Adele & me

Nao sei muito bem quando a nossa relação de amor e ódio começou.
Lembro-me que escutava a música "someone like you" no rádio do carro e ficar muito tocada até que um dia, parada no trânsito prestei atenção na letra da música e fiquei muito p. Da vida, e comecei a dar lição de moral pra Adele dentro do meu carro vazio. Como é que ela tinha coragem de ter ido até a casa do ex quando ele já estava com outra pessoa?! Quem é que faz uma coisa dessas??! É por muito tempo eu e Adele terminamos o nosso relacionamento.
Não aguentava mais escutar "rolling in the deep" no rádio todas as manhãs e dei graças a Deus quando Taylor Swift tomou conta das estações de rádio com a música do Starbucks lovers (veja você que eu entendo muito de Taylor Swift...).
Tudo ia bem até que uma bela tarde de novembro, em São Paulo nós nos reencontramos... Quando ouvi a primeira vez a música "hello" eu aceitei ouvir Adele e nós tivemos uma DR sobre o nosso relacionamento. e confesso que fui atingida pela febre Adele.
Comprei o cd 25 e baixei o 19 no ITunes já que eu já tinha o outro álbum 21. E aí entendi porque Adele faz tanto sucesso. Porque ela canta as dores do coração e quem é que já não passou por aqueles mal pedaços? Quem pode julgar as atitudes de uma pessoa com coração partido? Eu mesma já fiz tanta besteira bem digna de uma Música de Adele...
Então quando fiquei sabendo que ela iria fazer um tour nos EUA ano que vem fiquei esperando as datas e quase morro de felicidade quando descobri que ela iria cantar no SAP Center, uma casa de shows em Sán José é bem próximo de casa. Duas datas para este lugar é em pior das hipóteses poderia ir até uma cidade próxima daqui chamada Oakland.
Mal sabia eu que a revanche da Adele estava a caminho...
Como ela não faz shows há quatro anos, a expectativa dos fãs é muito grande e todo mundo quer ir ao show. Fiquei sabendo que os ingressos seriam vendidos para todos os shows dos EUA INTEIRO no mesmo horário, em um mesmo site. Já imaginei que o mesmo estaria super congestionado e estava me preparando psicologicamente pra espera e não pegar bons lugares quando me dei conta que eu estaria naquele momento dentro de um avião.
Pronto. Sabia que não teria a menor condições de achar ingresso depois que aterrissasse 3 horas depois do início das vendas. Comecei a procurar se havia pré-venda dos ingressos e tinha, mas você tinha que ter registrado no site dela, coisa que eu não fiz. Acompanhei a pré-venda pelo Twitter e vi o desespero das pessoas e como os ingressos sumiram em minutos do início  das vendas.
Já estava sem esperança quando meu marido me disse que o avião tinha Wi-Fi disponível e estava disposta a pagar uma pequena fortuna pra acessar o site e garantir meus ingressos mesmo que estivesse nas alturas em algum lugar no meio do país.
Mas a minha relação com a Adele é complicada e nada poderia ser fácil...
O Wi-Fi do avião não funcionou o voo inteiro e sabia que as minhas chances de conseguir um ingresso tinha ido por água abaixo. Mesmo assim, quando cheguei ao meu destino ainda tentei achar algo e fiquei uns 40 minutos no site de vendas oficial (que eu odeio mais do que nunca) e apesar deles colocarem que talvez houvesse ingressos disponíveis tentei comprar e a resposta era a mesma. "Sorry no more tickets available". Juro que quase chorei de raiva.
Tentei me consolar dizendo pra mim mesma que eu nem sou fã assim dela é que tudo bem, mas olha fiquei bem chateada. Tão chateada que não posso nem ouvir falar o nome Adele é sobre os ingressos... Sei que não é culpa dela que tentou de todas as formas que os fãs pudessem ter acesso já que a pessoa que compra ingresso tinha o limite de 4 por pessoa e tem que apresentar o cartão de crédito com identidade pra poder entrar no dia do show, não existe ingresso físico pra evitar pessoas comprarem grandes quantidades e tentar vender depois.
Agora estou aqui... Literalmente cantando "hello from the other side... At least  I can say that I've tried..."
Pra mim e outros milhões restou de consolo um show gravado no Radio City Music Hall em NYC que foi gravado mês passado e foi o primeiro show que ela fez em 4 anos e foi bem emocionante, ela chorou agradecendo os fãs e o noivo que estava presente...
Agora sinto que ela brincou com meus sentimentos e eu to aqui tentando me recuperar do fora que Adele me deu.
E pra aqueles que conseguiram ingressos pro show dela "I wish nothing but the best for you two..."

Como eu vi São Paulo nesta última visita

Se existe uma coisa que eu D-E-T-E-S-T-O neste mundo é generalização. Quando você generaliza acaba simplicando demais e as chances de se equivocar sobre a opinião de um lugar ou de pessoas é muito grande. Por isto que vou colocar algumas observações de como EU enxerguei São Paulo - levando em consideração as pessoas com as quais conversei e por onde passei, já que isso acaba influenciando e muito a minha experiência.

A minha família continua morando na região do Capão Redondo, na Zona Sul da cidade. Quando estou por lá,  98% do tempo estou indo pra cima e pra baixo usando transporte público com a exceção da minha ida e retorno ao aeroporto e quando alguma alma caridosa me dá carona pra ir em algum lugar. Nós daquela região continuamos com o doce sonho (que já até virou piada) da conexão da linha lilás do metrô com a estação Santa Cruz. Pelo menos mais uma estação foi adicionada desde a minha última visita (Adolfo Pinheiro). Acredito que os meus bisnetos vejam esta obra completa, mas o meu marido sonha que daqui uns 3 anos tudo estará interconectado.

Achei o sistema de transporte público bom (antes que você me xingue e jogue pedra na minha cabeça como muitos tentaram fazer quando eu disse a mesma coisa à eles, deixe eu terminar o meu raciocínio). Como os ônibus andam por corredores pela maior parte do trajeto que usei (Av. Santo Amaro, Av. Ibirapuera, M'Boi Mirim, etc) é muito mais rápido chegar nos lugares de ônibus do que de carro, já que existem poucas faixas para carros, motos e os microônibus/van utilizarem. Fora que em alguns lugares há faixa de ciclovia que deixa espaço para os veículos menores e mais disputados. Sinceramente eu morreria de medo de dirigir na cidade, primeiro com medo de derrubar um motoqueiro e segundo porque haja paciência pra aguentar o trânsito da cidade que parece que já não tem mais horário pra estar ruim.

O problema do transporte público, claro, é que não tem ônibus suficiente pra tanta gente que usa o sistema, mas você paga R$ 3,50 e tem 3 horas pra fazer baldeação quantas vezes precisar. Ok, eu ODEIO ter que trocar de ônibus em terminais, assim a viagem acaba ficando mais longa e os ônibus mais cheios daquelas linhas que te levam para o Centro por exemplo sem ter que trocar de ônibus. Detesto aqueles ônibus novos que tem degrau dentro. Como assim degrau dentro do ônibus?? Morro de medo de cair, fico imaginando as pessoas que tem problema de mobilidade... E o tamanho daqueles corredores? Se duas pessoas ficam em pé em lados opostos ninguém na teoria, passaria. Na teoria né, porque todo mundo sabe que tem que passar e aí fica muuuuuito espremido! Mas os ônibus que peguei estavam pelo menos limpos. Me surpeendi até com a televisão, que a minha irmã disse que passa jornal, informativo, desenho, achei muito legal. Alguns ônibus novos tem ar condicionado e até mesmo wifi, mas estes não tive a felicidade de usar pra saber como era - até tive vontade de pegar a linha errada só pra testar!! E já tinha me esquecido do quão imenso e como chacoalha o ônibus bi-articulado!!! Os ônibus de São Paulo dão de 1000 a zero nos ônibus daqui do Vale do Silício da empresa VTA e o Muni de San Francisco. Pro sistema ficar melhor acho que os eles deveriam estar equipados com um mapinha dizendo as paradas e a sua localização como os ônibus daqui tem, porque muitos pontos mudaram de lugar e eu não tinha a menor idéia de onde descer! E uma informação essencial, avisar se a porta daquele ponto é do lado esquerdo ou direito porque vi muitas pessoas perguntando para o cobrador que lado a porta abriria.

O metrô estava cheio nos horários que peguei, mas gosto do metrô de São Paulo e através das novas integrações, consigo ir da casa da minha mãe até o Centro em pouco mais de uma hora. Ok, você precisa trocar de estações e ir até a linha amarela em Pinheiros (particularmente não gosto das duas milhões de escadas rolantes daquela estação), mas sabe que não vai ficar parada em trânsito. Ok, vocês vão dizer que eu não utilizei na hora do rush e que infelizmente por falta de manutenção e investimento as linhas dão problema e acaba atrasando principalmente quando chove. O sistema precisa ser ampliado e feito uma manutenção melhor, mas ainda acho que é o melhor tipo de transporte para a cidade, pois é rápido e eficaz pra levar uma quantidade grande de pessoas. Uma coisa que precisa ser melhorada são os mapas das linhas que ficam sempre escondidos em algum canto. Uma vez tive que literalmente caçar o mapa dentro de uma estação para saber qual a melhor opção para trocar de linha para chegar onde queria. Duas vezes que pedi mapa de papel para funcionários fui atendida de prontidão e vi que algumas linhas continuam com sinalização em inglês. Ok, deve ter algum app pra isso, mas sou meio tradicional pra estas coisas.

E por falar em app, acho que era a única na cidade utilizando um celular simples de flip (sabe igual aquele da Adele do clipe Hello?). Todo mundo estava conectado ao seu smartphone, que na maior parte eram celulares Android, mas vi pelos ônibus pessoas utilizando até mesmo Iphone 6! Deixei o meu telefone guardado em casa apesar das minhas irmãs e amigos acharem que eu era paranóica, mas gente, a única vez que fui assaltada na cidade foi justamente por causa de um celular e eu não quero mais ter a experiência de ter uma arma apontada na minha cabeça por causa de um aparelho. Apesar das pessoas estarem com celulares, era difícil ouvir alguém conversando, mas vi pelas telinhas muitos ouvindo músicas e em conversas com o Whatsapp. Febre isso no Brasil não? E melhor do que teclar agora muitos utilizam as mensagens de áudio, não é verdade? Aqui eu uso pouco e pra dizer a verdade eu moooooooooorro de preguiça de ouvir mensagens de áudio...

Fui algumas vezes em shoppings e fiquei horrorizada com o preço das coisas. E além das coisas serem muito caras, o que me assustou foi a qualidade dos produtos e infelizmente a má vontade e má serviço de alguns vendedores. Fui comer pão de queijo recheado com a minha mãe na Casa do Pão de Queijo e a atendente mal abriu a boca pra perguntar o que eu queria. Sorriso então nem pensar né? E aí quando sentei na mesa e dei uma mordida no meu pão percebi que não tinha recheio nenhum. Lóooogico que voltei lá numa boa pra reclamar que o meu pão recheado estava sem recheio, ela olhou pra mim com a maior cara de bunda do planeta, pegou o pão de volta e ao invés de pegar outro e rechear, pegou aquele mesmo e eu percebi que "só de raiva" ela colocou recheio muito mais do que precisava e ficou todo melequento. Ia dizer alguma coisa, mas deixei pra lá, o meu pão estava recheado e isso que importava. Não foi um pedido ou reclamação pessoal, mas ela levou pra esse lado não posso fazer nada...

Uma coisa que tinha esquecido é a facilidade que as pessoas tem de puxar conversa contigo na rua. Sério, eu quase me assustei quando estava conversando com o meu pai no ônibus sobre o ponto que eu precisava descer pra ir em determinado lugar e aí a moça que estava do lado entrou na conversa e deu informações. Ok, ela estava querendo ser útil, mas e da outra vez que perguntei se  o meu pai
tinha ouvido falar do acidente que aconteceu próximo da nossa casa no rádio e outra mulher começou a dizer que tinha visto na televisão e tal. A melhor de todas foi a mulher que começou a bater papo com a minha mãe e disse que estava indo fazer entrevista de emprego, que tinha 2 filhos de pais diferentes, tudo isso depois dela puxar papo dizendo quão quente que o dia estava. Acho que este povo em São Paulo anda muito carente viu? Deve ser porque seus amigos e companheiros passam muito tempo em frente ao celular mandando mensagem de Whatsapp... hehe

E tá certo que São Paulo é cidade grande, mas olha, ao mesmo tempo que as pessoas querem puxar papo contigo, percebi que grande parte das pessoas andam por aí com cara fechada, de poucos amigos. Um dia fui fazer feira com a minha mãe e estava parada no ponto cheia de sacolas esperando o ônibus passar, quando um homem veio por trás e literalmente me atropelou. Se ele tivesse pedido licença, teria dado espaço pra ele passar, mas nem tinha o visto porque ele veio por trás e ele já passou empurrando com tudo sabe. Achei uma tremenda falta de educação. As palavras "com licença", "desculpa"e "por favor" parecem que estão sumindo do vocabulário das pessoas. Elas empurram com cara feia dentro do ônibus, bufam atrás de você na fila... lembro de um tiozinho que começou a reclamar dentro do aeroporto porque a máquina não tinha lido o passaporte dele e o agente federal começou a bater boca. Tão desnecessário... mas acho que as pessoas estão tão de saco cheio de tanta coisa errada acontecendo ao redor que elas estão ficando meio duras sabe?

E a nova velocidade para circular nas Marginais e nas principais vias da cidade? Pra ser sincera não tenho uma opinião sobre o assunto. O meu marido diz que 50km/h até uma velocidade boa já que tudo está sempre parado por causa do trânsito, mas as coisas não são bem assim... O problema é que se diz muito que a redução de velocidade é pra proteger os pedestres nas vias, mas eu te pergunto "o que é que o pedestre está fazendo no meio da marginal????". Mas vi com os meus próprios olhos, ambulantes andando pela via na hora do trânsito, um até com carrinho de mão levando mercadoria. NO MEIO DE UMA VIA EXPRESSA!! Não faz sentido algum... se é lugar pra carro, que nem moto pode circular, então pedestre não deveria estar lá também!! O que muita gente me diz é que isso acabou virando uma fábrica de multas, gerando muito dinheiro para a prefeitura que não devolve pra cidade o que foi arrecadado (como vi numa reportagem esta semana no Jornal Hoje). Sinceramente, queria que as pessoas se respeitassem mais no trânsito. Carros, pedestres, motos, bicicletas. Todo mundo quer circular e ninguém é melhor ou tem mais prioridade do que ninguém. A vida na cidade está ficando cada dia mais impossível por conta do trânsito maluco.

Graças a Deus não presenciei nenhum tipo de violência na cidade, mas é só ligar o noticiário pra ver gente morrendo de graça por nada. A "modinha" na semana que estava lá era o arrastão no semáforo na região do Morumbi, apenas alguns quarteirões do Palácio do Governo. Imagina que medo você estar parado no sinal vermelho e várias motos te rodeando para te assaltar? Meus amigos disseram que estava paranóica, mas confesso que evitava a qualquer custo andar pela cidade à noite, já que eu teria que voltar de ônibus e tinha que caminhar uns 10 minutos do ponto até a casa da minha mãe. Penso em quantas vezes fui obrigada a fazer aquele trajeto quase meia noite, depois de retornar da faculdade, mas se eu tinha uma escolha, pra que ficar dando bobeira né?

Acho que por conta de toda a crise econômica e as pessoas perdendo emprego, vi muitas barraquinhas de comida pelos pontos de ônibus e nas calçadas e achei a idéia maravilhosa. Pensa que você está atrasado pra ir pro trabalho e tem uma barraquinha que vende café com leite e um pãozinho, uns biscoitos, bolo, tapioca, idéia genial né? Infelizmente isso é ilegal, pois a minha mãe me disse que foi proibido o comércio em calçadas, em frente às escolas. Acho que este tipo de coisa deve ser fiscalizado, mas as pessoas deveriam ter a oportunidade de trabalhar honestamente sabe? Tive um conhecido que vendia churrasquinho e teve o carrinho apreendido 2 vezes por fiscais, mas como é o ganha pão dele, ele juntou o dinheiro e montou negócio novamente. Igual as pessoas que vendem coisas dentro dos ônibus e metrô. Enche o saco? Sim !! Mas estas pessoas estão tentando ganhar algum dinheiro. Prefiro que eles façam isso a roubar as pessoas pra conseguir dinheiro. Ironicamente, os vendedores ambulantes nas marginais não são proibidos ou perseguidos... vai entender?

A forma como as notícia são transmitidas na televisão me deixou de boca aberta. Na época que assistia televisão lá, não mostrava pessoas sendo mortas, corpos mutilados, cenas de crimes ainda com sangue. É algo tão bárbaro e tão chocante, que eu saía de perto da televisão quando meu pai ligava pra ver aquelas coisas. Falta de respeito muito grande com os familiares dos mortos! Como a Mari mesmo disse em um comentário de um post anterior, quando a gente fica muito exposto a cenas de violência gratuitas, acabamos nos tornando insensíveis para as pessoas. Se eram pessoas "do bem" ou bandidos, não importa, eram pessoas e devem ser respeitadas. Quando estava em São Paulo ocorreu o tiroteio em Paris e a Globo mostrou "com exclusividade" cenas de pessoas ensanguentadas saindo dos locais, pessoas arrastando corpos pelas ruas e eu me pergunto o que acrescentou na vida de quem assistiu estas imagens? Engraçado que as mesmas imagens foram utilizadas aqui, mas quando chegava nesta parte mais grotesta a transmissão era cortada, o que acho justo.

Uma coisa que sempre me irritou e agora que moro há muitos anos por aqui me irrita ainda mais é a mania que algumas pessoas tem de idolatrar os EUA e sua cultura. Fiquei sem entender porque o Brasil estava adotando festas de Halloween e Black Friday que não fazem o menor sentido para a nossa cultura. Não há nada de errado de ver coisas boas de outras culturas e tentar incorporar em nossas vidas, mas acho que a supervalorização da cultura americana está aos poucos destruindo a nossa própria cultura e valores também. Festas a fantasia para crianças no Halloween tá, legal, mas acho muito mais válido ensinar as nossa crianças sobre as lendas e histórias do nosso folclore por exemplo.

Enquanto estava lá a minha mãe conversou com o agente de saúde da região que por sinal é um rapaz que era aluno da minha irmã mais nova. Achei o trabalho destes agentes de saúde maravilhoso! Não  consegui entender direito como funciona e se existe apenas na região mais carente da cidade ou em todos os bairros, mas pra minha mãe ele ajuda e muito marcando consultas, exames no posto de saúde e quando a minha mãe fez cirurgia para retirar a vesícula, foi uma enfermeira lá em casa para ver se os pontos estavam cicatrizando e pra medir a pressão da minha mãe. Ela também recebe remédios para a diabetes, pressão alta e colesterol de graça pelo posto, tem um esquema de trocar receita que não consegui entender, mas sei que ajuda e muito a minha mãe economizar com medicamentos. Gostaria que este sistema funcionasse bem e que atendesse todo mundo, cheguei até a agradecê-lo pelo trabalho que faz pois sei o quanto é importante pra minha família - E antes que alguém pergunte, não, este tipo de coisa NÃO existe aqui nos EUA, já que NÃO existe saúde pública aqui. Achei interessante a iniciativa de educação, palestras para prevenção de várias doenças, inclusive sexualmente trasmissíveis. Quando passei por um posto de saúde com a minha irmã ela me mostrou uma caixa bem na porta do posto com camisinha para as pessoas pegarem, de graça. É um trabalho de formiguinha, mas a educação é muito importante se queremos ver mudanças em nosso país.

E por falar em educação, que zona que está acontecendo no sistema de ensino de São Paulo? A minha irmã mais velha trabalha para a prefeitura da cidade e a minha irmã mais nova para o governo estadual e ambas reclamam da decadência do sistema de ensino. Infelizmente não é mais permitido que o aluno repita de ano, só em algumas séries, então fica difícil para os professores manterem motivação para que os mesmos estudem. As minhas irmãs contas histórias e mais histórias de alunos que chegam até a quarta série e não sabem ler e escrever. Fico abismada com isso pois lembro que saí da primeira série já lendo e escrevendo algumas coisas e na terceira série fazia trabalhos de pesquisa naquelas folhas de almaço (noooossa olha eu entregando a minha idade!!). Dá uma tristeza tão grande saber disso porque sei que em contra-partida as crianças que estudam em escolas particulares continuam sendo cobradas e mais conteúdo continua sendo dado, gerando uma melhor educação pra elas e um abismo entre aqueles que estudaram no sistema público de ensino. Aí vem o governador Geraldo Alckmin e decide  fazer reforma no sistema de novo, fechando escolas... Os alunos reclamam, ocupam escolas, o governador suspende as mudanças, mas os alunos não retornam pra escola pra estudar. Eu não entendo. Queria que todo este esforço fosse colocado pra aprender, pra respeitar colegas e professores também. Vamos ver onde isso  vai parar...

Uma coisa que achei interessante é que mais e mais pessoas estão saindo de suas casas para fazer passeios pelos museus, exposições, parques e cinemas da cidade. Infelizmente não está acessível para todos por causa de preços e também da localização destes lugares, mas fico feliz que as pessoas estão se abrindo para fazer coisas diferentes.

Infelizmente ainda percebi muitos preconceitos velados e descarados em relação à pessoas que sejam diferentes - sejam gays, negros, asiáticos, gordo, de outras religiões. Sei que eu também aceitava de forma passiva agressões, piadas e comentários preconceituosos porque fazem parte do dia-a-dia das pessoas, mas depois de morar tanto tempo no lugar do politicamente correto, há certas coisas que me deixavam de olhos arregalados. E por conta disso era difícil pra eu manter conversa com pessoas que antigamente eram meus amigos e até mesmo pessoas da minha família. Por algumas vezes tentei fazer com que a pessoa enxergasse o absurdo que estava sendo dito, mas só gerava conflito e eu via que aquela discussão não iria mudar em nada a opinião da pessoa, então eu ficava na minha. Mas quando alguém falou por exemplo que todos os muçulmanos são terroristas, instantaneamente já disse que a conversa não era bem assim. E acredito que é isso que devemos fazer. Confrontar com a verdade, mas sem julgar a pessoa que está falando o absurdo.

Uma coisa que me irrita ao extremo é ser julgada por exemplo pela forma como me visto. As pessoas reparam e já fazem uma análise do seu poder aquisitivo só de olhar pra você. Saí com a minha mãe para olhar lojas no shopping Ibirapuera, que nem é um dos mais chiques da cidade, mas em diversas lojas as vendedoras nem olharam pra gente quando entramos para comprar algo só porque não estávamos vestindo nenhuma roupa de marca. Isso é motivo suficiente pra eu sair da loja sem comprar nada. E isso não acontece apenas em shopping, eu fui na Livraria Cultura na Avenida Paulista e como tinha ido dormir na casa da minha irmã, estava com algumas sacolas e mochila, e fui perguntar pra uma vendedora sobre determinado livro e ela me ignorou na cara dura! Que ódio! Tive que sair atrás de outra pessoa pra ver se eles tinham o livro que eu queria e mesmo falando comigo o vendedor não me deu muita bola. Ok, o cara poderia ser assim, certo? Mas chegou um cara mais arrumadinho e o vendedor já o atendeu com sorriso no rosto. Detesto isso. As pessoas precisam aprender que ninguém é melhor do que ninguém e não importa como esteja vestido ou seu poder aquisitivo todos devem ser tratados com igualdade e respeito. Fico imaginando se o Mark Zuckerberg não tivesse o rosto reconhecido e fosse entrar em certas lojas em São Paulo, como ele seria mal-tratado!!!

No demais, a cidade continua barulhenta e suja. E cinza. E sempre com pressa. Ao passear tranquilamente pela cidade, observei o passo frenético das pessoas e a vida parece passar sem ninguém perceber. Fiquei me perguntando como é que consegui sobreviver por 26 anos naquela selva de pedra, e a resposta que tive é que não tinha escolha, ou entrava no ritmo da cidade ou ela me engolia. Da próxima vez que retornar, prometi pra mim mesma que quero explorar mais a cidade como turista e não como moradora saudosista, pois sei que há muitos lugares legais para visitar e explorar, mas nunca tive a oportunidade de aproveitar porque quando morava em Sampa, estava no automático casa-trabalho-faculdade e isso te dá uma visão totalmente diferente da cidade. E não quero fazer injustiça com São Paulo, afinal, muitas pessoas decidem ir pra lá e algo de bom esta cidade deve ter, senão 12 milhões de pessoas não a chamariam de casa.

Falando de coisas sérias

Reluto muito para escrever sobre certos assuntos aqui no blog porque gosto de manter um lugar leve, com informações que sejam relevantes e úteis para quem lê, mas como é o meu canto, estou com vontade de falar sobre os últimos acontecimentos daqui e do Brasil.

Tiroteio na Califórnia
Há 3 dias aconteceu em San Bernardino um tiroteio que deixou 14 pessoas mortas e 17 pessoas feridas. Num primeiro momento as autoridades não queriam falar muito sobre os atiradores que tinham escapado do local e depois que eles foram encontrados e mortos num confronto com a polícia, pouco se sabia ou era divulgado sobre eles. Isso deixou o povo por aqui muito alarmado e desconfiado de que se tratava de um ato terrorista e que as autoridades não queriam falar o que sabiam.
No dia seguinte as identidades das pessoas foram divulgadas, além de sua religião e ligações com supostos grupos terroristas. Pronto, começou o discurso de ódio de muitas pessoas contra os muçulmanos e alguns grupos até tiveram que ir até a televisão dizendo que não davam apoio e não concordavam com mais este ato horrível cometido por uma pessoa e não por uma instituição inteira. O problema é que muitas pessoas associam terrorismo a um determinado grupo religioso e todo mundo paga o pato.
Me dá medo e preocupação ouvir certos candidatos à presidência deste país falarem discurso que são tão racistas, tão ignorantes que me assusta como é que eles tem a "liberdade" de falar estas coisas abertamente e não serem processados. SE eu falasse metade do que eles falam, já estaria presa com certeza.
E aí entrou novamente em discussão o porte de armas de fogo por civis. Uma coisa que eu nunca vou conseguir entender é a paixão fervorosa que existe entre os americanos de garantir o direito do cidadão comum de portar armas porque a Segunda Emenda da Constituição garante este direito. Até hoje ninguém conseguiu me dar uma única razão para qual um cidadão comum precise ter um fuzil que foi construido com o único intuito de matar o mais rápido possível o maior número de pessoas. Ter mais armas de fogo nas ruas não é a solução para diminuir a violência, mas as pessoas aqui parecem que não entendem isso... E me dá medo, muito medo de escutar um discurso parecido aparecendo no Brasil...
Se você parar para pensar muito nem saí de casa, porque alguém pode começar um tiroteio sem razão alguma num shopping, no cinema, numa faculdade, num hospital, num ponto turístico... Infelizmente escolas estão dando treinamento para professores e crianças do que fazer num caso de tiroteio, coisa que tem se tornado "comum" neste país. Nem consigo expressar o quanto isso é errado e o quanto isso me deixa indignada e preocupada...

Impeachment ou não, eis a questão...
Esta semana o processo do impeachment da presidente Dilma foi aceito pelo presidente do Congresso e o processo vai começar e vai ser longo... Ouvi discursos da presidente e do Eduardo Cunha e olha, me revira o estômago ouvir discurso dos dois. Um acusando o outro, o sujo falando do mal-lavado. Não sei se o impeachment acontecer, as coisas irão melhorar, mas acredito que alguma coisa tem que ser feita para limpar esta sujeirada desta corrupção deslavada e descarada que está acontecendo no Brasil.  O dinheiro que foi desviado acho que daria para cobrir as despesas do governo federal e ainda sobrava! O Brasil não é um país pobre, é um país mal administrado e infelizmente quem acaba sofrendo é o povo brasileiro que paga imposto, trabalha duro e não tem o retorno do que investe. Sinceramente espero que toda esta sujeirada seja limpa e as pessoas comecem a abrir os olhos e perceber que não é a pessoa A ou B ou o partido X ou Z que são bons, mas cobrarem de seus políticos leis que beneficiem ao povo e não somente algumas pessoas.

Vitória da democracia!
Mas nem só de más notícias vivemos esta semana... o grupo de estudantes que estavam protestando em São Paulo e ocuparam várias escolas, foram mal tratados pelos policiais militares conseguiram se fazer ouvir e fizeram com que o governador Geraldo Alckmin voltasse com a decisão de reorganizar as escolas por faixa etária e fechar algumas escolas.
Bato palmas para estes jovens que lutaram pelo o que acreditaram, mesmo quando muitos alunos e até mesmo professores estavam contra a atitude deles, pois com as escolas ocupadas os dias letivos irão se arrastar por dezembro a dentro e até mesmo pode ser que vá até janeiro, sacrificando as férias. Alguns se sacrificaram para o benefício de todos.
Só espero que estes mesmos alunos que brigaram pelo direito de ter escolas abertas e de uma melhor educação sejam os mesmos alunos que respeitem seus professores e colegas, estudem e cuidem do patrimônio da escola. Não adianta nada protestar por uma educação melhor e não ir pra escola e estudar. MInhas duas irmãs são professoras e escuto com tristeza e horror as coisas que elas escutam e enfrentam em salas de aula, num sistema de ensino falido que não cobra do aluno nada além da presença para não reprovar de ano. Espero também que este seja o começo de uma reforma de verdade no ensino público de São Paulo, porque a coisa está feia por lá!

Tanta coisa ruim acontecendo ao nosso redor que é muito fácil ligar a televisão e ficar desanimado com o que acontece a  nossa volta, um sentimento de apatia e revolta muito  grande. Só se fala em crise ecônomica, recessão, guerra, desastre ambiental.. mas é preciso no meio disso tudo lembrar que somente as coisas ruins que dão ibope e que são noticiados. Há tanta coisa boa e bonita no mundo, que acaba passando desapercebido por nós. Por isto tente semear agora e sempre coisas boas por onde for, pelas mídias sociais, emails, cartas, conversas, blogs, txt messages, whatsapp messages... a gente precisa de carinho, de amor, de dar risada, não de vídeos com crueldade, notícias ruins, coisas feias, palavras cheia de racismo e ódio... é isso que tenho tentado fazer e até mesmo parei de assistir notícias e tenho escolhido com muita cautela as minhas fontes de informação.
Não podemos perder a esperança no amor e termos fé de que dias melhores virão e que Deus nos proteja.

Como tirar Cristo do Natal se Ele nunca esteve lá?

Você já parou para pensar que nem todo mundo nesta época do ano celebra Natal?
Que pra estas pessoas, Jesus, Papai Noel, Árvore de Natal, troca de presentes não faz sentido nenhum?
Pois é, pra maioria esmagadora dos brasileiros - mesmo aqueles que não são cristãos - estão acostumados com as festividades e já ouviram a história do Natal, já que o Brasil é um país onde a cultura cristã é bastante difundida. Então desejar Feliz Natal para as pessoas se torna uma coisa automática, não é mesmo?
Aqui todo ano tem sempre uma polêmica sobre os cristãos reclamarem de que estão cada vez mais querendo tirar "Christ of Christmas" ( "Cristo do Natal"), por causa dos termos politicamente corretos,  muitos chamam a Árvore de Natal de "Holiday Tree", e as festas de final de ano de "Holiday Party" e é cada vez mais comum ver cartões e pessoas desejando "Happy Holidays" ao invés do "Merry Christmas".  Este extremo cuidado de não "magoar" ninguém às vezes chega ser um pouco irritante, mas como cristã, isso não me incomoda de forma alguma porque o que importa é o que o o Natal realmente signifca pra você e como você celebra, porque convenhamos, sair por aí gastando fortunas para comprar presentes e preparar banquetes e ficar estressado no processo não me parece uma forma muito cristã de celebrar o nascimento de Jesus.
Ontem conversando com uma amiga muçulmana tive uma outra perspectiva sobre o assunto. Pra eles, o Natal não faz sentido algum já que eles não celebram aniversário. E achei interessante ela me dizendo que pra ela, Natal é apenas mais um feriado para que ela possa passar com a família. Acho que as pessoas judias que comemoram Hanukkah devem sentir a mesma coisa. E fiquei tentando imaginar como deve ser pra eles viverem numa cultura tão diferente, eles simplesmente aceitam as celebrações, enfeites e costumes só para sentir parte da sociedade - mesmo que não tenha nenhum sentido religioso, ou simplesmente ficam na deles?
Deve ser a mesma coisa que uma pessoa que more em um país muçulmano deve sentir por exemplo, na época do Ramadã, onde eles jejuam durante o dia inteiro, lojas fecham, a rotina das pessoas mudam. Como será que eu me comportaria vivendo numa sociedade tão diferente da minha?
Por isso que é tão importante que se ganhe conhecimento e principalmente respeito por outras pessoas e outras culturas. Eu não sei muito sobre Hanukkah por exemplo, mas sei que os judeus fazem uma celebração por 7 dias no mês de dezembro, porque nas lojas sempre tem o Menorá (aquele castiçal para colocar 7 velas) e cartões desejando feliz Hanukkah nesta mesma época do ano.
Por este motivo, comecei a pensar nos famosos cartões de Natal que por aqui as pessoas levam muito a sério. Você pode ficar um ano inteiro sem ouvir falar da pessoa, mas se ela tem uma grande consideração você entra na famosa "Christmas card list" e recebe um cartão da família. Quem tem crianças fazem cartões com fotos das crianças ou da família inteira (o que eu acho um barato porque você vai acompanhando o crescimento delas!). Muitas pessoas fazem cartões pela internet e enviam o famoso "Boas festas" (Happy Holidays) pra não ofender ninguém, mas eu sempre enviei cartão de Merry Christmas até mesmo para alguns amigos que não tinham religião cristã. Eles entendem que estou enviando de bom coração e sempre escrevo mensagem de um ótimo próximo ano - o que geralmente as pessoas não escrevem.
Após a conversa com a minha querida amiga, decidi que este ano vou escrever Merry Christmas para os meus amigos que sei que comemoram o Natal e para os outros Happy Holidays está perfeitamente adequado. Não vou deixar de ser menos cristã por causa disso e não vou tirar Cristo do meu Natal, mas acho que faz mais sentido enviar um cartão desejando muitas coisas boas para esta pessoa do que escrever simplesmente Feliz Natal. Não que a pessoa se sentirá ofendida, mas não terá nenhum significado especial, da mesma forma que eu não ficaria ofendida se alguém me desse um cartão de Happy Hanukkah (o que nunca aconteceu).
O que importa mesmo é que os sentimentos de amor, de paz, respeito e de esperança sejam compartilhados entre as pessoas que estão ao nosso redor, independente de sua religião. E isso deveria acontecer todos os dias, não somente nesta época de Natal.