Até 2014!!!

Chegou novamente aquela época do ano de olhar para trás e ver tudo o que aconteceu durante o ano e fazer milhões de planos para o ano que se aproxima.
Aproveitei muito o começo de dezembro para ver decorações de Natal pela cidade, participar do musical de Natal da igreja e ir à San Francisco para ver o Santa Con - o encontro de muitas pessoas vestidas de Papai Noel/ Mamãe Noel/ Elfo/ Rena / Árvore de Natal com o único intuito de ir de bar em bar encher a cara... tinha todo tipo de papai noel, até 2 pelados que só tinha um chapéu na cabeça... coisas que a gente só vê em San Francisco...
A cidade está bem enfeitada e a casa de biscoito de gengibre de 2 andares estava linda no hotel Fairmont. Ai que cheiro maravilhoso dentro da casa, uma vontade de morder um pedaço daquela casinha!
Mas enfim, com uma semana para a chegada do Natal, sei que ficarei na correria e provavelmente só irei retornar por aqui em 2014... sou muito grata a Deus por tudo de bom que aconteceu em 2013, emprego novo, amizades novas, a oportunidade de estar ao lado de amigos e família e boa saúde!
O que espero para 2014 é muita, muita saúde!
Um bom Natal a todos e um ótimo 2014!!!

Quando olho para o mundo...

... enxergo um mundo carente de amor.
Uns dias atrás li um post curtinho, mas sobre um assunto tão verdadeiro e tão profundo no blog da Bah sobre ser gentil com outras pessoas porque a gente não tem a menor idéia do que eles estão enfrentando...
E pra ser sincera, ser gentil, dar bom dia, respirar 10 segundos a mais pra não dar resposta mal-educada, ajudar, doar seu tempo ou dinheiro, ligar, escrever uma carta, dar palavras de consolo ou simplesmente emprestar um ouvido... as pessoas estão carentes destas coisas, porque neste mundo em que vivemos parece que tudo é tão focado no eu, eu eu eu eu eu eu e na perfeita imagem das redes sociais, que há muitos por aí escondendo por trás de um sorriso uma dor imensa que está prestes a ser dividida com aquele que ao menos parar um minuto para perguntar e escutar a resposta do: "Como você está?".
Quando eu tiro o foco da minha dor e estendo a mão para a pessoa que está próxima de mim, sinto que de uma forma ou de outra as minhas necessidades são supridas e também  acabo sendo enriquecida com histórias de vida, lições de garra e superação que jamais seria descobertas se eu continuasse olhando pra mim mesma e pros meus problemas.

Como trazer a mãe pros States e não enlouquecer (pelo menos tentar não enlouquecer)

Depois que escrevi o post sobre a visita da minha mãe, algumas pessoas me perguntaram se haviam dicas para quem está trazendo os pais que não falam inglês para visitar.
Esta foi a segunda vez que a minha mãe veio, mas na primeira vez fiz tudo exatamente igual (com a exceção de que eu mandei um telefone pré-pago baratinho via correio pra ela) e ela se sentiu segura para viajar.
As dicas que a minha mãe disse que ajudaram muito foram:
  1. Expliquei 200 milhões de vezes pra ela o que iria acontecer entre o momento de check-in no Brasil, até nos encontrarmos. Na verdade eu escrevi um papel como se fosse um manualzinho de instruções passo a passo o que iria acontecer, passando pela segurança, avião, passar pela imigração, pegar as malas, passar pela alfândega, despachar as malas novamente (ela iria fazer conexão). Entreguei o papel um mês antes da viagem e pedi para que ela lesse e ela foi tirando as dúvidas que tinha, e eu fui explicando melhor o que ia acontecer. Não elaborei muito com os procedimentos senão fica muito confuso (ela nunca tinha nem entrado em um avião).
  2. Criei um vocabulário do aeroporto com as palavras e expressões que ela iria precisar. Ela não fala inglês, mas das duas uma: ou ela apontaria a palavra pra alguém que a ajudaria ou ela ia lendo as palavras nas placas e ia se direcionando. Pra vocês terem uma idéia de como funcionou ela até hoje sabe que baggage claim é onde pega as malas e pra sair do aeroporto ela tinha que seguir aquela plaquinha. Ela não aprendeu inglês, mas ela conseguiu ler e  navegar com tranquilidade. No caso dela, como é diabética, escrevi algumas frases importantes pra ela como pedir água para tomar remédio, perguntar se as coisas eram diet, etc.
  3. Peguei os formulários da alfândega na internet e preenchi um modelinho pra ela. Graças a Deus agora não precisa preencher o I-94, então uma coisa a menos pra se preocupar. Ela já tinha os dados então foi só copiar no verdadeiro o que já tinha escrito :-)
  4. A famosa cartinha para a imigração com os meus dados, o tempo de estadia dela grampeado com o itinerário e dizendo que ela não falava inglês. Na primeira vez que ela passou pela imigração o oficial falou em espanhol, na segunda ele chamou uma intérprete que trabalhava no aeroporto e conversou em português com ela.
  5. Peça assistência com a companhia aérea. Na primeira vez estava tão apavorada com a idéia da minha mãe se perder que liguei para a companhia explicando que ela não falava inglês e que iria precisar de assistencia. Tinha uma pessoa esperando ela com cadeira de rodas (expliquei pra ela que isto iria acontecer pra ela não se apavorar!) e ela só precisou sentar e ser levada para o portão de embarque. Na segunda vez ela até dispensou a cadeira, mas se a pessoas é idosa, tem algum problema de saúde é uma boa idéia, além do mais terá prioridade para embarcar e também terá alguém para auxiliar com malas.
  6. Lembre do peso das malas e diga para trazer apenas o essencial. Aqui pode-se comprar ou usar o shampoo, condicionador, creme da casa então falei pra ela não trazer estas coisas.  A mala chegou vazia e como sempre, foi uma novela para fechá-la!
  7. Se a pessoa toma remédios diga para trazer a receita médica só por precaução. A minha mãe trouxe remédios para a estadia inteira dela, mas caso precisasse ou acontecesse algo, tínhamos as receitas dela aqui.
  8. Confie em Deus. É sério... eu morri de preocupação com a minha mãe, mas Deus é tão bom que sempre envia anjos para ajudar e foi o que aconteceu nas duas viagens dela. Sempre tem uma pessoa de bom coração que ajuda os inexperientes com viagem. :-) 
Acho que estes foram as coisas principais... tá certo que eu na minha loucura imprimi mapa do aeroporto e fui desenhando setinhas onde ela iria com números de identificação (imigração, baggage claim, escada, etc, etc) mas isto é loucura minha. Acho que o mais importante é passar segurança para eles de que não é um bicho de sete cabeças e que dá para se virar mesmo não falando o idioma. 
A todos que irão receber estas queridas visitas, aproveitem muito! O tempo passa tão rápido, a minha mãe retornou ao Brasil no começo da semana e já estou morrendo de saudades :-).
 E quem quiser os modelinhos da minha explicação e do vocabulário só pedir que envio por email, o meu endereço está no meu perfil :-)

"Se você não se cuida, você não se ama."

Este sábado fui à cabeleleira. E como sempre, ela joga a conversa de que eu precisava pintar o cabelo para esconder os fios brancos, porque afinal, mulher tem que se amar e se cuidar.
Vou levar em consideração que ouvi a frase de uma pessoa que ganha vida fazendo transformação na cabeleira dos outros, mas olha, eu fico meio brava quando alguém vem com este papo que se você não se cuida, você não se ama. Quer dizer que pelo simples fato de que eu assumo os meus cabelos brancos eu não me amo? Ou porque eu continuo contra a moda do alisamento/relaxamento e afins e assumo com orgulho os meus cachos naturais e nem sempre tenho tempo de fazer e pintar as unhas eu não me amo?
Não ando por aí maltrapilha e descabela, que fique bem claro, e admiro bastante as pessoas que fazem a maior produção de visual e se arrumam super bem, mas só porque eu não tenho o visual da Kim Kardashian e o cabelo daquela atriz que está fazendo sucesso na Globo, não venha me dizer que eu não me cuide e não me ame.
Cada um tem a rotina de beleza que gosta e pode e acho que ninguém tem o direito de julgar a outra pelo excesso ou falta de "cuidados consigo mesma". Percebo que aqui nos EUA as mulheres tem quase que uma obsessão com aparência, meninas bem novas já vão para a escola com maquiagem super pesadas e a mulherada tem pavor de um acontecimento natural que irá atingir todos os mortais: envelhecimento.
Mas por favor, não pensem que eu seja contra estas coisas de mulher, não sou! Gosto de ver sites de maquiagem, cabelo e até ver algumas dicas de moda e beleza, mas sinto que tem algumas coisas que simplesmente não são pra mim. Talvez seja porque nunca tenha tentado de verdade ser "mais feminina", pela preguiça ou sei lá, é uma coisa que não me atrai e talvez um dia mude, mas estou contente do jeito que sou, pelo menos a maior parte do tempo.
Acredito que sim, se você se ama você vai cuidar melhor de você mesma, mas isto não significa apenas da sua aparência. Se cuidar significa afastar coisas que faça mal ao seu corpo, a sua mente e ao seu espírito, isto inclui pessoas que não te fazem bem, fofoca, mentiras, vícios, etc, etc, etc. E é este tipo de cuidado que mais tenho buscado pra mim. Quem sabe quando a reforma interna terminar a de fora também não recebe uma transformação? Mas dos cachos, eu não me desfaço de jeito nenhum!

Mãe da Paulistana na Califórnia...


Os dias que antecederam a viagem dela até aqui foram super estressantes pra mim, e exatamente como da outra vez, quase tive um troço de preocupação em como ela iria se virar do aeroporto de Guarulhos até aqui sozinha, sem falar uma única palavra em inglês.
 Sei que muitas pessoas passam por situação semelhante quando os pais viajam pra cá, mas conselho de amiga, tenta relaxar porque enquanto eu fiz mapa de aeroporto, glossário dos termos, bilhete com meu número de telefone e um roteiro do que ia acontecer passo a passo do check-in em Guarulhos até o nosso encontro em San Jose, a minha mãe nada boba tratou de "fazer um amigo" no avião que a ajudou a preencher papel da alfândega - o formulário I94 não é mais preenchido  - e a ajudar a passar pela imigração.
Na primeira vez o oficial conversou com ela em espanhol e ela tinha certeza de que era uma pessoa bilíngue porque conversou com ele com sucesso. Agora uma tradutora que trabalha no aeroporto foi chamada e ela não teve nenhum problema também. Acho que eles nem leram a cartinha que escrevi...
O único momento "susto" foi quando ela desembarcou em San Jose e tinha certeza de que eu estaria esperando por ela ao sair do avião, mas isto porque quando ela foi embora na última viagem eu requisitei um "Gate pass" e a companhia na época, Continental, emitiu como se fosse uma passagem pra passar pela segurança do aeroporto e levá-la até seu portão de embarque. Mas ela que não é nada boba, viu que todo mundo continuava caminhando e lembrou que nos encontraríamos perto das malas e foi seguindo as placas para "baggage claim"- e fico feliz por ter feito o glossário pra ela!!!
Então quando ela passa bela e formosa direto pela saída, eu a avisto e grito: "Mãããeeeeee" e ela se volta e me vê, assim como todos os outros passageiros e seguranças do aeroporto naquele momento :-).
E cada momento desde aquele abraço apertado é um momento tão gostoso, tão especial, mesmo que seja só ficar assistindo televisão ou ir fazer compras no supermercado local. Porque a percepção dela do novo é encantador e interessante e me faz relembrar as minhas próprias experiências como recém-chegada.
E fico torcendo para que os dias passem bem devagarzinho, não só para aproveitar a comidinha gostosa, mas para ter a oportunidade de abraçar apertado, de ver o sorriso dela,  ouvir as lições que mãe sempre está pronta para dar e ouvir as broncas de que eu não estou comendo direito e que eu devo subir pro escritório pra trabalhar ao invés de ficar batendo papo com ela. E fico me perguntando porque é que quem tem ela por perto não aproveita do mesmo jeito, não dá a atenção que ela merece, a paciência e o amor que ela precisa.
Ainda tenho algumas semanas com a presença dela e tenho tentado aproveitar ao máximo, pulando da cama ao ouvir ela andando de pontinha de pé pelo corredor pra ir ao banheiro porque ela sabe que se eu souber que ela está acordada eu também vou levantar, mesmo estando exausta do dia anterior até a hora de dormir.
E aproveito a oportunidade para ensiná-la algumas receitas e truques de dona de casa e ensiná-la a usar o tablet pra entrar neste mundo que ela só ouviu falar de internet/Facebook e pular de alegria e dar gargalhadas ao escrever email e "fazer amigos no Face" como ela costuma dizer. (pois é, que ironia do destino, mas ela estava tão empolgada que não posso dar minha visão sobre o bendito)
Sou grata a Deus tanto por esta oportunidade e espero que muitos destes momentos continuem a existir e que quando eu chegar aos meus 57 anos, eu continue com esta curiosidade e coragem pra viver novas experiências e experimentar a vida com bom humor e alegria, apesar dos pesares.
E juro que queria ser uma mosquinha pra ouvir a conversa dela com suas amigas e conhecidas sobre as coisas que ela viu e viveu aqui...

A rebelde sem causa. Será mesmo??

Sim, me desconectei do Facebook. A princípio temporariamente, mas pensando seriamente em uma medida permanente. Os motivos são basicamente 3:
  1. O Facebook me deixa deprimida. Sim, deprimida. Pra colocar de uma forma bem simples, a vida perfeita de comercial de margarina ou do trailer do filme curtindo a vida adoidado faz a minha vida normal parecer pior do que realmente é, menos interessante do que é. Querendo ou não rola a comparação e começo a me julgar e questionar todas as decisões que tomei na vida, porque afinal, parece que todo mundo está no rumo certo, menos eu.
  2. Cansada do contato superficial das pessoas. Hoje em dia é muito fácil curtir um comentário e uma foto, ler notícias (que foram friamente calculadas e selecionadas) em posts no facebook do que sustentar uma conversa franca e sincera, pra saber como a vida realmente está e como você se sente. Depois do meu post de despedida não recebi nenhum email ou ligação pra saber como eu estava, o que estava acontecendo. Afinal, a vida é corrida, ninguém tem tempo pra estas coisas. Mas todos encontram tempo pra ficar navegando e interagindo no mundo facebookiano. 
  3. Respeito com usuário e sua privacidade. Este foi o motivo número 1 de ter abandonado o facebook há 2 anos. As políticas de privacidade do site estão constantemente mudando e não para melhor. O que mais me irrita é que quando uma modificação é feito é sempre o usuário que tem que correr atrás pra fazer modificações para manter a privacidade de informações.
Pronto, desabafei. Me chame de rebelde sem causa, tudo bem. Eu preciso de amigos de verdade, não de uma lista com nomes e sorrisos de pessoas que só estão interessadas nas "novis" da minha vida.

Onde fica o paraíso?

Quando penso em paraíso, um lugar vem a mente: Hawaii. O lugar é lindo, o clima é ótimo e o lugar inteiro tem uma "vibe" muito diferente de qualquer outro lugar que já estive. As pessoas são amigáveis, tranquilas, ninguém tem pressa, stress, até mesmo os turistas parecem ser mais amáveis uns com os outros. E sempre brinco com o meu marido de que se as coisas não derem certo pra gente aqui, vamos vender a nossa casa e vender água de coco por lá. Vida perfeita... mas será que morar lá é realmente esta maravilha????
Numa  estadia anterior, tive a oportunidade de conversar com uma jovem que trabalhava numa loja de café e tinha no pulso a tatuagem das ilhas que compõe o Hawaii. Ela disse que apesar de gostar muito daquele lugar, não via a hora de ter condições de sumir de lá, porque a vida era muito tediosa e ela tinha muitas ambições na vida, que jamais se concretizariam se ela continuasse  por lá. Confesso que esta não era a resposta que estava esperando de alguém que morasse naquele paraíso. Desde então fiquei intrigada e curiosa para saber de outras pessoas o que elas pensavam da ilha e de suas vidas. Tive a oportunidade de conversar com outras pessoas na última viagem por lá e achei muito interessante as diferentes perspectivas do Hawaii e de suas vidas.

A vendedora
Entrei numa loja para ver umas camisetas e puxei papo com a vendedora que aparentemente parecia entediada com a falta de movimento da mesma. Perguntei a ela se ela gostava de morar na ilha e ela falou que Big Island era um lugar muito melhor para se viver e mais tranquilo para criar filhos. Ela morou um tempo em Oahu, na capital Honolulu e ela disse que o trânsito de lá a deixava maluca. E falando sobre trânsito rimos e falamos sobre o trânsito de Los Angeles e ela comentou que foi visitar uma prima que morava lá e não conseguia entender como alguém que nasceu e cresceu na ilha conseguia viver naquela caótica cidade. A prima respondeu que tudo era questão de acostumar (e não é verdade para tudo na vida?). Ela disse que fica feliz em ficar lá 2 semanas e retornar para a tranquilidade da Big Island. Ela parecia que estava bem feliz, e entendo que a sua maior preocupação era a qualidade de vida, acima de tudo.

O sonhador
Um outro vendedor de loja, mas bem jovem disse que nunca tinha ido à Mainland (Estados Unidos continental), apenas viajado entre algumas das ilhas e ele falou que não tinha pressa nenhuma de fazê-lo porque era jovem e teria muito tempo pela frente. Agora ele estava oferecendo o que a vida tinha de bom e um dia ele sonhava em estudar sobre civilizações antigas e mitologia grega a coisa que ele me disse ser fascinado. Mas não tinha pressa para que isto acontecesse. Ele falou com uma leveza e um brilho no olhar tão grande sobre seus planos que me deixou encantada!

O aposentado
Ele nasceu e cresceu na ilha do Hawaii e mudou-se para New York City quando casou-se por volta dos 20 anos de idade. Ele gosta muito da beleza da ilha, mas disse que para "fazer dinheiro" ali só se plantasse e vendesse maconha e por isto ele foi embora sem olhar para trás. New York é onde as coisas acontecem e onde ele pôde trabalhar e ganhar bastante dinheiro e agora, quando ele é aposentado pode desfrutar de 1 mÊs de férias naquele lugar maravilhoso e quando começa a se sentir entediado, volta para o buzz de New York. Perguntei se ele tinha vontade de voltar a morar lá e ele disse não, de jeito nenhum, ali é só lugar para férias mesmo.

Fiquei um tempão pensando nestas pessoas e na maneira como elas estão conduzindo a vida delas. Quantas vezes eu já me peguei como eles: grata pelo o que tenho, sonhando com o futuro e deixando para fazer algo prazeroso depois... e todos estes estilos de vida são bons, não há nada de errado com eles, mas cada um tem os seus riscos também e vale a cada um avaliar que tipo de vida quer levar...
Sinceramente eu tenho medo da filosofia : vou economizar ao máximo agora para aproveitar a vida depois, porque quando estamos mais velhos geralmente começam a surgir os problemas de saúde e também quem é que tem a garantia de que eu vou ficar velhinha para desfrutar da vida?? Acho que temos que ter um equilíbrio entre a prudencia para prover para o amanhã e aproveitar o momento, o hoje porque esta é a única certeza de que temos. E nenhum lugar do mundo é o paraíso se você não o enxergar como tal.A diferença está sempre na nossa atitude em como encaramos os desafios, a vida, nossas limitações e as nossas conquistas também.

2 semanas depois...

Nem dá para acreditar que 2 semanas se passaram desde que comecei a trabalhar. A primeira semana foi complicada, porque tive treinamento que foi super cansativo e o tempo inteiro fica aquele medinho se realmente está fazendo a coisa certa. A avaliação chegou e disse que estou indo bem e pra continuar neste ritmo. O problema é que como trabalho o dia inteiro em frente ao computador, quando termino o trabalho desligo e não quero ficar mais em frente de nenhuma tela, seja computador, televisão ou celuluar... o que é bom porque vai me empurrando para fazer outras atividades que gosto muito como ler e ir caminhar com o meu marido.
E depois destas duas semanas de trabalho, eu comecei a pensar na minha vida profissional e milhões de perguntas começaram a rodear a minha cabeça e eu fiquei em dúvida se estou tomando o caminho certo ou não. O problema é que estou bem feliz e tranquila com esta vida "alternativa", ou seja, que não é comum para a maioria das pessoas que me conhecem e eu sinto uma pressão (não sei se é verdadeira ou coisa da minha cabeça) de que eu deveria estar trabalhando em tempo integral, fora de casa, numa empresa grande e ganhando salário de gente grande. E aí eu penso se estou me contentando com pouco ou se isto é bom pra mim e pronto.
Outra dúvida que tem martelado muito a minha cabeça é sobre a minha gradução que está pela metade... eu me recusei a continuar estudando se eu tivesse que pagar como não-residente já que é 10x mais caro do que um residente paga. Mas aí penso se vale a pena pegar um diploma de "tecnóloga" quando já tenho bacharelado, ou se vou procurar um mestrado ou curso de especialização. Tudo tem os prós e também os contras, o problema é que talvez esteja tentando prever o que será melhor e mais útil no futuro, mas não consigo decidir o que fazer.
De qualquer forma, hoje o marido comprou um bilhete da loteria e quem sabe, eu não preciso pensar em mais nada, só no que fazer com alguns milhões na minha conta bancária :-)

Novidades quentinhas do forno :-)

Hoje acordei com uma vontade inexplicável de escrever. De conversar. Acho que é aquela vontade de louca de gritar de felicidade, porque coisas boas estão acontecendo nas bandas de cá.
Ontem recebi confirmação de um emprego. Na verdade o processo já está acontecendo há algum tempo, acho que tinha enviado o meu currículo em junho para esta vaga e só agora que vou começar a trabalhar. Depois do envio do currículo, foi preenchimento de papelada, verificação se eu tenho condições legais de trabalhar no país e claro, a checagem de referências de empregos anteriores. Muita burocracia e espera, mas finalmente terminou, ou será apenas começou?
Bom, o trabalho é part-time e pra trabalhar em casa, mas quer saber? Nesta exata fase da minha vida era exatamente o que estava precisando. Acredito que é apenas uma janelinha aberta para a entrada no mercado de trabalho. Segunda-feira começo o treinamento e o trabalho, depois conto mais detalhes.
Outra notícia ótima é que a minha mãe irá passar uma temporada aqui comigo. Ela estava merecendo férias e também estava me sentindo em dívida com ela, já que da outra vez que ela estava aqui estava preparando as coisas para o casamento, trabalho e estudando e ainda de quebra quase morri com uma dor de dente. Fiquei achando que ela ficou meio de lado, mas agora terei tempo de dar atenção total pra ela! :-).
O meu coração está imensamente grato com estas bençãos, e no meu coração a certeza e esperança de que aquela nuvem negra que estava cercando a minha cabeça foi finalmente embora. Ufa. Obrigada meu querido Deus!


Num dia qualquer em San Francisco



Hoje o dia em San Francisco estava lindo. Quente, ensolarado. As pessoas estavam passeando e aproveitando o restinho de verão. Eu decidi caminhar sem rumo, mas por causa da minha limitação não fui muito mais longe do que o Pier 5, o meu lugar favorito na cidade. Enquanto caminhava depois do ATT park um estranho me abordou pedindo direção. Era um rapaz jovem, com no máximo 25 anos. Tinha um estilo mochileiro/hippie e parecia estar muito cansado. Como continuávamos caminhando na mesma direção, ele puxou papo falamos sobre a cidade, de onde ele era, sobre um pouco a vida. Nada pessoal, mas o suficiente para começar e continuar uma conversa. Falei pra ele que estava procurando emprego e que não sabia o que queria fazer. Ele simplesmente me disse pra seguir a minha paixão, que assim eu encontraria não somente o meu caminho, mas também faria um bem para o mundo. Achei bonito o que ele me falou e me deixou pensativa por muito tempo. Se fosse num outro dia, eu nem teria parado para falar com ele, teria ficado com medo, mas justamente hoje eu tinha pedido pra Deus que queria conversar com um estranho, conhecer um pouco de uma história. Ele me disse que estava viajando pela Califórnia e foi visitar Yosemite. E que fez hike do Half Dome. Ele descreveu como a coisa mais difícil que ele já fez na vida porque ele não estava preparado. Não estava preparado, mas tinha força de vontade para continuar escalando e chegou ao topo a tempo de ver um lindo por-do-Sol. E ele falou que a beleza daquele momento ficou pra sempre registrado na memória dele e que só de imaginar, os olhos dele se enchiam de água, o que realmente aconteceu. Não teve foto, mas ficou gravado na memória e isto pra ele é o que importa. A gente precisa aprender a guardar momentos especiais assim, tão vívidas na nossa memória que nos emocione novamente, nos traga lágrimas de alegria e sorriso no rosto. A vida é simples, ele me disse. Ele comia coisas simples, dormia em lugares simples, mas o importante para ele era colecionar este tipo de momento. Respeito este tipo de pessoa. Também me contou que trabalha muito duro durante o ano inteiro, em dois trabalhos no Arizona e no verão ele vai viajar, conhecer gente e novos lugares. Antes de nós despedirmos passamos pela Bay Bridge e contei pra ele que antigamente tinha uma estrada passando por onde estávamos caminhando. Uma tragédia em 1989, o terremoto Loma Pietra, derrubou a freeway que passava naquele lugar. Foi um acontecimento terrível, houve mortes e feridos, mas se não tivesse acontecido aquilo, aquela rua, a Embarcadero não seria tão convidativa como é hoje. E isto me fez lembrar que às vezes na nossa vida passamos por momentos trágicos e que pra nós significa destruição e dor, mas que lá na frente, irá nos beneficiar imensamente. Ao chegarmos no Ferry Building expliquei  como chegar no Pier 39 e fiquei por lá. Pra minha surpresa ele me deu um abraço e disse que foi bom ter me encontrado. E entrei no Ferry Building olhando aquele monte de gente, cada um com o seu celular, correndo para pegar algo para o almoço, gente sorrindo, outros tirando fotos. É a San Francisco de um dia lindo de verão, onde realmente se faz calor e está ensolarado. O meu próximo ponto de parada é o Pier 5. Aquela ponte linda onde algumas pessoas pescam e muitos vão tirar fotos da Bay Bridge. Gosto de olhar a Coit Tower e também o Transamérica Building. Sento e olho crianças correndo, gente tirando foto, pessoas pescando, duas pessoas se exercitando. E de repente o alarme soa bem alto. Lembro-me que é terça-feira, meio dia. É o teste semanal do sistema de alarme de emergência da cidade. Observo que duas meninas paralisam com os olhos arregalados, a té que é avisado no sistema que isto é só um teste. Elas respiram com alívio e dão risada. Em meio aos meus pensamentos peço apenas para Deus para que eu sempre dê valor para estes pequenos momentos. Aproveitar a beleza natural do lugar onde moro, as pessoas, os sorrisos, os momentos bons porque são estas coisas que fazem a vida valer a pena. O dia de hoje não foi nada especial, mas foi um dia feliz. E pra terminar melhor ainda, um sorriso de genuína alegria do meu marido ao chegar em casa. Deus, obrigada por este dia. Obrigada.
Pier 5 - Arquivo pessoal

Bay Bridge - Arquivo Pessoal

The Embarcadero - Arquivo Pessoal

O mundo segundo os brasileiros - San Francisco

Em uma tarde de domingo preguiçosa, estou eu divagando pelo google quando me deparo com um programa que acho que já passou há algum tempo na Bandeirantes chamado "O mundo segundo os brasileiros". Encontrei vários vídeos na íntegra no youtube e claro que o primeiro que fui assistir foi o episódio de San Francisco.
No modo geral, eu gostei do programa, mas achei que eles abordaram demais apenas um aspecto da cidade. A maioria dos lugares por onde os brasileiros mostraram, eu fui só de passagem ao longo destes 5 anos de Califórnia. Mas como em qualquer outro lugar do planeta, San Francisco tem de tudo e cada um procura e acha o que lhe agrada, certo? Foi bem interessante e a cada paisagem, eu só pensava : "Meu Deus, eu já caminhei por estas ruas, conheço estes lugares!". Se você não teve oportunidade de assistir, vale a pena!



Longe dos olhos, mas perto do coração

Existem incontáveis coisas boas de morar fora do país, e sou eternamente grata a Deus pela oportunidade de conhecer lugares, culturas e línguas diferentes.
Apesar de parecer bastante glamuroso, a vida aqui não é muito diferente da vida que as pessoas levam em qualquer outro lugar do mundo.
A parte complicada, difícil é quando o coração está lá no Brasil enquanto você está fisicamente longe de tudo e de todas as pessoas que você ama, principalmente quando algo extraordinário acontece na vida destas pessoa.
Hoje pela manhã, assim que acordei fui bisbilhotar o que estava acontecendo no Facebook e qual foi a minha alegria, quando em alguns cliques vi a foto da recém-nascida do meu melhor amigo. Meu coração se encheu de alegria e emoção, meus olhos de lágrima e eu só tinha a vontade de ligar pra ele pra dizer o quanto eu estava feliz por aquele milagre acontecer na vida dele.
Naquele momento eu queria uma máquina de me teletransportar para estar ali, dividir lágrimas e sorrisos e abraços mas isto ainda não é possível. E naquele exato momento a minha relação de ódio com o Facebook terminou por alguns minutos  estava extremamente grata por esta ótima ferramenta de aproximar pessoas e permitir ser testemunha, mesmo de longe, de um milagre.
Sei que meu amigo e sua esposa estão rodeados de carinho e demonstrações de alegria e felicidade e apesar de me sentir um pouco espectadora do momento, posso dividir esta alegria com eles através de palavras através do Facebook e Whatsapp. É pouco, mas é tudo o que posso fazer neste momento pra demonstrar pra eles que mesmo longe, o meu coração está lá com eles.

Caçando emprego...

Nunca imaginei que procurar emprego aqui fosse algo tão desgastante e tão demorado. Sério.
Na minha cabeça era só tirar o currículo do HD de backup, traduzir para o inglês, enviar pra tudo quanto é canto e esperar o telefone tocar. Mas não é bem assim.
Em primeiro lugar eu tenho que escolher um dos modelos de currículo... se é o cronológico listando as minhas experiências profissionais, o funcional que dá ênfase às minhas qualidades como profissional que podem ser usadas em qualquer emprego ou o modelo misto. Cada um é indicado para o tipo de carreira que você quer seguir e se você tem experiência em uma determinada profissião ou está pensando em mudar de ramo.
Fiquei vários dias pensando e repensando o que fazer, até que decidi pelo funcional - já que queria dar mais ênfase as minhas qualidades e habilidades profissionais do que no tempo em que trabalhei já que há o "buraco" do tempo em que me mudei pra cá e fui estudante em tempo integral. Estava toda satisfeita com o resultado quando enviei pra uma amiga recrutadora que trabalha em NY e ela disse pra eu praticamente refazer tudo. Eu quis chorar, sério...
E mudei o que ela falou, agora é a hora de escrever a bendita carta de apresentação. Ai meus sais, que deve ser feita de acordo com o trabalho que você está se candidatando.
E atualizar o perfil do Linkedin e do twitter, porque vai que o entrevistador dá uma olhada no perfil...
Cadastrar os currículos nos sites de emprego, enviar por emai, esperar, esperar, esperar...
Não estou reclamando do processo, mas acho que a caça ao trabalho hoje em dia está bem diferente do que quando eu procurei trabalho da última vez... sem dizer destas pequenas coisas culturais que são feitas de formas diferentes nos EUA e no Brasil. Eu não quero desmotivar ninguém, e tento dizer pra eu mesma ter paciência e dar o meu melhor porque eu sei que há um trabalho do jeito que eu quero me esperando, em algum lugar...
Todo mundo diz que por eu ter experiência com o ramo de tecnologia será fácil fácil encontrar emprego aqui porque afinal, moro no polo tecnológico do mundo... mas não sou eu apenas que estou procurando emprego por aqui e isto às vezes me traz uma insegurança muito grande... já até pensei em abandonar esta coisa de suporte e trabalhar com alguma coisa administrativa...
Mas enfim... se alguém tiver alguma dica para me dar, estou de ouvidos abertos, todo conselho é sempre muito bem vindo...
E quem estiver procurando emprego por aqui, eu recebi um livro eletrônico de um consultor que dá dicas ótimas sobre como escrever um bom currículo (em inglês), carta de apresentação e como se apresentar em entrevistas, se alguém estiver interessado, só mandar email pra mim (o endereço está no meu perfil aí do lado) que eu mando sem problemas. :-)
Confesso que isto tem tomado todo o meu tempo (como hoje o dia inteiro por exemplo) e as pessoas não entendem que procurar emprego dá trabalho e que eu não passo o dia inteiro na frente do computador brincando ou passando tempo no facebook... quem me dera...
Espero voltar aqui em breve para contar coisas boas! 

A volta da Paulistana ao lar...

Graças a Deus mantive um diário de viagem para registrar aos poucos (no pouco tempo que tive) as impressões que tive durante a viagem, porque senão agora, depois de um mês do retorno, já não seria a mesma coisa... senta que lá vem história...

A viagem de avião foi tranquila. Daqui até Dallas e de Dallas até São Paulo. Estava tranquila até o comandante do vôo pra São Paulo começou a dar informações sobre o vôo e a nossa previsão de chegada no Brasil. Acho que ali, naquele momento caiu a minha ficha e eu comecei a chorar de soluçar. A espera tinha terminado e eu estava indo pra São Paulo! Claro que durante todo o trajeto dormi apenas umas 2 horas. Não consigo entender como o meu marido vira e dorme como um bebê enquanto eu assisto filmes, leio livro, ouço música. Acho que o coração estava muito turbulento, por isto não consigo pegar no sono.

O coração bateu mais forte de verdade quando abri um pouco a janela para ver o céu e vi aquele amanhecer maravilhoso, já no território brasileiro. Uma lágrima ou várias escorreram no rosto só de imaginar que aquela terra lá embaixo era o Brasil. Mais algumas horas e estaríamos em São Paulo.
Quando o café da manhã foi servido e pude finalmente abrir a janela para ver a cidade se aproximando, fomos surpreendidos por uma neblina muito espessa. São Paulo brincando de esconde-esconde comigo, só pode! Estava podre de cansada, mas consegui sair correndo do avião com o marido para não pegarmos uma fila grande na imigração.

Quando chegamos no saguão, eu estava tentando decifrar qual fila iríamos pois nunca tinha passado por imigração brasileira... uma moça veio ajudar (quer dizer atrapalhar) e perguntou pro meu marido se ele era brasileiro e ele falou que não mas eu era. Acho que ela só ouviu a primeira frase da resposta e mandou a gente pra fila dos estrangeiros. A fila de brasileiros estava enorme, então eu pensei que era melhor ficar lá mesmo. Já que nós poderíamos passar por qualquer uma mesmo ( como somos casados e temos o mesmo sobrenome podemos passar na fila de brasileiros, pois ele está comigo.). Que doce engano o meu... eles pararam de atender a fila de estrangeiro até TODOS os brasileiros tivessem passado. Ficamos esperando uns 40 min, o que não é muito mas o cansaço fazia tudo parecer pior... na fila encontramos um americano que estava indo visitar a namorada e deu várias dicas de restaurantes para ir em São Paulo (coisa mais bizarra, eu sei...). Na fila a mocinha que organizava a fila dos estrangeiros gritava "PRÓXIMO!!!" e ninguém se mexia... por que será né? Quando chegou a nossa vez, a moça pegou os nossos passaportes, carimbou o do meu marido e nos entregou de volta, sem falar absolutamente nada. Aliás, reparei que as agentes são todas mulheres e novinhas. Passamos direto pela porta de não declarar e assim que saímos já encontrei o meu amigo e a minha irmã que tinham ido nos buscar. Achei que fosse ter um rio de lágrimas, mas não teve. Todo mundo estava muito feliz, foi muito bom estar em casa.

Ahhh São Paulo... eu tinha esquecido como é respirar o ar poluído da cidade! Isto porque tinha chovido alguns dias atrás e o ar estava "limpo". Perguntei várias vezes pra minha mãe se ela estava sentindo o cheiro da poluição e ela dizia que não. Pois é, eu descobri que poluição tem cheiro e que é sufocante ficar no meio do centro com os ônibus passando por tudo quanto é canto. Mas sobrevivi. :-)
Achei que iria estranhar mais o fato de não ter mais outdoors pela cidade, mas eu gostei. Ficou algo mais limpo, se é que podemos dizer isto. Ao mesmo tempo que a cidade continua da mesma forma, algumas coisas tiveram significativa mudanças, como o bairro que a minha mãe mora, virou praticamente um centro comercial da região, então muitas lojas, bancos, um hospital e muitos ônibus e especialmente muita gente! E vi a tal da ponte Águas Estaiadas que quando saí acho que não tinha nem começado a construção.

O trânsito da cidade está pior, muito pior do que eu lembrava. Há congestionamento na cidade não importa o horário. Do aeroporto até a casa da minha mãe levamos mais de 3h30min. E aquele monte de motoboys "pipipipipi", é de deixar qualquer um maluco. Os carros estão mais novos, muitos modelos de carro que nem conhecia e como a minha mãe bem disse "ninguém aqui mais dirige lata-velha". Mas as pessoas continuam impacientes no trânsito, é cada um que se salve e eu dei graças a Deus que não iria precisar dirigir na cidade.
Nós circulamos pela cidade praticamente de ônibus, metrô e também trem. Fiquei impressionada que não importa o horário em que você pegue transporte público na cidade, estava sempre cheio. Claro que evitamos andar no horário de pico, porque quem é que anda pela cidade em horário de pico sem necessidade??? Comparado com as possibilidades que tínhamos há 6 anos, acho que o transporte público melhorou no sentido de que há pelo menos uma alternativa para chegar "rápido" ao centro da cidade. Lógico que é dobradinha ônibus+trem+metrô e que todos estavam funcionando, mas o meu marido por exemplo, ficou impressionado que fomos do Capão Redondo até Franco da Rocha gastando apenas R$3,00. Ficou muito claro que a ampliação das linhas do metrô, principalmente saindo dos suburbios da cidade é fundamental. Acho que vai ser difícil ter transporte o suficiente para ir sempre "sentado" porque a população da cidade é muito grande, mas melhorias precisam ser feitas! E também, melhorar a pavimentação das ruas, porque meu Deus o ônibus balançava tanto, mas tanto que achei que iria deixar o café da manhã no chão dele. O meu marido disse que "O espírito do Ayrton Senna vive em cada motorista de ônibus da cidade." Vi as faixas para ciclovia pela cidade, mas não me atreveria a usá-la, por conta da agressividade dos motoristas, mas espero que a idéia dê certo.

Apesar de ter ido ao shopping 2 vezes, eu mal olhei vitrines e vi preço de roupas. A não ser entrar numa loja pra comprar uma camiseta do Brasil pra minha sobrinha de 4 anos e as 3 vendedoras tentarem me convencer a pagar R$80,00 numa blusinha só porque tinha glitter e era bonitinha. Tinha esquecido como vendedoras de shopping são incrivelmente insuportáveis com aquele jeitinho de querer ser sua melhor amiga em 30s só para te empurrar mercadoria. Elas viram o marido gringo e já viram $$ na testa dele, mas a melhor coisa do mundo foi ver a cara delas quando ele falou em alto e bom português: "Está muito caro, não obrigado". E a mesma coisa aconteceu no mercado municipal, quando o vendedor "deu" para nós experimentarmos Atemóia (acho que é este o nome) e ele queria vender uma de 1kg por R$30,00 e o marido disse não, tá muito caro. E ele quase caiu de costas quando viu o preço de um Iphone na loja. É difícil não comparar os preços e aí a gente fica sem entender como é que alguém paga um absurdo destes num simples telefone! Agora pra mim foi muito difícil saber se comida estava barata ou cara. Primeiro porque eu sou uma negação pra lembrar preço das coisas (e olha que eu faço as compras em casa toda semana!) e segundo porque sempre vem aquela conversão na nossa cabeça, então transformando para dólar a maior parte das coisas ficavam baratas para nós, mas sei que a realidade de quem mora lá é diferente, porque afinal, eles ganham salários em reais. A minha mãe mesmo deixou de comprar pepino no mercado porque disse que estava muito caro e eu tinha achado barato.

E isto me lembra uma coisa engraçada também. Nós levamos um celular GSM velhinho pra usar enquanto estávamos no Brasil, porque afinal, a gente não queria sair por aí desfilando smartphones, porque afinal, roubo é crime de oportunidade... mas a nossa surpresa foi perceber que nós éramos os únicos com o celular simples, todo mundo pelas ruas, ônibus, shopping, etc, estavam usando seus smartphones. Até uma menina usando Ipad no busão nós vimos ( ato de extrema coragem, pensei) e o moço que vendia balinha também estava usando smartphone.

Aparentemente, parece que a vida está melhor já que bastante gente tem carro novo, aparelhos novos, possibilidade de viajar. Eu achei esta realidade uma maquiagem da verdadeira realidade, porque pra vida das minhas irmãs que são professoras, nada realmente mudou. A vida continua sofrida, corrida e injusta. Fomos convidados pra jantar com um casal de colegas de trabalho do meu marido e eu fiquei espantada com a São Paulo que eles vivem. Tudo bonito, restaurante caro com manobrista na porta, pessoas que pareciam estar saindo de uma novela de televisão. E as histórias da realidade  deles me chocaram pelo fato de ser absurdamente diferente da qual eu estou acostumada.

Aconteceu até algo interessante neste restaurante chique, prova de que dinheiro não faz o dono do bolso educado... estávamos jantando e conversando quando um homem nos interrompeu pra gastar o inglês dele e perguntou ao meu marido se ele era americano. Ele apenas respondeu educadamente que não, que era escocês. Aí o homem não satisfeito aponta pra mim e diz: "esta com certeza é brasileira! Como você conseguiu ter um inglês tão bom?" (eu tenho cabelo castanho e os colegas e o marido são loiros de olhos claros). Apenas sorri e disse: "Anos de prática" e o chato continuou puxando papo  e veio elogiar o português dos colegas  do marido que sorriram educadamente e disseram "nós somos brasileiros também."e aí ele pegou o banquinho dele e saiu de fininho mas não sem antes tentar dizer aquelas coisas clichês sobre a Escócia. (chove muito né? Whiskey é bom lá né?)

Aliás, não imaginei que o marido seria atração nas ruas da cidade. Quando fomos almoçar no mercado municipal teve um grupo de quatro mulheres apontando e dando risada dizendo "olha o gringo alí". O que me irritou, afinal ele é um ser humano normal, não um ET. Nós conversávamos na maioria do tempo em inglês mesmo, baixinho pra não chamar atenção (acho que ficamos traumatizados com o tiozinho do restaurante chique) mas o marido teve oportunidade de praticar bastante o português, o que me deixou muito orgulhosa porque ele se virou muito bem! Impressionante como a imersão faz uma diferença, ele aprendeu palavras e expressões novas e todos ficaram impressionados com a articulação dele pra conversar, apesar dele achar que o português dele "sucked".

Como era de se esperar, fizemos passeios turísticos pela cidade e também visitamos um pouco da família. Fomos passear no centro da cidade, com direito a Prédio Banespa, Mercado Municipal, Viaduto do Chá, a famosa esquina Av. Ipiranga x Av. São João, Museu do Ipiranga, Av. Paulista, Liberdade e Parque do Ibirapuera. E era uma mistura tão grande de sentimentos, tantas memórias dos lugares onde passamos, algumas boas e outras nem tanto. Os últimos anos que morei em São Paulo foram anos difíceis, mas de muito aprendizado e algumas vezes fantasmas bons e outros assustadores passaram pelo meu ombro a medida que caminhava pela cidade. Os meus lugares favoritos continuam favoritos e o meu marido ficou encantado e surpreso com o contraste da cidade. Isto porque a maior parte do tempo nós ficamos entre o Centro e a Zona Sul da cidade.

Uma coisa que nunca muda é a hospitalidade do nosso povo. Em todas as casas que fomos visitar e até mesmo na casa da minha mãe, tinha tanta mas tanta comida que acho que precisaria ficar por lá mais 1 mês pra poder comer tudo o que nos ofereceram. Poder comer cuscuz quentinho com manteiga, biscoito, pão francês e claro aquelas frutas maravilhosas que tem gosto de fruta! E comida fresquinha, que mesmo simples é tão deliciosa. Acho que algumas pessoas pensaram que estávamos passando fome nos EUA porque queriam que a gente comesse café da manhã, aí um lanchinho, depois almoço, depois lanchinho, depois jantar e depois a sobremesa ou um cafézinho. Juro que se eu comesse o tanto que eu comi no Brasil aqui, eu já teria engordado o triplo do que  engordei.

O encontro com as pessoas foi um tanto surpreendente pelo fato da familiaridade estar lá, a risada fácil. Achei um pouco estranho que quase ninguém, nem mesmo a minha família perguntou nada sobre a minha vida e rotina aqui na Califórnia. Eu ficaria curiosa pra conhecer outras coisas, outro modo de viver. E eu só respondia o que me perguntavam, porque por algumas vezes fui taxada de "gringa", o que me irrita profundamente porque não é porque o meu cep mudou que eu virei uma outra pessoa. Algumas vezes vi narizes torcendo quando comentava de algo corriqueiro, ou de um causo que aconteceu em New York, em San Francisco ou em outros lugares que passei da mesma forma como eles contavam causos que aconteceram  na  faculdade, no escritório, na fila de ônibus. Um conhecido olhou pra mim e disse em forma de reprovação que eu to muito "gringa", só pelo fato de eu não querer andar por aí à noite, mesmo que seja de carro porque seguro morre de velho e é uma coisa que nunca gostei de fazer e ele replicou que milhões de pessoas fazem isto e todos retornam pras suas casas vivos. Aham...

Como tinha comentado no post anterior, nem tudo foram rosas na minha viagem, porque houveram pessoas que eram muito queridas pra mim e que ou não quiseram fazer um esforço pra me ver ou então disseram que eu estava fazendo pouco caso, porque não marcava uma hora exclusiva pra conversar. Foi difícil, mas eu fiz o melhor que pude para ver o máximo de pessoas possíveis e mesmo assim teve uma prima que é vizinha e que não me viu o tempo que estava lá porque os nossos horários não batiam. O meu conceito de amizade mudou muito depois desta viagem, com certeza. Os meus pouquíssimos amigos de verdade se viraram nos 30 pra passar um tempinho juntos, conhecer meu marido e matar a saudades e os outros, arrumaram mil desculpas ou me ignoraram e apareceram só pra dizer: "ai que pena que a gente não se encontrou" ou então "vamos nos ver na próxima vez que vier aqui ou EU te vejo na SUA casa na Califórnia" (hahaha eu tenho que rir com este último comentário). Passei bastaaaante tempo com a minha família, o que era muito importante pra mim. A minha sobrinha logo se acostumou comigo e apesar de apenas tê-la visto 3 dos 10 dias que fiquei na cidade, passamos um tempo gostoso.

Voltar pra São Paulo foi ótimo porque o meu marido pode me conhecer melhor, pois apesar de ter ido 2 vezes à cidade, ele estava sozinho e a trabalho ou de passagem. E foi bom pra mim ter o prazer de encontrar frente a frente pessoas para conversar, rir e chorar, esquecer do computador por um tempo e lembrar os motivos que me fizeram deixar a cidade. O tempo que passei fora me ajudou a olhar tudo com novos olhos, um olhar mais crítico em relação aos problemas sociais, mas também um olhar mais amoroso para enxergar que as pessoas tem uma vida muito dura em São Paulo, mas que nem por isto elas deixam a alegria, a hospitalidade, a bondade, a vontade de ajudar o próximo e principalmente a esperança de dias melhores de lado.

Durante o tempo que estive lá tive a oportunidade de matar a saudades de Sampa, mas também ter certeza de que o meu lugar lar e a minha vida está na Califórnia e que apesar de ser um alto preço a pagar, ainda vale a pena morar aqui.

Change Brazil!!! - Muda Brasil!

Tenho acompanhado os protestos que estão acontecendo pelo Brasil desde a semana passada e tenho que confessar que há um grande sentimento de esperança.
Esperança de que o nosso povo deixe de uma vez por todas de ser passivo e começar a fazer a sua voz ouvida, não somente através de gritos, frases, fotos e caminhadas, mas principalmente através de um voto consciente.
Uma coisa que acho extremamente absurda é ter que procurar notícias sobre o que está acontecendo em sites de redes sociais porque os "veículos de comunicação" brasileiros simplesmente não mencionam nada sobre o que está acontecendo ou diz que os protestantes são vândalos estão destruindo patrimônio público.
Outra decepção foi ouvir a asneira que o até então respeitado jornalista Arnaldo Jabor falou sobre os protestos em São Paulo. Pra mim, naquele dia, ele perdeu todo o respeito que tinha por ele. Prova de que nós precisamos receber informação e processá-la criticamente e não apenas absorver tudo porque uma pessoa "de respeito" falou.
Fiquei meio fora da blogsfera por um tempo e achei que encontraria vários textos com opiniões e informações do que está acontecendo mas para a minha supresa não encontrei absolutamente nada. Não importa em qual lugar do planeta você esteja morando a situação do Brasil ainda nos afeta de alguma forma porque afeta os nossos queridos que continuam morando lá. E não precisa somente ir pra rua pra fazer algo a respeito, nós temos uma arma poderosa chamada "palavra", que usada devidamente é uma arma muito poderosa.
Como disse no começo do texto, tenho uma esperança de que estas mudanças sejam reais e sejam pra valer e que hajam mudanças duradouras e que reflitam nas eleições do ano que vem. Mesmo que você more no exterior você pode fazer a sua parte, votando para presidente do país.
E que venha a mudança que nós tanto ansiamos, um Brasil melhor para todos, com educação, saúde, segurança e sem corrupção.

Voltei!

Graças ao jetlag estou acordada desde as 4 horas da manhã. A viagem ao Brasil foi maravilhosa, foi tão bom estar ao redor da minha família querida e principalmente da minha mãezinha e ver os olhos dela brilharem quando via a minha cara amassada, cabelo arrepiado e olhos remelados logo de manhã. E por isto só já valeu a pena ter retornado a São Paulo. Apesar dos perrengues. Apesar do trânsito. Meu Deus do céu, eu achava que o trânsito daquela cidade não poderia piorar, mas São Paulo me provou o contrário!
Consegui visitar os meus lugares favoritos na cidade e mostrar um pouco da minha vida para o meu marido. Agora acho que ele entende o porque a minha mãe fica tão maravilhada quando vem para os EUA. O contraste dos dois lugares é enorme em relação a tudo.
Encontrei várias pessoas e ouvi muitas histórias, dei risada e relembrei o passado. Foi ótimo me sentir parte de um grupo novamente. De estar ao lado de pessoas que me conhecem, sabem o meu passado, sabem quem eu sou e não se importam com o meu título ou com a minha conta bancária. Tive ótimas surpresas de pessoas atravessando a cidade para passar algumas horas comigo numa mesa de praça de alimentação do shopping e isto pra mim significou o mundo pra mim.
Em compensação, algumas pessoas fizeram bico e birra como crianças mimadas porque não tiveram um tempo de exclusividade comigo. E colocaram uma culpa em mim que não carrego no meu coração porque  sei que fiz o meu melhor e aproveitei o pouco tempo da melhor forma possível com a minha família. Não posso fazer ninguém entender nada e sinceramente, se estas pessoas querem fazer bico e ficar de mal porque eu "não provei que me importo de verdade com a amizade delas", paciência. A vida não pára e eu estou realmente aprendendo a "let it go".
Meu Deus como comi naquele lugar! Em todos os lugares, em todas as refeições (e entre elas também) a mesa foi farta e digna de refeição. Adicionei uns kilos a mais, mas não me importo. Não deu pra matar saudades de tudo, mas comi o pastel que tanto queria. E também o cuscuz gostoso que só a minha mãe sabe fazer. Acho que precisaria ficar por lá mais uns 2 meses para comer tudo o que tinha vontade. E claro que não deixei a oportunidade passar e comi muito pão-de-queijo recheado da Casa do Pão-de-Queijo. hmmmmmm
E apesar de São Paulo não ter mudado, parece ao mesmo tempo que tudo mudou e sei que isto se deve ao fato de eu ter mudado e muito. Ao contrário do que imaginei, não houveram muitas perguntas sobre a minha vida, o que eu faço, sobre a Califórnia. Achei interessante e estranho ao mesmo tempo. Mas ouvi bastante, sobre a vida de cada um, sobre os planos, o que aconteceu, numa tentativa de em uma conversa de 5 minutos recuperar os 6 anos perdidos.
Voltei pra casa com o coração aperto, mas feliz.  Depois desta viagem eu percebi que neste momento, apesar dos pesares,  a Califórnia é o meu lar. O lugar onde quero viver e ter a minha família. Amanhã eu já não sei, mas saber o que quero no presente pra mim já é suficiente.
Obrigada a todos que passaram por aqui neste mês de ausência procurando notícias e deixando comentários. Ainda estou com as idéias atrapalhadas e tem tanta, mas tanta coisa que quero compartilhar, mas vai ficar pra próxima. Deixa eu voltar correndo pra cama enquanto eu ainda estou sentindo um pouquinho de sono, porque senão hoje volto a capotar na cama antes do Sol se pôr.

Paulistana rumo a Sampa

Daqui a alguns dias a tão, mas tão esperada viagem ao Brasil vai finalmente acontecer.
Quase tudo pronto por aqui, agora só aguardar o dia do embarque e pedir pra Deus pra eu não ter nenhum piriri no meio do caminho porque esta semana já tive insônia, pesadelo, desarranjo intestinal, vontade incontrolável de comer chocolate e choro interminável por conta da viagem. Os nervos e as emoções estão a flor da pele... acho que são sintomas de saudades guardada por 6 anos!
Mas em junho eu volto contando o que aconteceu na nossa amada terra.

Um abraço e até lá!


Brazilian Gringo Style!

Hoje de manhã acordei e vi este vídeo que uma querida amiga, também casada com um britânico, tinha postado no Facebook.
E já acordei o marido às gargalhadas, quando ele viu o vídeo entendeu o porque.


San Francisco - A cidade naturalmente ar-condicionada.

Eu amo San Francisco.
Além de sua peculiaridade na arquitetura, nos pontos turísticos, em sua beleza e na variedade de tipos de pessoas que a gente encontra por lá, eu gosto do clima da cidade.
Como havia comentado neste post , San Francisco tem sempre a temperatura mais amena do que a cidade onde moro, já houveram dias em que a diferença era de cerca de 15C!
Então quando o moço da previsão do tempo disse que a temperatura no Vale do Silício seria cerca de 32C, eu decidi pegar a minha amiga que estava de folga na segunda e fomos para a cidade ar-condicionada mais fofa do mundo!!!
Por incrível que pareça, por lá também estava quente, mas por volta de uns 25C, o que fica bem gostoso com a brisa fria ou um lugar a sombra. Apesar de ser dia de semana havia muita gente na praia e também no Golden Gate Park, um lugar que apesar de estar disponível para visita gratuitamente, estou começando a explorar agora e já encontrei o meu lugar favorito no parque: o jardim em frente ao Conservatory of Flowers. É a coisa mais fofa!!!
Apesar da praia estar apenas há alguns poucos quilômetros de distância tinha muita gente tomando sol ali na grama mesmo, eu fiquei morgando na grama jogando papo fora e recebendo um pouco de vitamina D.
E pra acabar  o passeio maravilhoso de segunda-feira, nada melhor do que passar em uma lanchonete brasileira próxima pra comer uma deliciosa coxinha. :-)

Conservatory of Flowers - Golden Gate Park


 Pra quem quiser saber mais informações e atrações sobre o park aqui está o site oficial com tudo o que você precisa saber: http://www.golden-gate-park.com/

O segredo da felicidade

Por muito tempo eu corri atrás da felicidade. Achei que precisava ter coisas e pessoas em minha vida e aí seria feliz. Depois me disseram que felicidade não existe e que temos momentos felizes ao longo da vida.
Porém, conheci pessoas que eram felizes mesmo diante de circunstâncias que não eram tão boas e fiquei intrigada para saber qual era o segredo.
E busquei, busquei, busquei até que encontrei. Parecia simples demais para ser verdade, mas era. Era não, é simples porque eu posso dizer que sou feliz.
Tenho problemas? Sim!
Tenho momentos de tristeza? Sim!
Fico mal-humorada? Com certeza!
Tenho acessos de raiva e perco a razão? Mais vezes do que eu quero admitir...
Mas mesmo assim, posso dizer que sou feliz.
O segredo? Posso resumir em 2 coisas:

1 - Seja realmente grato pelo o que tem. De verdade. Todos os dias. E não se preocupe com as coisas que você quer e não tem ainda.
2 - Tudo é temporário. O dinheiro, a alegria, a tristeza, os momentos, as lembranças. Aprenda a aproveitar o momento e deixe as coisas que precisam ir, simplesmente ir...

Quando coloco estas duas coisas em prática na minha vida, eu me sinto leve e posso afirmar, sem dúvida nenhuma que sou feliz.

E você, qual o seu segredo da felicidade?
 


Que São Paulo é esta?

Alguém pode achar bem patético ou até mesmo deprimente que uma pessoa que morou desde o nascimento até os 25 anos de idade em São Paulo precise ficar pesquisando na internet sobre a cidade, pontos turísticos, restaurantes, coisas interessantes e afins.
E no meio desta minha pesquisa encontrei muitos blogs legais que falam de uma São Paulo glamurosa, cheias de bares, luzes, restaurantes maravilhosos, museus incríveis, badalação e gente jovem-bonita-inteligente. E aí eu páro e penso. Onde estava esta São Paulo quando eu morava por lá? Por que eu nunca conheci estes lugares, tive estas experiências incríveis a ponto de me apaixonar pela cidade de uma forma tão arrebatadora, a ponto de dizer que não há nenhum outro lugar do mundo onde gostaria de morar?
Depois de pensar um pouco, percebi que esta cidade sempre esteve por lá, mas nunca esteve ao meu alcance. Isto porque enquanto eu morava em São Paulo, tinha que gastar as minhas energias e tempo tentando sobreviver naquela grande selva de pedra.
Porque eu nasci em família humilde, assalariada e desde cedo aprendi que se eu quisesse "ser alguém na vida" teria que trabalhar duro para tentar reverter a desvantagem de ter menos dinheiro na conta bancária.
De estudante de escola pública, tornei-me operária em linha de produção da Avon. Pense passar os dias trocando caixinhas dos perfumes "Toque de Amor" e "Charisma", enquanto alguma desastradas da linha deixava cair e você só poderia tomar banho pra tirar aquele cheiro horroroso por volta da meia-noite quando voltasse pra casa depois das entediantes aulas ministradas por professores desmotivados e cansados. Mas era preciso terminar o colegial, pra poder começar a pensar em ser gente.
Depois de formada, trabalhar no escritório com o pior chefe do mundo ( como eu gostaria que naquela época eu soubesse o que fosse assédio moral e bullying, estaria muito rica agora!) tomava muito, muito tempo e acabou também tomando muito da minha saúde. E o dinheiro ia para o curso de inglês. Mal sobrava dinheiro pra comer um pastel perto da escola com os amigos naquela hortifrutti super chique com frutas tão lindas e tão grandes que pareciam de plástico.
Depois desta fase, veio a tão conhecida época de estudante universitária-estagiária. A venda dos vales refeições pra juntar dinheiro pra pagar a mensalidade, até encontrar um estágio melhor. E enquanto a vida passava, eu lutava e sonhava por dias melhores. E dentro da mochila sempre tinha um lanchinho, um agasalho, uma sacolinha de plástico e um par de meias extra. Porque em Sampa precisamos estar preparados para encarar as quatro estações do ano em um dia, sempre.
Até que um dia enquanto navegava com a minha internet de conexão discada da IG, descobri uma forma viável de concretizar um desejo maior que o meu medo, maior do que os nãos que a vida me dava, maior do que probabilidade de eu quebrar a cara. Um intercâmbio. Agora até o cineminha ficou de lado, em nome da economia.
E o resto virou história. E São Paulo ficou pra trás. Ficou nas poucas fotos e em muitas memórias. Ficou no mapa, mas também no coração.
São Paulo foi o cenário da minha luta árdua para sobreviver e "virar gente" e sei que continua sendo palco para milhares, ou melhor dizer, para milhões de pessoas que são ignoradas, quer dizer, omitidas nestes blogs e artigos de revistas pela internet desta cidade glamurosa, gastronômica e cultural. Acho que todo paulistano tem aquela relação de ódio-amor pela cidade, porque se fosse só ódio não haveria tanta gente ainda morando por lá. Porque sobreviver em São Paulo e conviver com seus problemas é parte da vida de todos, mas desfrutá-la é privilégio de alguns.
Agora com o retorno talvez eu tenha a oportunidade de como uma paulistana-turista, reconectar com a cidade que eu conheço e explorar aquela que não tive o prazer de conhecer quando morava lá. Isto traz uma ansiedade e expectativa boa, e não há realmente o que fazer senão esperar pra ver o que vai acontecer e que cidade eu vou realmente reencontrar. Mas uma coisa é certa...


Finalmente primavera...

Não posso dizer que a primavera é a estação do ano favorita porque cada estação traz a sua própria beleza, mas acho que esta é a estação que me deixa mais contemplativa e feliz.
Aqui na Califórnia o inverno nem é tão rigoroso comparado com as outras partes do país, mas assim como nos outros lugares, acontece uma mudanças bem visíveis na vegetação além do vento gelado e temperaturas mais baixas.
As árvores perdem suas folhas e ficam parecendo mortas. Não há flores, mal vemos passarinhos por aí... a única coisa que parece viva é a grama verdinha, verdinha nos morros ao redor devido a chuva, pois assim que começa a esquentar estes morros ficam com grama seca, o que dá aquela impressão de morros dourados - e também os perigos de queimadas que acontecem todos os anos...
Enfim... na primavera a vida parece ressurgir do nada, flores brotando, folhas novas nascendo, um solzinho pra esquentar e deixar pessoas mais felizes.
Lembram que tinha escrito há alguns meses o post sobre o meu jardim? Pois é, depois de vários meses em que aparentemente nada estava acontecendo finalmente posso contemplar a beleza das tulipas e das dafdolis no meu jardim :-)..


E isto claro, trouxe-me também a lembrança de uma lição aprendida...
Às vezes em nossa vida passamos por longas temporadas de inverno. Seja solidão, tristeza ou apenas um momento muito difícil em que a vida parece simplesmente secar, desaparecer. E é neste momento em que ficamos frágeis e até mesmo aqueles que passam por nós imaginam que não temos mais vida, mais nada para oferecer...
Neste momento o que realmente precisamos é de alguns cuidados  como: proteção das geadas, adubos são colocados no solo. E apesar de parecer que estão sendo machucadas e danificadas, é necessário também podar alguns galhos, retirar folhas mortas, tudo isto para que quando a primavera chegar, a planta possa estar mais firme, mais bonita, mais saudável.
Por isto se você está passando por uma fase de inverno, não desanime. Deixe-se ser cuidada por aqueles que te amam. E a nós, cabe dar um sorriso, uma palavra amiga, um conselho ou apenas ouvir aqueles que estão passando por esta aridez.
Somente assim poderemos juntos, desfrutar com alegria a estação do renascimento, do milagre da vida chamado primavera, cheia de cores e sabores.

Quando a tão esperada férias vira dor de cabeça...

Preciso muito ouvir conselhos de pessoas que moraram no exterior e que voltaram de férias ao Brasil. Principalmente quando retornaram a primeira vez e já explico o motivo...

Como mencionei num post anterior devido a motivos burocráticos com visto não pude ir ao Brasil desde que cheguei aqui. Nisto se passaram 6 longos anos... queria ter pego o avião no dia seguinte do recebimento do meu green card, mas precisamos fazer um longo planejamento para a tão esperada férias.
Na minha inocência e no auge da minha alegria enviei email para os amigos mais próximos e as pessoas que acompanharam ao longo dos anos a minha saga, dizendo quando estaria em São Paulo. E aí os problemas (mesmo que no bom sentido) começaram. Não terei disponibilidade para passar um tempo de qualidade com todas as pessoas que querem me ver. Muitos com grande carinho convidaram para jantar, passar um dia na casa, mas será praticamente impossível por conta dos dias limitados e dos programas que já tinha feito com a minha família.
E aí eu fico me sentido culpada por achar que não vou conseguir dar atenção pra todos. E o marido fica desesperado tentando me consolar, dizendo que não será a última viagem ao Brasil e que haverão outras oportunidades...
O pior de tudo é o seguinte: pessoas que durante estes 6 anos nunca se importaram em mandar email, ligar no skype pra saber como estava, até mesmo deixar um recadinho no facebook e agora dizem que eu não posso fazer a desfeita de não encontrar com eles. Pra vocês terem uma idéia, uma querida amiga muito bem intencionada resolveu fazer uma "reunion"com algumas pessoas que estudaram comigo no ginásio! ou seja, não tenho notícias ou não falo com estas pessoas há pelo menos 20 anos! E ela já deixou bem claro que se eu não for, não terá o tal do encontro. Quando disse a minha disponibilidade ela simplesmente disse que não tenho obrigação nenhuma de ir e nem deixou eu explicara minha situação e desligou o bate papo na minha cara. Fiquei super triste...
Sei que deveria estar suuuuper alegre com esta oportunidade e com tanta gente querendo me ver, mas estou com uma confusão de sentimentos muito grande, porque no meu dia a dia estas pessoas não estão presentes então eu sinceramente não entendo esta vontade e necessidade enorme de me ver...
Se eu pudesse e tivesse tempo, teria o maior prazer, mas não quero e não posso sacrificar o pouco tempo que tenho com a minha família, por outro lado não quero menosprezar a consideração que as pessoas tem por mim...
Enfim, hoje fiquei muito chateada com este assunto e gostaria muito de ouvir a opinião de vocês em relação a isto. A cada dia que se aproxima da viagem a minha ansiedade e nervosismo aumenta, pelo mix de emoções de voltar a minha cidade natal, rever as pessoas que eu amo mas também por conta deste stress...
Desde já agradeço os conselhos e a ajuda!

Searching for Sugar Man

Foi numa conversa na aula de espanhol após a cerimônia do Oscar que ouvi o nome deste filme pela primeira vez. A minha professora disse que o filme havia ganho o prêmio de melhor documentário e que tinha sido filmado quase que em totalidade com um iphone. A história parecia interessante.
Um cantor de Detroit que simplesmente nunca foi conhecido ou reconhecido nos EUA foi um grande sucesso, maior mesmo que Elvis Presley e Rolling Stones, na África do Sul. Dizem que ele fez a cabeça da geração rebelde que lutava contra o Apartheid no país. Era um ídolo mas pouco se sabia sobre o mesmo. Infelizmente as notícias que chegaram era que ele havia se suicidado. E o mito continuou e cresceu. E ele vendeu milhões de discos e depois CDs para gerações de sul-africanos. Até que um dia alguém resolveu buscar a verdade. Tentar encontrar este tal de Rodriguez e saber o que realmente causou a sua morte.
O documentário é cheio de entrevistas e recheado com as músicas tristes e fortes do cantor. E no meio do filme você fica tenso no sofá querendo saber o que aconteceu com o mistério, até que você vibra e chora com as respostas encontradas.
Não vou contar mais sobre o documentário, mas gostaria de colocar aqui as lições que este lindo documentário trouxe pra minha vida:

O cantor veio de uma família pobre e viveu numa cidade cheia de violência, drogas e pobreza. Detroit não era exatamente um lugar lindo para se viver naquela época. Mas ao invés do cantor transformar a situação que via em revolta, amargura, ele transformou em poesia, em música. Assim como um dos seus colegas de trabalho que foi entrevistado durante o filme disse, "Você pode transformar coisas ruins que estão ao seu redor em algo lindo.". Eu não acredito que uma pessoa que não nasceu em condições favoráveis seja condenada a viver uma vida ruim, de pobreza, de amargura. O meio irá sim, de certa forma influenciar a forma como vivemos, mas cabe somente a nós decidir se esta inflência será negativa ou positiva.

A nossa vida tem um impacto enorme na vida de outras pessoas, de uma forma que as vezes a gente não tem a menor idéia. Assim como o cantor que não tinha a menor idéia do quanto as suas palavras ajudaram a mudar a cabeça de uma geração a lutar abertamente contra opressão, nós não temos a menor idéia do quanto podemos influenciar com a nossa vida e com as nossas palvras a vida de outras pessoas. Por isto devemos sempre tentar plantar coisas boas, não somente no nosso jardim mas também no jardim dos outros. Nunca pense que a sua vida não tem valor e que você jamais fará a diferença no mundo porque você é uma pessoa importante e única.

Os sonhos só morrem quando deixarmos de alimentá-los. Uma pessoa no filme disse: "Não é porque alguém é pobre e tem uma situação desfavorável que não tem a capacidade de sonhar e fazer coisas maravilhosas". Que mais bela verdade. Todos nós somos capazes de sonhar e fazer os sonhos se tornarem realidade, a não ser que desistamos deles. Talvez não seja a realização imediata ou da forma que se esperava, mas um dia se tornará realidade. Aprendemos tanto com as pessoas ao redor, não importa se é o gari ou o presidente. Todos tem dentro de si algo de belo e importante para compartilhar, esteja atento as oportunidades e aprenda com os outros. Ajude sonhos a se transformar em realidade e se não puder fazer nada, pelo menos não mate os sonhos de outra pessoa por mais impossíveis que pareça porque pode ser que seja a única coisa que esta pessoa tenha para ter forças para viver.

Seja você mesmo. Seja humilde. A humildade é uma das mais belas qualidades que uma pessoa pode ter. Fiquei impressionada com a humildade do cantor Rodriguez, a forma simples das suas palavras, o seu estilo de vida. A sua humildade foi inspiradora e cativante.

Um dia, você irá colher os frutos do seu trabalho. Por isto, preste bem atenção no que está plantando nesta vida.

Aqui está o trailer oficial do filme, quem está no Brasil acho que o título é "Procurando por Sugar Man", mas não tenho certeza. Se tiver oportunidade, assista o filme e inspire-se! E me deixe suas impressões sobre o mesmo.


A Califórnia em que eu vivo...

Como havia comentado em algum post anterior eu meio que vim parar na Califórnia sem querer.
Na verdade tudo o que eu sabia da Califórnia eram as informações dos filmes e seriados americanos, que mostram aquela vida luxuosa de Beverly Hills e a vida descontraída dos surfistas e gente que adora morar a beira da praia.
O que ninguém me contou é que esta é a realidade de algumas pessoas sim, mas não da maioria dos californianos, principalmente daqueles que moram pelas bandas de cá, na região de San Francisco. A Califórnia é giiigante e com tantos climas, culturas, pessoas e costumes que sinto até injusta a minha tentativa de tentar explicar pra alguém como é a vida aqui. Porque sim, a Califórnia pode ser boa ou ruim, depende da pessoa que você perguntar, por isto a  singela visão sobre a Califórnia que eu conheço, levando em consideração a minha experiência, o que vi, vivi e ouvi por aqui. As diferenças são muitas, mesmo levando em consideração de cidade pra cidade. Mas algumas características são comuns. Ou pelo menos se percebe na maioria das vezes e das pessoas e é isto que quero falar um pouco, talvez matar um pouco a curiosidade de quem, assim como eu, achava que a vida na Califórnia seria como a do Seth, Ryan, Marissa e compania do seriado O.C.
O meu primeiro espanto quando cheguei por aqui foi o clima. Achei que teria que me acostumar a morar num lugar quente, mas as temperaturas são agradáveis. Chove alguns meses por ano na época do inverno e depois passamos 8, 9 meses sem chuva. E por causa do Oceano Pacífico a tão famosa neblina é comum nos meses de verão o que pega muita gente de surpresa quando vem passar as férias na região porque a temperatura chega a uns 15 graus em San Francisco. E basta dirigir apenas alguns minutos pra uma cidade vizinha e a temperatura está beirando os 30 graus. Os dias são ensolarados, mesmo que seja frio, o que eu amo. E quando chove, chove pra valer. Apesar de parecer loucura, sim neva por aqui. Mas o por aqui que eu falo é na região montanhosa ao norte do Estado, perto da Sierra Nevada, mais ou menos umas 4 horas ao norte de San Francisco. E é pra lá que muitos vão todos os finais de semana do inverno para esquiar, principalmente na região linda do Lake Tahoe.
As praias são bonitas, mas a água é extremamente gelada, apesar de você sempre ver crianças brincando na água e pessoas passeando na praia com blusas de frio e bota, todas as épocas do ano. E claro, os surfistas com suas roupas de borracha, que só Deus consegue explicar o que eles fazem naquela água gelada em meio a tubarões e ondas gigantes. Como eu nunca fui chegada a me torrar na praia, eu me dei bem com o estilo daqui. Aprendi a apreciar uma tarde tranquila sentada na areia, lendo um livro ou simplesmente olhando o mar. E se você estiver esperando um vendedor trazer aquele espetinho ou bebida, você está bem enganado. A praia aqui é só praia. SE você quiser comer, tem que levar lanchinho de casa ou então ir pra algum restaurante que as vezes nem é tão próximo da praia. E nem pense em beber algo alcóolico porque é proibido (claro que isto não quer dizer que as pessoas não façam, mas correndo o risco de serem multadas). Porém ir a praia é sempre uma ótima experiência, principalmente na região de Monterey e Carmel-by-the-Sea, há mais ou menos 1h ao sul de onde moro pois pode-se ver lontras no mar e uma vez sentada com uma amiga na areia pude ver dois golfinhos brincando bem próximos da costa, a coisa mais linda do mundo. Um dos meus maiores sonhos é poder ver uma baleia, já que por aqui é a rota de migração delas. Se você der sorte pode avistar alguma perdida perto da Golden Gate, mas geralmente o ponto mais legal para ir ver a migração é no nacional parque chamado Point Reyes, um dos lugares mais lindos deste lugar, que fica mais ou menos 1h e 30min ao norte de San Francisco, seguindo a Highway 1. E claro não posso me esquecer dos leões marinhos que estão sempre prontos para uma fotografia no Pier 39 em San Francisco.
Outra coisa que adoro por aqui é a quantidade de parques e praças para fazer caminhada, andar de bicicleta, fazer o famoso hiking que é simplesmente uma caminhada pelas montanhas. Adoraria aproveitar melhor a estrutura que temos ao redor, mas o meu marido não é muito chegado nisto. Mas os californianos adoram e muita gente vai dizer que o hobby no final de semana é fazer alguma atividade ao ar livre, seja caminhar, andar de bicicleta, olhar pássaro, fazer picnic ou coisas semelhantes. O imporante é estar lá fora, outdoor, aproveitando a natureza. Há muitas opções de lazer que são gratuitas ou de baixo custo, o que eu adoro, sempre tem alguma coisa diferente e nova pra se fazer.
Isto me faz lembrar que as pessoas aqui são muito preocupadas com a saúde e muitas pessoas praticam esportes e tentam levar uma vida mais saudável. Então é muito comum você encontrar por aqui pessoas que possuem uma dieta alternativa seja vegetariana, vegana (nada de alimentos de origem animal), sem carboidratos, sem açúcar e claro, tudo orgânico. E isto acaba refletindo nas festas de aniversário, nas reuniões e até mesmo quando eles vão comer junk food como pizza. E pela população ser assim, acaba-se encontrando com certa faciliade supermercados e restaurantes alternativos também. Claro que existem McDonald's da vida, mas a maioria da população não come por lá, principalmente as crianças.
E por falar em crianças a educação das mesmas por aqui também segue o seu estilo alternativo. Nem em sonho você educaria uma criança aqui com palmadas, porque com certeza se a professora ou o seu vizinho descobrir, acabam chamando o Serviço Social pra te denunciar e você acaba sofrendo no mínimo uma investigação por abuso de criança. Então como faz? Aqui tem um tal de ficar argumentando com criança  explicando pra ela o porque disso, o porque daquilo, o porque ela não pode aquilo e o porque dela fazer isto. E se a criança começa a argumentar, tem toda uma explicação do porque do porque do porque... aqui não existe: "Não e pronto porque sou sua mãe.". Toda uma filosofia para educar crianças que seja inteligentes emocionalmente e independentes. Falar não pra uma criança é quase um crime, contrariá-la então até a mesma chorar de jeito nenhum!!!
Há uma mistura racial e cultural imensa por aqui. Quase todos os meus vizinhos são imigrantes. Principalmente na região do Vale do Silício, há gente de todas as partes, então é comum ver pessoas na rua usando saris, burcas, etc. Há restaurantes, supermercados e até mesmo escolas culturais para atender a demanda dos expatriados, o que eu acho ótimo! Depois que vim morar aqui aprendi a comer comidas típicas de vários tipos como indiana, tailandesa, mexicana, cubana coisas que jamais experimentaria em São Paulo primeiro pelo preconceito e claro, pelo preço absurdo desta comidas "exóticas".
Mas não é só na culinária que esta mistura de culturas influenciam a minha vida. Como preciso conviver com pessoas diferentes, de culturas e pensamentos diferentes, religião, costumes e tradições, acabei aprendendo muito a ser mais aberta para aceitar as nossas diferenças e a respeitá-las, mas também as minhas tradições e cultura parecem que ficaram mais fortes também. Apesar de parecer que somos todos tolerantes, às vezes me surpreendo como as pessoas reagem ao ouvir a opinião de uma pessoa que é contrária a da maioria. Por exemplo, se você disser que é contra o casamento gay, mesmo que seja a sua opinião, as pessoas começam a te taxar de um monte de rótulos e a tolerância e respeito acabam indo para o ralo. Acho um pouco hipócrita. As pessoas se respeitam se você tiver a mesma opinião que a da maioria, senão é logo taxado de careta ou granola, ou sei lá o que.
E como consequência viver aqui pode ser algo um pouco solitário, porque não é fácil se relacionar com estas pessoas tão diferentes, porque as nossas expectativas quanto ao comportamento de um amigo, por exemplo, podem não ser correspondidas por conta das diferenças culturais de relacionamento.
E por falar em relacionamento, como é difícil se relacionar com pessoas por aqui! Não somente pela questão cultural, mas porque parece que a maioria esta interessada em apenas fazer networking, caso um dia precise de você. AS pessoas no geral são muito simpáticas, principalmente em lugares como San Francisco, onde elas tratarão um turista muito bem, mas é tão difícil criar laços de amizades. É cada um no seu quadrado. As vezes a vida parece meio plástica, falsa. Aqui não existe esta coisa de visitar amigo em casa, passar horas ao telefone, encontrar pra bater papo. Tudo tem que ser agendado antecipadamente, porque todos estão correndo com o trabalho e cuidando dos próprios interesses. Isto pra mim foi uma das coisas mais difíceis e hoje em dia mesmo morando aqui há 5 anos, tenho pouquíssimas amizades daquelas com definição brasileira.
E por falar nos brasileiros, aqui como em todo lugar do mundo tem aos montes. E dos mais variados tipos, como já expliquei num post anterior também. Mas eu não procuro brasileiros. Se eles chegam até mim e são boas pessoas ficam, se não chegam e vão embora também. O segredo é encontrar um e você acaba encontrando uma comunidade inteira. A minha cabeleireira por exemplo, é brasileira. Existem vários restaurantes, supermercados, mecânicos até mesmo escolinha de português na região. Percebi que tem bastante gente morando aqui da região de Goiânia, contrário a outra costa onde era mais comum encontrar pessoa dos estados do Sudoeste do país. E claro, se você pagar 50 dólares a mais na sua tv a cabo, pode ter acesso a Globo internacional com suas novelas e jornais e alguns programas infantis pra matar a saudade de casa.
Os salários daqui são mais altos em relação a maior parte do país, mas também o custo de vida é muito grande. San Francisco é uma das cidades mais caras do país para se viver, por exemplo. E talvez por causa do custo de vida é que as pessoas trabalhem tanto. Quando a bolha imobiliária estourou em 2008, muitas pessoas perderam as suas casas para os bancos porque estas estavam com o preço super inflados. E por muito tempo os preços das casas estavam baixos, mas agora subiram novamente. E pela imensa procura, até mesmo alugar uma casa custa caro. Um apartamento de 1 dormitório por exemplo, na região do vale do Silício, deve custar em média 1.700 dólares. E não é nada de luxo não viu, coisa simples mesmo. Então mesmo que o seu salário seja maior, não fica muito dinheiro no bolso.
O transporte público é precário. Não no sentido de ser velho ou de não existir, até existe e é bom, o problema é que se demora muito tempo para chegar de um lugar ao outro de ônibus e por isto é quase mandatório ter um carro por aqui. Sem um carro, você não é ninguém ou a sua vida fica bem limitada. O trânsito aqui não é ruim, porque existem as chamadas Freeways, estradas com mais ou menos 4 pistas em cada sentido, que ligam uma cidade a outra. Mas é claro que em horário de pico fica um congestionamento enorme. Uma coisa que não gosto aqui é a agressividade de alguns motoristas e a falta de noção de outros. Mas nada comparado com a loucura de São Paulo e seus motoboys.
Pra ser sincera achava que aqui era bem mais seguro há alguns anos. Infelizmente as notícias que via na televisão no Brasil parecem que estão ficando cada vez mais comuns por aqui. Assassinatos, estupros, sequestros e muitos roubos. Tanto que direto aparece alerta na televisão para se tomar cuidado com celulares, principalmente smartphones nos ônibus e metrô de San Francisco. Uma pena. Tem uma cidade chamada Oakland que sempre está nos noticiários com assassinatos de bala perdida ou de envolvimento de gangues.
E assim é a Califórnia que eu conheço, que  aprendi a amar e a chamar de lar. Não é um lugar perfeito como os seriados mostram, mas é um bom lugar para se viver, com um ritmo diferente do que eu vivia em São Paulo. Se este vai ser o meu lar pra sempre, só o futuro me dirá.

E você conhece uma outra Califórnia? Tem algo que gostaria de saber?  Adoraria ouvir os seus comentários!

Vale a pena cuidar do seu jardim...

Não, o meu post hoje não é sobre jardinagem. Apesar que foi um momento enquanto eu cuidava do meu jardim que me veio a inspiração para escrever esta mensagem. Porque o meu jardim tem me ensinado pequenas e preciosas lições sobre a vida.

Quando mudei-me para a minha atual casa não havia flores bonitas e bem cuidadas nos canteiros, apenas umas flores amarelas emaranhadas que mais pareciam ervas daninhas. Mas não eram. Elas só precisavam ser podadas e regadas para crescer e florescer ainda mais.
É muito fácil reclamar que a  vida está vazia, sem beleza e sem alegria. Mas assim como flores não nascem se não forem plantadas, não veremos resultados positivos na nossa vida se não tomarmos em primeiro lugar a decisão de cuidar da nossa vida e fazer o que for preciso para alcançarmos as nossas metas. Assim como aquelas pequenas flores que pareciam apenas ervas daninhas, o que pode estar faltando não somente na vida, como nos relacionamentos é apenas a sua atenção.

Para plantar novas flores foi preciso pesquisar o melhor tipo que conseguisse sobreviver a temperatura e luz proporcionadas no meu jardim. Foi necessário preparar o canteiro com nova terra, fertilizante e água, muita água...
As primeiras coisas, primeiro. Planejamento é bom e necessário para se conseguir alcançar um objetivo. Sonhar é muito bom, mas para sair da fase do sonho e fazê-lo tornar realidade é preciso um planejamento e acima de tudo ação. Um passo de cada vez, uma mudança por vez e quando menos se percebe, mudamos uma situação, melhoramos um relacionamento, conquistamos algo muito desejado. É melhor andar devagar e na direção certa do que sair correndo sem rumo. E claro, se não for possível fazer estas pequenas mudanças sozinho, procure ajuda de quem sabe, de quem já passou por algo parecido.

Por mais que você cuide, algumas flores vão morrer nas suas mãos e você vai precisar tomar uma atitude.
Gostaria de dizer que ser cuidadoso, amoroso, seguir um plano é a receita para o sucesso, mas não é. Há circunstâncias que fogem do nosso poder e que podem "matar" aquilo que estávamos cultivando. Lembro de ter adiado por dias arrancar uma flor que eu gostava muito porque ficou doente com mofo e morreu. Tinha a esperança de que iria melhorar e redobrei cuidados, pesquisei em sites, até mesmo podei a planta com esperança de que sobrevivesse, mas com o passar do tempo, percebi que não somente a planta morreu como o mofo contaminou o solo e tive que retirar toda terra do canteiro.
Às vezes adiamos demais a decisão de tirar da nossa vida hábitos e pessoas nocivas, com a esperança de que as coisas vão melhorar e acabamos nos machucando muito mais com o passar do tempo. Uma decisão radical de arrancar o que faz mal da nossa vida é difícil, mas muitas vezes necessário para que possamos crescer e sermos felizes novamente. E depois que finalmente tomamos a decisão de fazê-lo, nos perguntamos o porque de demorarmos tanto para tomar uma decisão vital que teria nos poupado de muita dor e sofrimento se não fosse postergada.

Se a primeira tentativa não deu certo, não desanime. Aprenda com os erros e tente novamente!
Fiquei arrasada quando as minhas flores favoritas morreram. Mas não desisti de ter o meu jardim florido. Fiquei um pouco triste, mas ao invés de ficar desanimada, a determinação cresceu para fazer o meu objetivo se concretizar. Às vezes ficamos tão decepcionados com os obstáculos que a vida nos coloca que nos esquecemos de arregaçar as mangas e trabalhar para que o nosso objetivo se concretize. Mesmo que dê muito trabalho. Mesmo que as pessoas digam que você não é capaz. Mesmo que hajam muitas frustrações.

Ter um jardim bonito requer trabalho, dedicação. É um trabalho muitas vezes solitário e que não tem resultados instantâneos. Paciência é a chave para o sucesso. 
Depois do episódio das plantas mortas, decidi plantar tulipas no meu jardim. Veja bem, eu amo tulipas mas não sabia absolutamente nada sobre como plantar ou cuidar delas. Depois de muito pesquisar, fiz toda a preparação do solo, adubo e as plantei no final de novembro. Até esta semana parecia que nada estava acontecendo. Mesmo assim regava, ia olhar, limpava o canteiro até que um dia eu cheguei perto dos canteiros e vi pequenos brotos saindo da terra. Nada se compara a felicidade de ver os primeiros, mesmo que sejam pequenos, resultados do trabalho e dedicação. Algumas pessoas não vai nem entender o motivo da sua alegria, mas não deixe de celebrar cada pequena conquista em sua vida.
Pode parecer que o inverno é interminável e o frio insuportável, mas ele vai passar e a primavera vai chegar e com ela os frutos do seu trabalho e dedicação.

Portanto, ao invés de sentar e reclamar da aridez da sua vida, decida trabalhar silenciosamente no seu jardim. Tenho certeza de que você colherá bons frutos, mesmo que demore um pouco para parecer resultado. E aqueles que não acreditavam ou riam de você, ficarão surpresos com o resultado do seu árduo trabalho. E as flores que você tanto desejava, irão florir na sua vida e fazer mais bela não somente a sua vida, mas a vida de todos aqueles ao seu redor.