Num dia qualquer em San Francisco



Hoje o dia em San Francisco estava lindo. Quente, ensolarado. As pessoas estavam passeando e aproveitando o restinho de verão. Eu decidi caminhar sem rumo, mas por causa da minha limitação não fui muito mais longe do que o Pier 5, o meu lugar favorito na cidade. Enquanto caminhava depois do ATT park um estranho me abordou pedindo direção. Era um rapaz jovem, com no máximo 25 anos. Tinha um estilo mochileiro/hippie e parecia estar muito cansado. Como continuávamos caminhando na mesma direção, ele puxou papo falamos sobre a cidade, de onde ele era, sobre um pouco a vida. Nada pessoal, mas o suficiente para começar e continuar uma conversa. Falei pra ele que estava procurando emprego e que não sabia o que queria fazer. Ele simplesmente me disse pra seguir a minha paixão, que assim eu encontraria não somente o meu caminho, mas também faria um bem para o mundo. Achei bonito o que ele me falou e me deixou pensativa por muito tempo. Se fosse num outro dia, eu nem teria parado para falar com ele, teria ficado com medo, mas justamente hoje eu tinha pedido pra Deus que queria conversar com um estranho, conhecer um pouco de uma história. Ele me disse que estava viajando pela Califórnia e foi visitar Yosemite. E que fez hike do Half Dome. Ele descreveu como a coisa mais difícil que ele já fez na vida porque ele não estava preparado. Não estava preparado, mas tinha força de vontade para continuar escalando e chegou ao topo a tempo de ver um lindo por-do-Sol. E ele falou que a beleza daquele momento ficou pra sempre registrado na memória dele e que só de imaginar, os olhos dele se enchiam de água, o que realmente aconteceu. Não teve foto, mas ficou gravado na memória e isto pra ele é o que importa. A gente precisa aprender a guardar momentos especiais assim, tão vívidas na nossa memória que nos emocione novamente, nos traga lágrimas de alegria e sorriso no rosto. A vida é simples, ele me disse. Ele comia coisas simples, dormia em lugares simples, mas o importante para ele era colecionar este tipo de momento. Respeito este tipo de pessoa. Também me contou que trabalha muito duro durante o ano inteiro, em dois trabalhos no Arizona e no verão ele vai viajar, conhecer gente e novos lugares. Antes de nós despedirmos passamos pela Bay Bridge e contei pra ele que antigamente tinha uma estrada passando por onde estávamos caminhando. Uma tragédia em 1989, o terremoto Loma Pietra, derrubou a freeway que passava naquele lugar. Foi um acontecimento terrível, houve mortes e feridos, mas se não tivesse acontecido aquilo, aquela rua, a Embarcadero não seria tão convidativa como é hoje. E isto me fez lembrar que às vezes na nossa vida passamos por momentos trágicos e que pra nós significa destruição e dor, mas que lá na frente, irá nos beneficiar imensamente. Ao chegarmos no Ferry Building expliquei  como chegar no Pier 39 e fiquei por lá. Pra minha surpresa ele me deu um abraço e disse que foi bom ter me encontrado. E entrei no Ferry Building olhando aquele monte de gente, cada um com o seu celular, correndo para pegar algo para o almoço, gente sorrindo, outros tirando fotos. É a San Francisco de um dia lindo de verão, onde realmente se faz calor e está ensolarado. O meu próximo ponto de parada é o Pier 5. Aquela ponte linda onde algumas pessoas pescam e muitos vão tirar fotos da Bay Bridge. Gosto de olhar a Coit Tower e também o Transamérica Building. Sento e olho crianças correndo, gente tirando foto, pessoas pescando, duas pessoas se exercitando. E de repente o alarme soa bem alto. Lembro-me que é terça-feira, meio dia. É o teste semanal do sistema de alarme de emergência da cidade. Observo que duas meninas paralisam com os olhos arregalados, a té que é avisado no sistema que isto é só um teste. Elas respiram com alívio e dão risada. Em meio aos meus pensamentos peço apenas para Deus para que eu sempre dê valor para estes pequenos momentos. Aproveitar a beleza natural do lugar onde moro, as pessoas, os sorrisos, os momentos bons porque são estas coisas que fazem a vida valer a pena. O dia de hoje não foi nada especial, mas foi um dia feliz. E pra terminar melhor ainda, um sorriso de genuína alegria do meu marido ao chegar em casa. Deus, obrigada por este dia. Obrigada.
Pier 5 - Arquivo pessoal

Bay Bridge - Arquivo Pessoal

The Embarcadero - Arquivo Pessoal

O mundo segundo os brasileiros - San Francisco

Em uma tarde de domingo preguiçosa, estou eu divagando pelo google quando me deparo com um programa que acho que já passou há algum tempo na Bandeirantes chamado "O mundo segundo os brasileiros". Encontrei vários vídeos na íntegra no youtube e claro que o primeiro que fui assistir foi o episódio de San Francisco.
No modo geral, eu gostei do programa, mas achei que eles abordaram demais apenas um aspecto da cidade. A maioria dos lugares por onde os brasileiros mostraram, eu fui só de passagem ao longo destes 5 anos de Califórnia. Mas como em qualquer outro lugar do planeta, San Francisco tem de tudo e cada um procura e acha o que lhe agrada, certo? Foi bem interessante e a cada paisagem, eu só pensava : "Meu Deus, eu já caminhei por estas ruas, conheço estes lugares!". Se você não teve oportunidade de assistir, vale a pena!



Longe dos olhos, mas perto do coração

Existem incontáveis coisas boas de morar fora do país, e sou eternamente grata a Deus pela oportunidade de conhecer lugares, culturas e línguas diferentes.
Apesar de parecer bastante glamuroso, a vida aqui não é muito diferente da vida que as pessoas levam em qualquer outro lugar do mundo.
A parte complicada, difícil é quando o coração está lá no Brasil enquanto você está fisicamente longe de tudo e de todas as pessoas que você ama, principalmente quando algo extraordinário acontece na vida destas pessoa.
Hoje pela manhã, assim que acordei fui bisbilhotar o que estava acontecendo no Facebook e qual foi a minha alegria, quando em alguns cliques vi a foto da recém-nascida do meu melhor amigo. Meu coração se encheu de alegria e emoção, meus olhos de lágrima e eu só tinha a vontade de ligar pra ele pra dizer o quanto eu estava feliz por aquele milagre acontecer na vida dele.
Naquele momento eu queria uma máquina de me teletransportar para estar ali, dividir lágrimas e sorrisos e abraços mas isto ainda não é possível. E naquele exato momento a minha relação de ódio com o Facebook terminou por alguns minutos  estava extremamente grata por esta ótima ferramenta de aproximar pessoas e permitir ser testemunha, mesmo de longe, de um milagre.
Sei que meu amigo e sua esposa estão rodeados de carinho e demonstrações de alegria e felicidade e apesar de me sentir um pouco espectadora do momento, posso dividir esta alegria com eles através de palavras através do Facebook e Whatsapp. É pouco, mas é tudo o que posso fazer neste momento pra demonstrar pra eles que mesmo longe, o meu coração está lá com eles.