Mãe da Paulistana na Califórnia...


Os dias que antecederam a viagem dela até aqui foram super estressantes pra mim, e exatamente como da outra vez, quase tive um troço de preocupação em como ela iria se virar do aeroporto de Guarulhos até aqui sozinha, sem falar uma única palavra em inglês.
 Sei que muitas pessoas passam por situação semelhante quando os pais viajam pra cá, mas conselho de amiga, tenta relaxar porque enquanto eu fiz mapa de aeroporto, glossário dos termos, bilhete com meu número de telefone e um roteiro do que ia acontecer passo a passo do check-in em Guarulhos até o nosso encontro em San Jose, a minha mãe nada boba tratou de "fazer um amigo" no avião que a ajudou a preencher papel da alfândega - o formulário I94 não é mais preenchido  - e a ajudar a passar pela imigração.
Na primeira vez o oficial conversou com ela em espanhol e ela tinha certeza de que era uma pessoa bilíngue porque conversou com ele com sucesso. Agora uma tradutora que trabalha no aeroporto foi chamada e ela não teve nenhum problema também. Acho que eles nem leram a cartinha que escrevi...
O único momento "susto" foi quando ela desembarcou em San Jose e tinha certeza de que eu estaria esperando por ela ao sair do avião, mas isto porque quando ela foi embora na última viagem eu requisitei um "Gate pass" e a companhia na época, Continental, emitiu como se fosse uma passagem pra passar pela segurança do aeroporto e levá-la até seu portão de embarque. Mas ela que não é nada boba, viu que todo mundo continuava caminhando e lembrou que nos encontraríamos perto das malas e foi seguindo as placas para "baggage claim"- e fico feliz por ter feito o glossário pra ela!!!
Então quando ela passa bela e formosa direto pela saída, eu a avisto e grito: "Mãããeeeeee" e ela se volta e me vê, assim como todos os outros passageiros e seguranças do aeroporto naquele momento :-).
E cada momento desde aquele abraço apertado é um momento tão gostoso, tão especial, mesmo que seja só ficar assistindo televisão ou ir fazer compras no supermercado local. Porque a percepção dela do novo é encantador e interessante e me faz relembrar as minhas próprias experiências como recém-chegada.
E fico torcendo para que os dias passem bem devagarzinho, não só para aproveitar a comidinha gostosa, mas para ter a oportunidade de abraçar apertado, de ver o sorriso dela,  ouvir as lições que mãe sempre está pronta para dar e ouvir as broncas de que eu não estou comendo direito e que eu devo subir pro escritório pra trabalhar ao invés de ficar batendo papo com ela. E fico me perguntando porque é que quem tem ela por perto não aproveita do mesmo jeito, não dá a atenção que ela merece, a paciência e o amor que ela precisa.
Ainda tenho algumas semanas com a presença dela e tenho tentado aproveitar ao máximo, pulando da cama ao ouvir ela andando de pontinha de pé pelo corredor pra ir ao banheiro porque ela sabe que se eu souber que ela está acordada eu também vou levantar, mesmo estando exausta do dia anterior até a hora de dormir.
E aproveito a oportunidade para ensiná-la algumas receitas e truques de dona de casa e ensiná-la a usar o tablet pra entrar neste mundo que ela só ouviu falar de internet/Facebook e pular de alegria e dar gargalhadas ao escrever email e "fazer amigos no Face" como ela costuma dizer. (pois é, que ironia do destino, mas ela estava tão empolgada que não posso dar minha visão sobre o bendito)
Sou grata a Deus tanto por esta oportunidade e espero que muitos destes momentos continuem a existir e que quando eu chegar aos meus 57 anos, eu continue com esta curiosidade e coragem pra viver novas experiências e experimentar a vida com bom humor e alegria, apesar dos pesares.
E juro que queria ser uma mosquinha pra ouvir a conversa dela com suas amigas e conhecidas sobre as coisas que ela viu e viveu aqui...

A rebelde sem causa. Será mesmo??

Sim, me desconectei do Facebook. A princípio temporariamente, mas pensando seriamente em uma medida permanente. Os motivos são basicamente 3:
  1. O Facebook me deixa deprimida. Sim, deprimida. Pra colocar de uma forma bem simples, a vida perfeita de comercial de margarina ou do trailer do filme curtindo a vida adoidado faz a minha vida normal parecer pior do que realmente é, menos interessante do que é. Querendo ou não rola a comparação e começo a me julgar e questionar todas as decisões que tomei na vida, porque afinal, parece que todo mundo está no rumo certo, menos eu.
  2. Cansada do contato superficial das pessoas. Hoje em dia é muito fácil curtir um comentário e uma foto, ler notícias (que foram friamente calculadas e selecionadas) em posts no facebook do que sustentar uma conversa franca e sincera, pra saber como a vida realmente está e como você se sente. Depois do meu post de despedida não recebi nenhum email ou ligação pra saber como eu estava, o que estava acontecendo. Afinal, a vida é corrida, ninguém tem tempo pra estas coisas. Mas todos encontram tempo pra ficar navegando e interagindo no mundo facebookiano. 
  3. Respeito com usuário e sua privacidade. Este foi o motivo número 1 de ter abandonado o facebook há 2 anos. As políticas de privacidade do site estão constantemente mudando e não para melhor. O que mais me irrita é que quando uma modificação é feito é sempre o usuário que tem que correr atrás pra fazer modificações para manter a privacidade de informações.
Pronto, desabafei. Me chame de rebelde sem causa, tudo bem. Eu preciso de amigos de verdade, não de uma lista com nomes e sorrisos de pessoas que só estão interessadas nas "novis" da minha vida.