para outra cidade, 10 minutos da nossa casa :-). Acabamos encontrando com ele para jantar, mas cada um pagou a sua conta e o problema foi resolvido. Agora pra me agradar, ele sempre está trazendo chocolate :-).

Situação 4 - Resposta: Nem preciso dizer que esta foi  fácil. Mandei pro meu conhecido uma relação de albergues da juventude com precinhos de diárias bem camaradas em San Francisco. E falei pra ele quando viesse pra cidade, pra me avisar e nos encontrarmos por lá.

Assim como a casinha da minha mãe, a minha casa sempre estará de portas abertas para aqueles que amo, mas para os aproveitadores, eu fecho a porta na cara, sem dó! Que eu saiba em frente a minha casa tem apenas um número e não uma placa dizendo: Acomodação gratuita.

E por falar em hospedagem, nas próximas semanas ficarei ausente do blog por conta de viagens e estarei recebendo a minha melhor amiga aqui em casa, estou que não me aguento de felicidade!

Depois volto para contar as novidades deste mês de agosto que promete muito!


Muitas expectativas...

Uma semana cheia de expectativas. E eu só peço a Deus para preparar o meu coração para receber as notícias que estou esperando.

Ahhh... como a grama do vizinho é verdinha!!!

Este post não é sobre jardinagem.
Somente depois de morar nos EUA é que entendi que para se ter uma grama verdinha dá muito trabalho. É preciso regar muito bem a grama durante os meses quentes do ano, cortá-la semanalmente, colocar adubo, às vezes replantar antes do inverno para que ela germine e cresça novamente na primavera. Qualquer pessoa pode ter um gramado bem verdinho, é preciso apenas tomar os cuidados necessários. Leva tempo. Custa dinheiro. Dá trabalho.

Lendo o post da Gisley (Querido Deus, obg por me exportar) esta semana me deu uma vontade de falar sobre um assunto que acho que tem relação com este post e que me fez lembrar de uma época da minha vida em que eu sempre ficava admirando a grama do vizinho verdinha e me perguntava porque o meu tinha aquela grama marrom.

Não gente, eu não ficava invejando a grama alheia, ou o que as outras pessoas tinham. Só que ficava comparando a minha vida com a vida de outras pessoas e ficava tentando entender porque eles tinham coisas que eu não tinha e porque eu não era tão bem sucedida como eles. Eu queria achar as respostas do sucesso alheio, quando tudo estava bem ali na minha cara: páre de comparar a sua vida com a dos outros e faça alguma coisa pra mudar o que não gosta na sua.

Se não há receitas para a felicade eu posso te dar uma receita garantida para ser infeliz: Comparar a sua vida com a de outras pessoas.

Isto sempre vai te dar uma frustração enorme, porque o outro sempre parece ter algo que você não vai conseguir alcançar. Só que a gente só vê o exterior, o resultado final...

Ninguém pára para pensar que para ter um corpo bonito e saudável, aquela amiga teve que abrir mão dos docinhos e acordava 5:00 da manhã todos os dias para ir fazer exercício na academia. A gente só vê a amiga esbelta e fica perguntando como é que ela conseguiu emagrecer em tão pouco tempo...

Ninguém vê aquela pessoa gastando o seu sábado a tarde estudando inglês e fazendo trabalho da faculdade, cansada e frustrada porque não pôde comparecer ao churrasco dos amigos. A gente só vê aquele conhecido indo trabalhar de manhã de terno e gravata naquela empresa super conceituada e a gente se pergunta quem é que ele conhecia naquela empresa pra arrumar um emprego tão bacana, sendo que o emprego foi resultado de seu esforço próprio...

Sinceramente eu acredito que nós possuímos uma força incrível para superar dificuldades e fazer sonhos se tornarem realidade quando temos FOCO.

Durante muito tempo perdi preciosos momentos da minha vida tentando entender o porquê das coisas, principalmente quando as coisas davam errado na minha vida. Passei anos tentando superar desilusões amorosas, entender porque não apertei o botão salvar da prova online que me daria um resultado ótimo de uma certificação e um emprego garantido... Ficava remoendo emoções e situações que traziam uma tristeza e amargura tão grande pro meu espírito só porque eu queria entender o que levou fulano a fazer ou falar tal coisa pra mim.  Entenda que não era uma pessoa amarga ou pessimista para os outros, muito ao contrário, era totalmente o oposto. Porém, era prisioneira do  meu  passado, acorrentada com pessoas que me trouxeram a dor e desilusão.

E aí começava a olhar a grama alheia e tentava  entender o porque eles eram mais felizes do que eu,  tão mais bem sucedido profissionalmente,  fisicamente e emocionalmente... ahh se eu fosse como fulana a minha vida seria tão mais fácil. Mas eu não sou fulana. A minha vida é diferente dela, os meus valores, a minha experiência. Comparando a minha vida com a de outras pessoas, eu sempre saía perdendo, porque eu só via as coisas boas da vida do outro, não via que cada um deles haviam percorrido uma trajetória, que também haviam problemas. Porque a gente só enxerga a grama verde, não vemos o vizinho acordando de manhã para regar, cortar e adubar o gramado.

Então um dia eu tomei uma decisão. Após o pior "pé-na-bunda-sem-motivo" (depois eu achei os motivos) da minha história, 8 kilos a menos, ameaça de perder o meu emprego porque a insônia estava interferindo no meu rendimento eu tomei rédeas da minha vida. E prometi pra mim mesma que eu faria tudo o que EU poderia fazer para alcançar o meu objetivo.

Deus sem dúvida foi a minha maior força, inspiração, suporte, amigo. Sem Ele não poderia ter feito e alcançado nada o que fiz, mas EU tive que tomar a decisão de cuidar de mim. E corri atrás do meu sonho. Um sonho que eu tinha enterrado dentro de mim, mas que ressurgiu com uma força assutadora. Os obstáculos vieram no meio do caminho, mas fui persistente. Tive medo? Sim! Fui criticada e desencorajada? Sim, por aqueles que eu mais confiava e amava, mas mesmo assim não desisti.

Fiz o que estava ao meu alcance, aos poucos. Estudei, trabalhei, superei medos. Corri atrás. E isto não me dava tempo de ficar comparando com o que fulaninho ou siclano estavam fazendo com suas vidas. E aí os resultados começaram a surgir. Terminei o curso de inglês, me formei numa faculdade que muitos acharam que não ia dar conta... criei coragem, fiz as malas e fui rumo ao desconhecido. Literalmente.

E as alegrias foram muitas, mas muitas as tristezas também. Foi longe de casa que eu aprendi quem eram meus verdadeiros amigos, mas também foi longe de casa que aprendi quem era a verdadeira Eliana. O que eu realmente queria fazer, o que eu realmente sentia. Era libertador e assustador ao mesmo tempo. Muitos me chamaram de rebelde, de louca, outros de heroína. Foi tudo muito lento, mas tão necessário.

Assim de longe, atrás de emails, telefonemas e fotos as coisas boas eram evidentes e a minha grama passou a ser a mais verde da vizinhança. Mas ninguém viu a solidão, o medo, as incertezas, os sapos engolidos, os momentos de dúvida, de raiva, de angústia. Ninguém viu as noites perdidas em meio às lágrimas por causa da SAUDADE!

Ninguém é melhor do que ninguém. Temos histórias de vidas diferentes, experiências, aprendizados, dores e alegrias diferentes. Podemos aprender muito uns com os outros, mas fazer qualquer comparação entre pessoas e situações é sempre algo injusto e perigoso. E totalmente nocivo para a sua própria felicidade.

Demorou alguns anos, mas aprendi a minha lição. E se alguém me perguntar qual o segredo para ser feliz e buscar felicidade, independente do que você queira conquistar, a minha resposta será: 

Confie em Deus. Dê o seu melhor sempre, e não compare a sua vida com a de outra pessoa.

Funcionou pra mim.

E você? Qual a sua receita pra ser feliz?