Quando é horrível morar fora...

Estou no meio de uma viagem que esperei há muito tempo fazer. Descobrindo lugares lindos e me encantando com a cultura e as pessoas de Seoul, Coréia do Sul e de Taipei, Taiwan.
E aí ligo pra casa naquela loucura de fuso horário, contando as minhas aventuras quando a minha mãe diz que a minha vó teve um derrame e estava internada. Fico puta da vida porque no meio de tanta tecnologia existente no planeta e fora dele, fiquei sabendo da notícia no dia seguinte do ocorrido. Tento manter a calma e converso muito com a minha mãe sobre a situação dela e faço ela  prometer me mandar mensagem não importa qual seja a hora com novidades.
No dia seguinte saio para fazer um passeio que já tinha programado, mas o coração não está em paz. O lugar é lindo, sorrio para as fotos mas não me sinto feliz. O meu coração está no Brasil, imaginando o que deve estar acontecendo por lá. Aí meu celular acaba a bateria e eu pego a bateria extra e recarrego um pouco. Quase no final da tarde o bateria morre de vez e só consigo ligar o celular uma hora depois quando retorno ao hotel.
O meu coração pára por um segundo quando vejo a mensagem da minha mãe que dizia "A mãe faleceu.". Ligo pra casa aos prantos, mas tento me controlar porque sei que é mais difícil pra minha mãe do que pra mim.  Eu perdi uma vó. Ela perdeu a mãe e eu já começo a chorar só de imaginar na dor que ela deve estar sentindo.
Minha vó morreu de complicações de pneumonia. Pensa, PNEUMONIA! Mas isso não importa, acredito que ninguém deixa este planeta um milionésimo de segundo antes ou depois do que deveria. Assim foi a vontade de Deus. Trocamos palavras de consolo e digo pra minha mãe que ela sempre foi uma filha maravilhosa. Dedicada, amorosa e ela esteve com minha vó algumas horas antes dela falecer. Teve a oportunidade de dizer adeus. Nós duas sabíamos no fundo, que seria uma despedida. Nos confortamos com a certeza de que agora a vó está descansando no Senhor, sem dores, sem sofrimento.
A tristeza fica para os que estão aqui. A falta, as perguntas, a culpa para alguns. Eles estão neste momento no velório e eu aqui sozinha. No meio deste mundo de gente, sozinha. Queria muito estar lá para poder dar um abraço na minha mãe e na minha família. Mas estou aqui do outro lado do mundo, passando por luto surreal. Entendo racionalmente o que está acontecendo, mas como não estou vendo e vivenciando a perda é tudo muito esquisito.
Nestas horas é muito difícil morar fora. Estar longe. Só por um momento queria uma máquina de tele-transporte pra poder estar lá, mesmo que seja divindo lágrimas e palavras de conforto.
Guardo no meu coração o último encontro com a minha vó, o abraço apertado, as lágrimas que ela deixou rolar dizendo que não sabia se me veria novamente. Não nesta terra, mas no céu a gente se encontra com certeza vó...
E se Deus permitir em breve vou dar um abraço na minha mãe...

6 comments:

  1. Querida, não tenho palavras para te deixar que possam diminuir a dor, apenas um grande abraço.

    Sei como você se sente, pois perdi meu avô enquanto era au pair...

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    1. Mari obrigada pelas palavras de carinho. Sinto muito pela perda do seu avô, esta é uma das coisas que torna a vida de expatriada muito difícil às vezes.

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  2. Poxa, que situação triste, querida. Sinto muitíssimo. Que Deus conforte seu coração e os da sua família. Receba o meu abraço apertado.

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  3. Sinto muito. Nada do que digam diminui a dor de quem perde alguém que ama. No início a dor é muito grande mas aos poucos a saudade e as boas lembranças substituem essa dor absurda. Que Deus console você e sua familia, Um abraço. Heloisa Matias

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