Vidas passadas

Ontem estava conversando com a assistente da minha dentista sobre vidas passadas.
Ou melhor, da vida que eu tinha há 10 anos atrás e parece tão distante, que nem parece real.
Tem dias que vou conversar com alguém e lembro histórias das minhas outras vidas: vida em São Paulo, vida de estudante universitária, vida de estagiária, vida de adolescente, vida de au pair, vida de faxineira, vida de solteira... são tantas vidas dentro de uma só e eu só tenho 37 anos de idade! Imagina quantas outras vidas eu tenho pela frente?
Às vezes esta incerteza me dá muito medo. Medo de eu não estar preparada para a vida que está por vir, de me sentir culpada por não me preparar melhor financeiramente, emocionalmente para as vidas que virão. E eu fico tão, mas tão ansiosa que não consigo aproveitar a minha vida de agora.
O que é certo é que o momento que estou vivendo é único e assim como "as minhas outras vidas" se tornaram histórias do meu passado, a vida presente também passará.
E esta vida não é perfeita, não é do jeito que eu sonhei, mas é minha para ser vivida da melhor forma que EU posso e sei viver no momento.
E é isto que eu me comprometo a fazer hoje. Viver o melhor possível.

Época do final do ano

Quando chega novembro o frenesi começa.
As propagandas e revistas mostram as famílias felizes reunidas, com amigos e muita comida na mesa.
A temporada de Holidays (as festas de final de ano - Thanksgiving + Christmas ou Hanukkah + Ano Novo) tem um foco muito grande em comida, reunir amigos e família e lógico, compras.
Pra muita gente é uma época de muito estresse porque tem que se programar para receber amigos e famílias em casa, preparar comida especial, participar de várias festas no trabalho, na escola, rever amigos e entregar presentes do Secret Santa (amigo secreto).
É preciso aproveitar as ofertas para comprar, seja na famosa Black Friday ou na mais antecipada Cyber Monday (onde as lojas online fazem promoções imperdíveis), para que a árvore de Natal esteja cheia de presentes, enviar lembranças paras os professores, prestadores de serviço também.
Quem viaja precisa estar super organizado porque os aeroportos viram um verdadeiro caos nesta época do ano, principalmente nos dias anteriores e seguintes às datas comemorativas.
Os jovens que foram estudar longe e moram fora de casa, retornam para a casa dos seus pais, reencontram velhos amigos. Os casais casados precisam decidir onde irão passar os feriados, quais tradições irão manter ou criar com seus filhos.
Tem muita festa e programações especiais, pista de patinação de gelo, iluminação de árvore de Natal, musicais, e pra não se sentir tão culpado, até uma corrida de 5k no dia de ação de graças pela manhã, o famoso Turkey Trot que acontecem em diversos lugares dos EUA.
Os comerciais de anéis de noivado aparecem a todo momento, já que é uma das épocas favoritas para pedidos de casamento. Tudo é mágico, tudo é lindo, tudo é muito feliz e aconchegante.
Só que a vida real pode não ser tão linda para todos.
Há pessoas que perderam entes queridos. Que estão em hospitais. Passando por divórcio, por luto.
Infelizmente é nesta época do ano que infelizmente acontecem muitos suicídios e tiroteios em massa.
Talvez não haja tragédia, apenas a distância. Relacionamentos quebrados. Dor.  E esta época que deveria ser festiva, acaba se tornando um momento triste.
Por isso quando chega esta época eu tento olhar para o lado. Chamar alguém que não tem familia pra tomar um café ou comer um macarrão juntos. Envio cartões ou um oi para pessoas com quem não conversei durante a maior parte do ano. Apesar da correria, tento ser extra agradecida e gentil com as pessoas que me servem em restaurantes e estabelecimentos comerciais, porque sei que a barra pra eles é bem pesada.
"The Holiday Season" é uma época estranha pra mim. Gosto de muita coisa: o frio, as luzes e decorações de Natal, alguns biscoitos que só vendem nesta época do ano. Abrir minha caixa de correio e receber cartões de Natal. Mas ao mesmo tempo é uma época que sinto mais distante do que nunca daqueles que amo tanto e sinto-me culpada porque a minha família não é linda e feliz como as dos comerciais de margarina ou de peru de natal. É até difícil falar sobre isso, porque parece que sou a única que não morro de tristeza por estar do outro lado do mundo ao invés de estar no churrasco da família, no calor do Brasil.
Nesta época do ano, eu tento me desligar do barulho lá fora que tenta me dizer  como devo me vestir, me comportar, o que devo comprar e como me sentir. Mas não é fácil. Afinal, "it's the most wonderful time of the year"  (é a melhor época do ano!) e ai de você se disser o contrário!

Ah Brasil...

Fonte: Google
Depois de conversar com uma amiga jornalista sobre o que anda acontecendo no Brasil, ela me deu o seguinte conselho: Escreva. Registre tudo o que você está sentindo, tudo o que está acontecendo. Estamos vivendo um momento único da história e devemos registrar o que está à nossa volta.
Então estou aqui, sentada com o coração na mão escrevendo.
Não vou negar que ontem saí cedo de casa pra votar já com um sentimento de derrota. Derrota porque independente de quem ganhasse a eleição, sentia que o Brasil sairia perdendo, de um jeito ou de outro. Mas vamos lá né, sou OBRIGADA a ir votar. Mas antes de sair de casa pensei bem que roupa iria vestir. Pois é, parecia que estava até saindo em São Paulo em dia de clássico de futebol. Tem que tomar cuidado com as cores que você usa pra não ser confundido como torcedor e acabar encontrando a torcida adversária e ser agredido no mínimo verbalmente. Achei que preto seria a cor ideal, pois era assim que me sentia. De luto.
Cheguei alguns minutos depois das 8 e a fila estava pequena. Gente tirando selfie na entrada da zona, de verde e amarelo, uns passavam e falavam ó vota 17! Eu permaneci ali quieta, não queria bater papo com ninguém. Ainda bem que o Doug estava comigo pra distrair e mudar os assuntos ao meu redor.
Ao chegar na urna respirei fundo e votei. E não tenho vergonha de dizer que anulei o meu voto. Não tinha condições de votar em um ou outro candidato porque não acredito no que falam, em seus planos de governo. Pra mim não existe esta coisa de TEM que votar em um ou outro, nem que seja o menos pior. E não venha me dizer que fui covarde, que desperdicei a minha voz. Encaro o voto nulo e branco com outros olhos. É o voto protesto, de quem não acha nenhum dos dois bons o suficiente.
Era voltar pra casa e esperar o tão temido resultado. E chegou pouco depois das 19h no Brasil. Aqui as urnas ainda estavam abertas. Pensa em quem chegou pra votar depois das 3:00 da tarde daqui e sabia que seu voto não valia de nada... mas de novo, somos obrigados a votar, então vamos fazer a nossa parte.
Liguei pra minha mãe e podia ouvir os fogos de artifício. Parecia final de Copa do Mundo ou Ano Novo. Eu entendo a lógica. Era necessário mudança. Do jeito que o país estava sendo governado não dava mais pra continuar. O povo está cansado, insatisfeito, sem esperança. E chega um candidato que promete tudo o que o povo quer ouvir. Fala as palavras certas que soam como música para muitos. E embalados na suave música, muitos não prestaram atenção no peso das palavras contra certas pessoas. Declarações feitas cheia de convicções que declaram o que está dentro do coração, de verdade. A postura diante da oposição - uma similaridade assustadora de como o governo atual daqui trata seus críticos - é simplesmente dizer que estão mentindo. Não foi bem isso que ele quis dizer. Espalhar as suas próprias verdades. Uma amiga disse que ouviu a melhor amiga dizer: "Pra mim não importa se ele é machista, homofóbico. Ele não é meu pai, é o presidente. Contanto que ele conserte a economia, segurança e educação, eu não me importo."
Pois é, agora o que nos resta é esperar. Esperar 1 de janeiro de 2019 e ver o que vai acontecer. Nunca na minha vida eu quis tanto, tanto estar errada.  Espero que ele cumpra o que prometeu no segundo discurso como presidente eleito (porque o primeiro foi para seus seguidores e o tom foi bem diferente), de que irá governar o país para todos e vai respeitar a constituição e as liberdades que ela nos garante.
E espero que as celebrações que aconteceram ontem, continuem pelos próximos 4 anos. Que hajam mudanças e melhoria de vida dignas de serem celebradas por todos os brasileiros.

Coisas aleatórias de outubro

Photo by Taylor Rooney on Unsplash
No começo do mês passei o primeiro (e gostaria que fosse o último) susto com o meu cachorro. 
Ele vomitou num sábado, ficou melhor e voltou ao normal no domingo e na segunda não levantava da cama. Simplesmente se recusou a levantar para caminhar. Eu fiquei apavorada e tão angustiada que pedi para o meu marido ligar para o veterinário porque eu não ia conseguir explicar o que estava acontecendo. Levei para a clínica e o deixei lá para fazer exames pela manhã, não podia ficar esperando então voltei pra casa e esperei ansiosa até a veterinária ligar e me dizer que ele estava super desidratado e que ficaria lá por algumas horas para tomar soro e que estavam fazendo exames para descartar doença do pâncreas. EU DESABEI.  Sou exagerada mesmo. Chorei o dia inteiro e quanto mais eu lia sobre o que poderia ser mais preocupada e angustiada eu ficava. 
Aí a veterinária ligou e descartou a doença do pâncreas e disse que ele deve ter comido algo que não devia e ele tinha uma pequena alteração no fígado mas não era nada grave. Depois de retornar pra casa foi uma luta pra ele comer e principalmente beber alguma coisa. Demorou 1 semana para ele voltar ao normal, mas agora ele tá bem, graças a Deus.

Depois deste susto, fomos à última classe de adestramento e ele ganhou um diplominha. Tiramos fotos e tudo. Que orgulho. Tá certo que todo mundo que fez as 6 semanas de curso ganhou o diploma,  e na última classe só nós comparecemos e ele teve a atenção de 4 pessoas e muitas, muitas guloseimas. Até o começo do ano que vem vou treiná-lo em casa. Ele é bonzinho, mas precisa aprender a não mastigar e engolir coisas proibidas quando eu pergunto pra ele o que ele tem na boca.

Este mês tem sido um mês difícil emocionalmente. Um final de semana em particular parecia que tinha uma nuvem negra sobre a minha cabeça que me deixou muito pra baixo. Mas como o mundo não pára pra gente se recuperar, fui no mercado com o meu marido pra ele comprar as coisas que faltava pra viagem dele.  Aí decidimos ir comer um hamburger e eu que tenho a mania de sair sem bolsa, fui com uma bolsa pequena que tinha só para não levar o celular na mão. Terminamos o hambúrguer e fomos pra casa.
Ao ir deitar 11 e pouco da noite procurei o meu celular para carregar e não o encontrei de jeito nenhum. Aí lembrei que tirei a bolsa do pescoço e coloquei ao meu lado no restaurante. E provavelmente tinha deixado lá. Corri pra internet e entrei no site da Apple para logar e ver a localização do celular com o Find My Iphone. E vi para o meu desespero (e alegria) que o celular estava na localização do restaurante. O meu marido ficou muito bravo porque achou que tinha deixado a minha carteira com todos os cartões de crédito na bolsa, mas alem do celular "só" tinha um cartão e minha carteira de motorista. Travei o celular e fui dormir com o consolo de que o celular ainda estava no restaurante, estava online e de lá não ia sair até o dia seguinte quando o restaurante reabrisse. No dia seguinte antes do horário da abertura lá estava eu na porta do restaurante. Graças a Deus alguém encontrou a minha bolsa e a entregou para o gerente que tinha uma caixa de achados e perdidos. Respirei aliviada e dei graças a Deus pela honestidade que ainda existe no mundo. A bolsa estava intacta com todos os meus pertences.

Alguns dias depois a minha mãe casualmente comenta que a minha sobrinha estava internada. Que não era nada grave, pra eu não me preocupar. Ela tem asma e a minha irmã não conseguiu controlar a asma com o inalador e as bombinhas, então a coisa mais sensata a fazer era ir ao médico. Minha mãe falou pra eu não me preocupar e no grupo do WhatsApp da família minha irmã falou a mesma coisa que estava tudo bem. Aí pensei: "ok, ela vai tomar inalação e volta pra casa no dia seguinte como já aconteceu algumas vezes, não vou me preocupar". Só que não foi isso que aconteceu. Ela passou uma semana na UTI infantil, com oxigênio pq não conseguia respirar sozinha. Depois disso foi para o quarto e a minha irmã falou pra eu ligar pra ela que ela ia ficar feliz. Na hora nem raciocinei que poderia fazer ligação pelo WhatsApp, peguei o meu celular e fiz a ligação pro quarto do hospital. Ia falar só um oi e perguntar como ela estava, mas claro que uma criança entediada de 11 anos não vai falar só 5 minutinhos no telefone. Quando desliguei após 20 minutos a companhia do celular me mandou uma mensagem de texto que a ligação custava 60 dólares. Eu não acreditei! O plano é tão barato e me dá pacote de dados de graça por todo o mundo como é que uma ligação seria tão cara!? Mas o meu marido confirmou que o valor estava correto e só não me matou porque ele entendeu a situação e estava do outro lado do mundo...

Pois é, outubro não tá fácil, mas está quase no final...  e pra fechar com "chave de ouro" daqui à alguns dias tem eleição...

Eleições 2018

Este ano o consulado de San Francisco mudou o local de votação. Ao invés de ser feita no próprio consulado, foi realizada numa faculdade no coração de San Francisco.
No site do consulado havia uma sugestão de horários para votar de acordo com o seu nome pra evitar as filas quilométricas da última eleição (na qual eu fiquei 3 horas!).
Resolvi sair de casa 7:30 da manhã e enfrentar a fila da abertura porque justamente nesta semana tem Fleet Week em San Francisco e a cidade que já tem um trânsito ruim no final de semana iria ficar mais cheia ainda. 
Cheguei no local às 8:30 da manhã e achei que não teria muita gente quando cheguei no cruzamento e avistei a fila. Pulei do carro enquanto ali mesmo e atravessei pra entrar na fila enquanto meu marido tentou encontrar um lugar para estacionar.
A gente odeia fila, mas apesar o novo local na City College San Francisco foi muito mais conveniente para chegar - perto da estrada, além de ser muito mais organizado! Demorava mesmo só pra entrar no prédio porque tinha uma pessoa controlando pra não ficar uma bagunça, mas eles tinham pelo menos umas 6 salas com pelo menos duas urnas (na eleição anterior eram apenas 3 ou 4!!). De quando cheguei até o momento que saí não demorou nem 40 minutos - o que eu achei uma vitória.
No caminho de volta pra casa o meu marido me perguntou porque mesmo que eu tinha que dirigir 70km pra votar, se eu não podia arrumar uma desculpa qualquer pra justificar.
A verdade é que eu estava tão desanimada - principalmente porque as urnas aqui não haviam nem fechado quando foi anunciado que haveria segundo turno. A gente aqui vota mais por obrigação e pra evitar a fadiga das consequências de não estar em dia com a justiça eleitoral do que por achar que o nosso voto vale alguma coisa.
Este ano graças à transmissão ao vivo da Rádio Jovem Pan pelo youtube pude acompanhar a apuração dos votos ao vivo que não demorou nem 1 hora pro TSE afirmar que as eleições presidenciais teriam segundo turno.
Sobre o resultado eu só posso dizer uma coisa: "A gente podia fazer melhor Brasil".


A saga do presente (fim) e as encomendas

A saga do presente finalmente terminou com um final feliz, depois de muito stress e dor de cabeça.
Apesar do site ter prometido que a entrega seria feita em até 5 dias úteis, demorou mais de 2 semanas para o presente finalmente chegar às mãos do meu amigo.
Acompanhei o pedido pela internet e quase tive um ataque quando o status mudou para: "Tentativa de entrega sem sucesso." Liguei para a Central de Atendimento no Brasil e a pessoa me disse que não havia ninguém na casa e que eles tentariam entregar novamente 2 vezes. Caso as novas tentativas não fossem bem sucedidas, o produto voltaria para a loja e eu teria que ligar pra lá e pedir para entregar novamente num prazo de 10 dias úteis...
Com medo de que isso ocorresse, tive que estragar a surpresa do meu amigo e pedir para que ele ou alguém ficasse em casa para receber o presente. Lógico que não fiquei surpresa ao saber que no dia da tentativa de entrega sem sucesso ele estava o dia inteiro em casa...
Agora eram dois ansiosos esperando pela entrega do pacote e ficamos nesta expectativa por mais dois dias até que ele me mandou uma mensagem de WhatsApp super feliz com a foto da camiseta personalizada. Apesar da empresa ter estragado a surpresa do presente ele não sabia o que viria e ficou super contente.
Valeu a pena o stress? Em partes. Foi bom ter enviado algo especial para um amigo querido em seu aniversário e vê-lo super contente, mas depois de passar quase 20 dias correndo atrás de uma encomenda, decidi que mandar coisas para o Brasil só em caso de extrema urgência.

E por falar em encomendas para o Brasil, em setembro os Correios decidiram começar a cobrar taxas de importação de todos os pacotes internacionais que chegam ao país. Acho que o pessoal estava fazendo a festa comprando de sites como o AliExpress e além de pagar pelo frete agora é preciso pagar uma taxa de "importação" de 15 reais.
Foi bem nesta época que eu tinha enviado daqui uma caixa com algumas coisas que comprei pra minha sobrinha e pra minha mãe e fiquei aqui aflita acompanhando o pacote transitar daqui pro Brasil. Eu não mando encomenda registrada, só primeira classe porque é mais barata, não tem um registro de rastreamento ou garantia de entrega e seguro para reclamar caso o pacote suma. No entanto, toda encomenda aqui tem um código e esse código permite rastrear no site dos correios e por lá fui acompanhando o trajeto dos mesmos. Para a minha surpresa a caixa da minha sobrinha chegou em uma semana! Eu quase não acreditei porque isso nunca aconteceu antes e não precisei pagar nenhuma taxa para ser liberado - talvez porque enviei como presente e foi de pessoa física pra pessoa física. A encomenda da minha mãe chegou alguns dias depois e eu decidi que é melhor não abusar da minha sorte e não mandar mais nada pelo correio principalmente porque com a chegada do final do ano, o volume de pacotes aumentam e as chances de algo se perder/atrasar aumentam muito mais.

Onde setembro foi parar?

Este mês foi punk.
E graças a Deus está no finalzinho.
E graças a Deus o marido tirou uma semana de férias pra gente tirar um tempo para respirar, aproveitar o que de bonito a Califórnia tem e esquecer um pouco os problemas da vida, dos EUA, do Brasil, do mundo.
Por 2 dias eram só nós 2 e o Oceano Pacífico, no nosso carro ao som de Adele, Elton John e música dos anos 70.
Na minha cabeça só vinha a trilha sonora do seriado "The OC - Um Estranho no Paraíso". ( Californiaaaaaaa, Californiaaaaaaaa, here we comeeeeeeeeeeeeeee).
A gente não percorreu toda a Highway 1, mas um dos trechos mais bonitos. Passamos pelo grande deslizamento de terra que ocorreu no ano passado e entendemos porque a estrada ficou fechada por tanto tempo. Ainda há construção no local, mas está bem mais segura. A gente nem gosta de pensar o quanto a estrada é frágil, à beira do abismo numa área propensa a terremotos...
Não teve grandes passeios planejados. Paradas pra olhar a paisagem, tirar fotos, caminhar na praia. Eu juro que desta vez eu vi uma baleia do carro e quando paramos para averiguar, o meu marido disse que havia sim um animal na água mas não dava pra ter certeza do que era. Vimos golfinhos, leões marinhas, lontras marinhas. Os elefantes marinhos não estavam na praia, mas tudo bem, fica pra uma próxima vez.
Dias como os dois passados eu me dou conta da benção que é poder pegar o carro e estar num lugar tão lindo e depois de 3 horas de viagem poder retornar para casa. Eu queria poder tirar mais férias pra poder aproveitar a Califórnia e ter a vida que as pessoas que estão no Brasil acham que eu tenho...
Voltar pra casa é uma delícia principalmente porque o coração estava apertado de saudades do Doug que ficou num hotel pra cachorro já que foi impossível encontrar hotéis de gente que aceitasse animal de estimação.
Ainda estou curtindo uma preguicinha com o retorno da curta e divertida viagem.
Mês que vem será punk porque vou passar a maior parte do mês sozinha pois meu marido irá viajar muito a trabalho.
Então deixa eu ir aproveitar o resto das férias dele e volto depois pra contar mais novidades.

Harbor de Monterey

Trecho da Highway 1

Parte do deslizamento que fechou a estrada por mais de 1 ano

Túnel e estrada na "nova parte da costa californiana"

Pacific Grove

Ponte famosa da Highway 1 em Big Sur

Assunto mórbido?

Minha mãe e meu marido odeiam quando eu começo a falar de "coisas mórbidas".
Entenda-se "falar de coisas mórbidas" o simples fato de discutir sobre o que eu gostaria que acontecesse depois que eu morrer.
A verdade é que a gente evita muito falar sobre a morte, testamento, doenças graves porque muita gente acha que falar sobre o assunto atrai coisa ruim, ou então como diz um amigo: "Quando eu morrer os vivos que se virem".
O assunto é muito delicado eu sei, mas a gente precisa ter consciência que a morte é parte da vida e que se a gente tomar algumas providências enquanto temos capacidade mental e estamos vivos, podemos evitar mais sofrimento para aqueles que ficaram. Não apenas mais sofrimento, mas infelizmente em alguns casos brigas e discórdias também.
Acho importante conversar, ou até mesmo deixar por escrito em testamento, os seus desejos em relação à:
- Doação de órgãos
- Cremação ou enterro
- Local de sepultamento / o que fazer com as cinzas.
- Retornar restos mortais para o Brasil ou não.
Além disso, vale a pena pensar também sobre o que fazer caso você tenha morte cerebral ou uma doença gravíssima e irreversível que te deixe num estado vegetativo. Pode parecer algo egoísta, mas vai novamente evitar mais sofrimentos para o seu ente querido que terá que tomar a decisão por você.
No caso dos EUA e de outros países da Europa e Canadá você pode fazer um "testamento em vida" que dá diretrizes de quais procedimentos médicos você quer que seja realizado em caso você não tenha capacidade de  decidir sobre a sua saúde. Algumas pessoas que sofrem com doenças graves assinam um "DNR" (Do Not Ressuscitate - Não ressuscitar) que também pode fazer parte do "testamento em vida" caso você não queria que não haja intervenção médica se você tiver parada cardíaca ou respiratória.
São decisões difíceis e até podem ser consideradas "mórbidas" mas que de certa forma protegem as pessoas que você ama e que ficam para trás.
Confesso que tenho minhas opiniões e preferências sobre o assunto, mas ainda não formalizei os meus desejos porque o meu marido sempre muda de assunto e nunca corri atrás.
A gente sempre acha que tem muito tempo para decidir essas coisas e só quando acontece o óbito de alguém perto da gente é que começamos a pensar nestas questões novamente.

A saga do presente - parte 2

Depois de muito matutar, decidi que iria comprar uma camisa de futebol para o meu amigo.  Quase caí pra trás quando vi os preços das camisas oficiais na internet, ainda me assusta e impressiona como roupas são tão caras no Brasil.
Após pedir ajuda de uns 3 amigos diferentes para estimar qual seria o tamanho certo da camisa, já que algumas são mais justinhas que outras e eu detestaria comprar algo que meu amigo gostasse muito mas que não servisse. E nem adianta dizer que é um incentivo para emagrecer, porque eu sei como é frustrante ter uma peça de roupa que você gosta muito e não te serve.
Escolhido o modelo e o tamanho lá vou eu com uma dose extra de paciência entrar no site brasileiro para efetuar a compra. Ao fazer o cadastro no site já imaginei que algo iria dar errado porque eles só aceitam cadastro de pessoa que possua CPF, telefone e endereço no Brasil. Utilizei as informações de endereço e telefone da casa da minha mãe e o CPF usei o meu mesmo já bate com o meu nome de casada.
Estava com medo deles checarem o cartão de crédito com o CPF e o endereço pois o meu cartão é daqui e não ia bater as informações com o banco. Para a minha surpresa o cadastro foi efetuado com sucesso e o pagamento foi tranquilo também. Estava feliz da vida imaginando a alegria do meu amigo ao receber o presente até o dia seguinte pela manhã quando abri o meu email.
O pedido havia sido cancelado.
Entrei no site e fui verificar o motivo do cancelamento e fui informada que o pedido não havia sido confirmado. Como assim??? No dia anterior o site deu a mensagem que a compra foi feita com sucesso?!!
Procurei um número de central de atendimento no Brasil e liguei para saber o que tinha acontecido. Um rapaz muito simpático me atendeu e disse que o pedido foi cancelado porque eles ligaram para o telefone de cadastro (o número da minha mãe) e ninguém atendeu para confirmar o pedido. C-O-M-O A-S-S-I-M?? Nunca tinha ouvido falar que você faz uma compra na internet e eles ligam pro telefone do cadastro pra confirmar se você comprou mesmo... Expliquei pra ele que eu morava no exterior e que o endereço e telefone era da minha da mãe e se havia outra forma de confirmar a compra além de ligar no telefone do Brasil. Ele me passou para a televendas e explicou que poderia efetuar a comprar e confirmar a mesma por telefone.
Pronto, lá vou eu passar todas as informações e repetir o pedido novamente a pessoa me GARANTIU que tinha dado tudo certo e que a compra seria processada em apenas alguns "minutinhos".
Desliguei o telefone e fiquei acompanhando o pedido pela internet e o status ainda mostrava que o pedido precisava ser confirmado. Liguei novamente para a central e eles falaram que o sistema demorava no máximo 72h para atualizar e alguém fazia a confirmação de todos os pedidos MANUALMENTE...
Esperei o dia inteiro e para o meu alívio no dia seguinte o pedido foi confirmado e a produção da camisa estava em andamento.
Estava achando tudo eficiente até que a minha mãe ligou e me perguntou pra quem eu tinha comprado um presente! Como assim?? Ela explicou que uma pessoa tinha acabado de ligar pra casa dela perguntando se eu tinha feito uma compra pela internet e pediu pra minha mãe confirmar o endereço de entrega, pra quem era, o meu nome completo, data de nascimento e qual a relação que ela tinha comigo. Ou seja, o meu pedido só foi confirmado porque eles ligaram pra minha mãe pra confirmar e deram sorte que ela estava em casa! Ou seja, o televendas foi tão inútil quanto o site...
A única coisa que eu gostei do sistema de compra e gostaria que fosse implementado aqui é que quando eu fui passar as informações do cartão de crédito por telefone para efetuar o pagamento, fui transferida para um sistema eletrônico que coletou o número do cartão. Aqui você ainda passa estas informações para uma pessoa e acho que não é um sistema muito seguro.
Agora estou esperando a entrega do mesmo, espero que toda esta dor de cabeça tenha valido a pena e que ele goste do presente...

A arte e a dor-de-cabeça de presentear

Dar presente é uma arte. E uma enorme dor-de-cabeça também.
Fica bem mais fácil comprar um presente pra alguém que você conhece, tem uma noção dos gostos da pessoa e principalmente das coisas que ela não gosta. Pelo menos na teoria.
Obrigação é algo que mata a alegria e a criatividade de dar presente e eu sou vítima disso. Perdi as contas de quantas coisas ganhei e nunca usei ou que não tem absolutamente nada a ver comigo.
Por este motivo entro em pânico quando preciso comprar algo para alguém hoje em dia. Tenho pavor de gastar dinheiro e tempo escolhendo algo que a pessoa irá detestar/nunca usar e mesmo assim dizer que amou o presente.
Quando cheguei ao EUA fiquei confusa e indignada com a idéia do gift card (cartão presente) que pode ser encontrado em praticamente todas as lojas e também restaurantes. Achava uma falta de criatividade e preguiça dar um cartão com valor X em dinheiro para a pessoa ir até a loja e escolher o que ela quer. Agora entendo a praticidade e como esses pedaços de plástico podem salvar a sua sanidade mental quando precisa comprar algo para alguém que você não tem a menor idéia do que gosta.
Falando ainda de cartão presente, acho super legal que hoje em dia eles evoluíram mais ainda e é possível comprar experiências para as pessoas como por exemplo dar de presente um dia no spa, uma manicure, uma aula de cozinha ou pular de pára-quedas. É uma oportunidade de dar algo que a pessoa normalmente não usaria o dinheiro para experimentar. Além de ser uma opção para aquelas pessoas que você julga que já tem tudo na vida e não quer acumular mais coisas dentro de casa.
Pra mim os melhores presentes são aqueles dados com amor e carinho e que muitas vezes não precisa  gastar quase nada. É um jantar preparado com amor, passar uma tarde batendo papo sem distração na praia, uma cartinha escrita com carinho, um telefonema sincero em tempos de áudio e mensagens no WhatsApp.
Enquanto escrevo este post estou aqui matutando o que vou comprar para o aniversário de 40 anos de um amigo lá no Brasil.
Que pena que a Amazon não chegou no Brasil.  Ela salvaria a minha pele!

Fim da novela: "A Imigrante"

Depois de 11 anos e 7 meses a minha jornada como imigrante nos EUA finalmente terminou.
No dia 26 de julho deste ano num dia ensolarado na Califórnia, eu e mais 449 pessoas nos tornamos cidadãos americanos. Foi um sentimento de alegria, alívio e incredulidade ao mesmo tempo.
Nunca imaginei quando apliquei para o meu primeiro visto dia 26 de dezembro de 2006 que este dia chegaria. Durante o juramento à bandeira passou um filme em minha cabeça de todas as raivas, lágrimas, alegrias e dinheiro que esta jornada custou. Mas valeu a pena.
Graças a Deus o processo foi simples, demos entrada no pedido da cidadania no começo de dezembro do ano passado. Não foi preciso utilizar advogado, lemos, re-lemos e tre-lemos as instruções de como preencher os formulários e já que não possuímos problemas com a justiça, filhos ou outros casamentos a documentação foi bem simples. Fizemos a coleta das digitais e fotos no começo de janeiro e em junho fizemos a entrevista.
Quando recebemos a carta marcando oficialmente a cerimônia de juramento, ficamos tão felizes. Eu chorei. Corremos para contar para as nossas famílias, mas estranhamente eles não entenderam a importância deste fato pras nossas vidas. No dia-a-dia não há muita diferença, mas é uma segurança saber que aconteça o que acontecer ninguém irá te expulsar do lugar onde você batalhou para construir a sua vida.
Conversei muito com o meu marido e ambos sentimos um nó na garganta com a ironia de nos tornarmos cidadãos numa época em que imigrante neste país parece que não é bem-vindo. Mas agora teremos a oportunidade de fazer algo a respeito e não apenas testemunharmos horrorizados os acontecimentos a nossa volta.
A cerimônia durou cerca de 40 minutos. Demorou mais pra gente fazer fila pra poder entrar do que a cerimônia em si. Eu e meu marido iríamos fazer o juramento no mesmo dia mas sentamos em lugares diferentes do auditório porque eles colocam as pessoas numa ordem numérica de green card.
O meu coração partiu quando a mulher pegou o green card da minha mão e jogou numa caixinha junto com os outros green cards. Será que ela não sabe o suor e o dinheiro investido naquele pedaço de plástico?
Depois de sentados, percebi que haviam alguns brasileiros sentados na minha frente e eu toda animada disse: "Olha mais brasileiros!" e eles me olharam com uma cara de nojinho que me deixou sem jeito. Pra que isso né? Estamos todos no mesmo barco!
Veio uma pessoa falar sobre a importância de votar, outra pra explicar como pedir o passaporte, outra pra falar do social security e o presidente regional do USCIS deu uma palavra de encorajamento. Cantamos o hino nacional e eles pediram para levantar as pessoas por nacionalidades. Haviam 56 países representados no local. No final todo mundo bateu palmas e não tinha como não ficar emocionada vendo gente chorando, gritando e pulando de alegria. Fizemos o pledge of allegiance (o juramento) e fomos declarados novos cidadãos americanos. A parte irônica foi quando apareceu o vídeo do nosso presidente dando parabéns aos novos cidadãos e como os imigrantes são uma parte importante deste país... (foi engraçado que antes do vídeo começar a moça falou que íamos assistir um vídeo para permanecermos sentados que depois iríamos receber o certificado. Quando a cara do dito cujo apareceu houve um misto de risada e burburinho, mas com muito respeito todo mundo ficou em silêncio depois. Eu já sabia que iríamos ver a cara dele já que ele é o presidente do país, mas acho que pegou muita gente de surpresa).
O pessoal foi super organizado e os "diplomas" (o certificado de naturalização) foram entregues de acordo com a ordem que nós sentamos. Achei curioso que no certificado além da nossa foto existe umas informações engraçadas como altura, estado civil além do nosso nome, data de nascimento, local da cerimônia e "antiga nacionalidade" - no nosso caso podemos manter duas nacionalidades, mas em alguns países como China e Índia é preciso renunciar a cidadania anterior porque estes países não reconhecem dupla cidadania.
Com o certificado em mãos e depois de tirar algumas fotos, pedi o meu passaporte - já tinha preenchido o formulário em casa, trouxe foto e o talão de cheques porque cheque era a única forma de pagamento que eles aceitavam.
Saímos para comemorar com os tios do meu marido que vieram do Canadá especificamente para este momento e almoçamos numa ótima churrascaria brasileira :-).
Agora com o passaporte em mãos só preciso alterar o status do social security - que é como o nosso CPF aqui de residente permanente para cidadã americana, assim eu poderei trabalhar em órgãos federais sem problemas.
E assim termina o episódio da "A Imigrante". Ao contrário da Monique eu não fiz uma fogueira com todos os papéis da imigração americana, ao contrário, guardei os novos documentos com carinho no cofre e nunca mais vou olhar pra eles, mas é parte da minha história que não quero esquecer e é legal poder reler os documentos porque eles contam pedaços da sua vida.

Gostaria de deixar um obrigada bem grande para a Monique e a Aline que me ajudaram com várias dicas para estudar e me deixaram tranquila em relação ao processo e a Nani que me deu a dica valiosíssima de manter registro de todas as minhas saídas e entradas do país desde que peguei o green card, pois me salvou de uma enorme dor de cabeça ter que caçar todas as datas para calcular os dias que estive fora do país.





Everybody hurts sometimes...

Esta música está impregnada na minha cabeça há alguns dias, ainda mais quando recebi uma mensagem de uma amiga querida dizendo que ela está com depressão, tomando medicamentos para "aguentar o tranco". E ela se sente culpada, lista todas as coisas boas que ela tem na vida dela e que ela TEM que estar agradecida. Sei bem o que ela quer dizer.
O problema é que hoje em dia a felicidade tem que estar estampada nas fotos, nos updates, nos stories da vida, é difícil conversar sobre os problemas, sobre depressão, sobre doença. E o fardo fica mais pesado de carregar. E com ele vem a culpa. A solidão. E o buraco fica mais escuro e mais fundo e muito mais difícil de sair.
A verdade é que como a música diz, todo mundo sofre. Todos temos problemas. E todos precisamos de alguém do nosso lado pra dividir o fardo.
Lembro-me quando era mais fácil mandar email, ligar, bater papo sobre as angústias, os projetos para o futuro, as brigas, as dores do coração... porque é que a gente cresce, amadurece e parece que perde esta capacidade de compartilhar a nossa dor, principalmente com aqueles que nos conhece melhor e estão mais próximos de nós?
Gostaria de saber a resposta.
Gostaria de poder dar um abraço nesta amiga e em tantas outras pessoas que sei que neste momento estão sofrendo calados. E dizer pra eles que eu também sofro e que se a gente dividir as angústias, elas ficam um pouco mais leves para carregar. E que hoje é complicado, mas amanhã ou depois de amanhã as coisas vão melhorar.



EVERYBODY HURTS
R.E.M

When your day is long
And the night
The night is yours alone
When you're sure you've had enough
Of this life
Well hang on
Don't let yourself go
'Cause everybody cries
And everybody hurts sometimes
Sometimes everything is wrong
Now it's time to sing along
When your day is night alone (hold on)
(Hold on) if you feel like letting go (hold on)
If you think you've had too much
Of this life
Well, hang on
'Cause everybody hurts
Take comfort in your friends
Everybody hurts
Don't throw your hand
Oh, no
Don't throw your hand
If you feel like you're alone
No, no, no, you're not alone
If you're on your own
In this life
The days and nights are long
When you think you've had too much
Of this life
To hang on







Adaptação do Doug

Julho passou que eu nem vi.
E não posso nem dizer que é porque estava fazendo um milhão de coisas porque pra ser sincera eu nem sei o que andei fazendo este mês. Mentira, sei sim. Estava me adaptando com o Doug em casa correndo atrás de um monte de coisas e me preocupando a todo momento se ele estava bem e feliz.
Já que estamos falando do Doug deixa contar como ele está neste primeiro mês aqui com a gente. 
Ele acostumou rápido com a rotina aqui de casa, no início ele estava mais tímido e agora acho que está mostrando quem ele realmente é. De vez em quando é muito teimoso e faz o que bem entende. Finge que não escuta quando estamos falando com ele e deu pra reclamar em alto e bom som quando é contrariado ou quando quer atenção.
O treinamento de obediência estava indo de vento em polpa até que foi colocado à teste com a estadia dos tios do meu marido por alguns dias. Desenvolveu uma paixão pelo pé da tia que não tem explicação. Eu tentava reforçar o que estava ensinando mas com 4 pessoas falando com ele ao mesmo tempo não foi fácil. Mas sobrevivemos.
O bom desta experiência é que pude identificar bem os pontos que precisam ser trabalhados e depois de assistir uns 200 vídeos de treinamento no youtube acho que estou preparada. O segredo é consistência e paciência, mas queria estalar os dedos e ele ser o cachorro mais obediente do mundo. Ele teria muita mais liberdade pra brincar e aproveitar lá fora, mas um dia a gente chega lá.
No começo do mês pudemos finalmente tosar e dar banho nele e se não fosse uma cicatriz na barriga teria dito que a mulher me deu um outro cachorro. Pra ser sincera gosto dele mais peludo, mas como anda bem quente é melhor o pêlo curto e vou poder cuidar melhor pra crescer direito. Fiquei tão feliz de poder ver o rosto dele que nem prestei atenção direito na tosa em si. Depois que cheguei em casa vi que não estava cortado direito, ele deve ter sambado na mesa da tosa pra sair picotado do jeito que foi. Mas paciência, é entrar na fila de espera pra outro tosador. 
Sério, os tosadores mais recomendados da região tem a audácia de deixar mensagem na caixa postal ou em seus sites que não estão aceitando mais clientes. E aprendi a lição que não dá pra aceitar tosador meia boca. Estava pensando em comprar o kit e fazer a tosa eu mesma mas depois do samba que ele fez pra dar banho, não tenho mais tanta certeza se seria uma boa idéia.
Uma coisa curiosa é que neste um mês que ele está aqui eu falei com mais pessoas - inclusive com os vizinhos! - do que nos outros 11 anos e 5 meses que moro aqui. As pessoas até sorriem pra você, no começo eu me assustava mas agora acostumei.  Ainda tem aqueles que te olham torto, mas se a pessoa faz cara feia pro Doug que tem cara de ursinho de pelúcia, também não quero papo com eles.
Uns dias atrás entrei em pânico e comecei a chorar porque parece que todos os cachorros do mundo são mais educados e bem treinados que o meu. Quando a gente sai pra caminhar com ele e encontramos outros cachorros os donos olham com ar de desdém se a gente fala pra ele sentar ou se ele pula de agitação pra falar oi pros outros cachorros. Paciência.
Mas ele está feliz, nós estamos feliz e isso é o que importa. 
Este mês tem feito muito calor por aqui e fica difícil pra sair de casa durante o dia já que o asfalto é muito quente pro Doug caminhar e eu me recuso a comprar um carrinho pra ele. Então a gente saí antes das 7 da manhã pra caminhar e quase às 8 da noite. Vai ser bom quando as temperaturas abaixarem a gente poder ir para o parque ou sair pra caminhar mais cedo.
Aconteceram mais umas coisas legais e importantes na nossa vida este mês, mas vai ficar pra um outro post.
Perdoem-me as pessoas que comentaram nos posts anteriores, mas o blogger não mandou email com notificação de comentário e só quando entrei no site é que vi.
E pra terminar, lógico que vou colocar fotos atualizadas do Doug!
No dia que chegou da tosa

Passa a maior parte do dia dormindo, mas quando acorda...


A saga do animal de estimação

Há um tempão eu e meu marido estávamos conversando sobre  adquirir um animal de estimação. Primeiro pensei em ter um peixinho beta, mas o meu marido falou que se era pra gente ter um peixe, a gente ia comprar aquário com oxigênio e sistema pra alimentar e limpar automático, etc, etc, e já vendo que iria acabar com um negócio muito caro e complexo desisti da idéia.
O meu marido é super alérgico à gatos e como ele nunca teve animal de estimação a gente não sabia se ele seria alérgico ou não à cachorros.  O pouco contato que ele tem com cachorros é quando ele vai pra casa da minha mãe e de um amigo nosso e mesmo assim ele evitava ficar muito perto deles. Insisti para que ele fizesse o teste de alergia, mas ele nunca marcava e acabava deixando pra lá.
Depois que comecei a trabalhar de voluntária no abrigo de animais a vontade de ter um animalzinho só aumentou e a do meu marido também que era bombardeado com foto dos animais mais fofos da face da terra. Até pensei em adotar um chiuaua que está no abrigo há alguns meses, mas conversando com o pessoal que trabalha lá, eles disseramque era melhor adotar um cachorro de alguma raça que eles chamam aqui de "anti-alérgicas". É preciso entender que não há garantia 100% de que um cachorro não irá causar reação alérgica, mas essas raças possuem um melhor resultado de tolerância à pessoas que possuem alergia.
Conversei com amigas que moram aqui que possuem animal de estimação sobre custos com veterinários, seguro de saúde, o que fazem pra viajar com ou sem os bichinhos e depois de avaliar tudo isso, chegamos a conclusão de que iríamos seguir em frente e adotar um cachorrinho. A nossa única preferência era um cachorro que já fosse adulto, eu não sei se teria paciência e saúde pra correr atrás de filhote e treiná-los.
A gente achou que o processo de adoção seria bem simples: vamos até o abrigo, encontramos o cachorro que gostamos, assinamos papel, pagamos a taxa de adoção e levamos o cachorro pra casa e este foi mais ou menos o processo do nosso cachorrinho, mas antes disso eu passei muita raiva.
Como estávamos procurando por cachorros com raças específicas, não podia simplesmente ir até os abrigos e ver os cachorros que estavam disponíveis para adoção. Primeiro eu olhava no website de diversos lugares para não dar uma viagem perdida até o abrigo. Mandei email para uns 5 animais diferentes e já comecei a ver o problema de discrepância entre o website dos abrigos e os animais que realmente estavam disponíveis para serem adotados. Até aí tudo bem, estava meio que esperando que os sites não fossem atualizados em tempo real o que era ruim porque nenhum abrigo é muito próximo da minha casa e não dava pra eu ir lá todo dia pra ver o que realmente estava acontecendo.
Um dos cachorros que estava interessada estava numa casa temporária e precisava mandar email para marcar uma visita no abrigo. Mandei o primeiro email cedo e obtive resposta rápida da pessoa responsável, perguntando informações básicas sobre a minha casa, minha experiência com cachorros e se tinha crianças ou não. Respondi numa boa e algumas horas ela mandou email com mais perguntas. Respondi novamente e perguntei quando poderia ver o cachorro. Ela demorou mais algumas horas e disse que gostou das minhas respostas e que ia contactar a família temporária para marcarmos um horário. Eu já estava pulando de alegria e fazendo mil planos para o cachorro, quando ela me mandou email dizendo que eu não poderia adotar o cachorro porque ele precisava ir pra uma casa com outros cachorros e que o dono tivesse mais experiência com animais.
Agora eu pergunto, pq ela demorou o dia inteiro pra dizer que estas eram as condições pra adotar aquele cachorro? Poderia ter me poupado de toda a angústia de ficar respondendo emails e criar expectativas. Fiquei bem chateada, mas continuei a minha busca por outros animais e olha, cada vez que contactava algum abrigo ou eles me diziam que eu não podia adotar por XZY motivos ou então me mandavam um formulário para preencher que eu abria e dava risada. Nem a imigração americana me pediu tantas informações pessoais e que poderiam comprometer a minha segurança e da minha família do que esses abrigos. Ok, eu entendo que eles querem ter certeza de que a pessoa que vai adotar o bichinho vai cuidar bem dele, tem condições e não é alguém falso que quer comprar animais pra se fazer testes e experimentos (fiquei pasma que isso infelizmente acontece). O meu problema é que esses abrigos (geralmente ONGS que resgatam animais de maus-tratos), não tinham website, nenhuma informação na internet e usavam emails do gmail, outlook. Quem podia garantir que esses animais realmente existiam e quem era que iria receber informações de onde trabalho, quando estou em casa, quanto ganho, etc?
Olha, fiquei tão estressada e me achando tão inadequada, que já estava quase desistindo de toda essa idéia de adotar um cachorro. Chorei uma noite inteira de raiva e decepção e o meu marido não sabia se ele ria de mim ou chorava junto comigo. Ainda bem que ele é uma pessoa bem mais sossegada do que eu e alguns dias depois do meu aniversário ele saiu cedo do trabalho e me chamou pra ir até o abrigo pra ver o que tinha disponível por lá. Na verdade estava de olho em um filhotinho que estava no website, mas já tinha passado tanta raiva que eu pedi pra Deus pra colocar na nossa vida o cachorro certo pra gente e que se fosse pra dar certo, tudo iria dar certo.
Chegando no abrigo perguntei sobre o filhotinho e advinha? Ele tinha sido adotado naquele dia. Fiquei segurando pra não chorar de desanimo e raiva quando a moça falou pra gente dar uma volta no abrigo porque eles tinham acabado de colocar alguns animais pra adoção que não haviam sido listados no website. Ela falou que se a gente gostasse de algum, para pegarmos a folha de informações do animal e trazer de volta para o balcão para conhecê-lo.  Já que estava lá não custava dar uma olhada, mas fui contrariada e sem esperança nenhuma.
Haviam muitos Chihuahuas, Pitbulls e Labradores. E aí no meio deles tinha um Shih Tzu todo sujinho, mas parecia bem bonzinho. Esta era uma das raças que estávamos interessados, então eu mal li a ficha do cachorrinho e já peguei para que outra pessoa não pegasse primeiro. Ele tinha sido achado na rua e o veterinário achava que ele tinha mais ou menos 1 ano de idade. Entregamos o papel para a moça da recepção e ela falou pra gente ir pra salinha para podermos brincar com ele.  Nesta salinha um voluntário passou mais informações sobre o cachorrinho e seu estado de saúde. Ele não ficou com medo ou tímido, já veio brincando e gostava muito que passássemos a mão nele. Ficamos brincando com ele por cerca de 30 minutos e decidimos que o levaria pra casa. Uma mistura de medo e emoção tão grande! Foi tudo tão simples! Preenchi um formulário bem simples e estava esperando o interrogatório com tortura para saber se seria digna para adotá-lo, mas eles simplesmente disseram pra pagar a taxa e que poderíamos levar ele pra casa. Enquanto esperávamos um medicamento que ele precisava terminar de tomar uma voluntária veio se despedir e disse que tivemos muita sorte porque cachorros como ele nunca ficam muito tempo pra adoção e que ele tinha sido sortudo de ser adotado com apenas algumas horas!
Eu estava tão feliz, não conseguia acreditar que tínhamos encontrado o nosso cachorrinho! Depois de tanta raiva que tinha passado nos dias anteriores, Deus nos concedeu o cachorrinho que é mais do que perfeito pro nosso estilo de vida e o melhor de tudo o meu marido se deu super bem com ele e não teve reação alérgica nenhuma.
A primeira coisa que fizemos foi trocar o nome dele para Doug porque no abrigo eles chamavam ele de Albert e  não achamos que combinava muito. A segunda coisa que fizemos foi parar numa pet shop para comprar as coisas para ele já que não estávamos esperando levar o cachorro pra casa naquele dia! Nunca achei na minha vida que um bichinho fosse precisar de tanta coisa, isso porque só compramos o necessário! Como ele tinha sido castrado no dia anterior, ele ainda está se recuperando da cirurgia e não podemos dar banho nele até a semana que vem! E o pobrezinho está tão, mas tão sujo!!! Graças a Deus ele está se recuperando bem e não tivemos maiores problemas com ele além de tratamento pra uma tosse e vermes.
Nossa família não acreditou que o cachorrinho que mostramos na câmera era nosso, minha mãe acha que eu arrumei dor de cabeça pra mim, mas agora tanto a minha sogra quanto a minha mãe quando mandam mensagem perguntam primeiro do Doug! hehehe.
Aos poucos nós estamos nosajustando, mas estamos muito felizes que deu tudo certo porque o Doug tem trazido bastante alegria pra nossa casa. Ele com certeza  é um grande presente pra nossas vidas.

Doug

Update

Passou mais de um mês que não atualizo o blog e podia jurar que o tinha feito recentemente.
O mês de maio passou VOANDO e já estamos quase na metade do mês de junho né?
Sempre digo para o meu marido que depois do meu aniversário (última semana do mês de junho) já começo a me preparar para o Natal, porque o tempo voa.
No começo do mês comecei a trabalhar de voluntária num abrigo de animais do condado. Fiz um treinamento geral para voluntários, depois com treinadora de cães e um tour do lugar com os macetes com um voluntários veterano. Então 2 vezes por semana eu passo duas horas dando muito amor e atenção pros animais mais fofos do planeta. Se eu pudesse já teria trazido 5 cachorros e 10 gatos pra minha casa, mas como não posso, me contento em tirar fotos, fazer vídeos e aproveitar o tempo que tenho com eles lá no abrigo.

Lexi foi adotada
Essa cachorrinha de 11 anos tem mais energia que eu
Eu quero levar pra casaaaaa
Olha que coisa mais foooooooooooooooofa
Neste mês tomei as rédeas de uma vez do meu processo de emagrecimento também. Comecei a me exercitar pra valer em casa e controlar as porções e comer comidas mais saudáveis. Desta vez não saí espalhando para o mundo que estava mudando o meu estilo de vida porque por incrível que pareça ao invés das pessoas te darem apoio, parece que ficam só esperando você sair da linha ou então viram a polícia da comida: "Mas você não está de dieta?? Está comendo isso? Deste jeito não emagrece nunca!". Depois de um mês de adaptação já comecei a ver os primeiros resultados quase 5kg a menos!
O conjunto destas conquistas tem me feito muito bem, fisicamente e principalmente emocionalmente.    
Na semana antes do feriado de Memorial Day meu marido tirou férias e decidimos dirigir até  Vancouver. Não, a nossa casa não fica pertinho de Vancouver foram 900km para cada sentido, mas valeu a pena. Como a gente queria fazer o percurso em 2 dias, não pegamos a estrada com a vista mais bonita, que vai pela costa e depois passa no meio das floresta de sequoias gigantes. Mesmo assim ao Norte da Califórnia a paisagem é tão bonita, um monte coberto de neve, lagos e Oregon e Washington tem aqueles pinheiros gigantes nas montanhas pela estrada. Só pela paisagem já valeu a pena.

Chegando na fronteira entre EUA e Canadá

Bem-vindo ao Canadá
Encontramos um casal de amigos do meu marido que vieram passar férias em Vancouver o que foi muito bom e depois aproveitamos a boa companhia dos tios do meu marido. É sempre bom mudar de cenário e quando retornarmos para casa percebemos o quanto sentimos falta de um bom bate-papo e de estar ao lado de pessoas queridas. Se um dia tivermos que encontrar outro lugar para morar, Vancouver estaria no topo das principais opções com certeza!
Não tem como não rir no meio destas esculturas em Vancouver
Vancouver
Squamish - Canadá
White Rock - Canadá
Peace Arch Park - parque entre as fronteiras
Na viagem de volta pra casa paramos no Museum of Flight - Museu da Aviação que fica ao lado da fábrica da Boeing. O meu marido é apaixonado por aviação e o lugar é muito interessante. Tem vários aviões (de verdade) num pavilhão onde você pode entrar e aprender sobre os mesmos.
Na entrada do museum o famoso Blue Angel
Tinha um antigo avião do presidente dos Estados Unidos, o famoso Air Force One, o avião supersônico Concorde da British Airways, o avião 747, o mais novo modelo da Boeing o Dreamliner 787 - deu pra perceber que eu também sou chegada em aviação? - e outros aviões militares. O que foi super inesperado e não podia perder era uma exibição sobre o ônibus espacial! Tinha uma antiga cúpula onde os astronautas retornam pro planeta e o simulador oficial onde os astronautas usavam pra aprender a manusear o ônibus espacial! Tá certo que tivemos que pagar à parte pra poder entrar, mas foram os 30 minutos que mais valeram a pena pra mim!
Museum of flight - alguns dos aviões no pavilhão

Mais aviões no pavilhão principal
Painel de controle da Space Shuttle
Soyuz - o que os astronautas usam agora pra retornar pra Terra
A gente pensou em parar em outros parques pelo caminho, mas como a gente queria chegar cedo em casa porque era o final de semana prolongado e as estradas estavam ficando mais cheias, voltamos pra casa sem fazer outras paradas.

Desta vez só a vista de Seattle pela estrada 
Mount Shasta em Califórnia
Espero até o final do mês retornar porque tenho um monte de coisas para escrever, mas este post já está ficando longo e eu estou pronta para ir dormir porque amanhã tem mais gatinhos para eu apertar e amar por duas horas!


10 de maio - World Lupus Day

Hoje é dia Mundial de Conscientização Sobre Lupus. Maio é um mês que a comunidade de organizações de apoio à pacientes e ao combate à Lupus se unem para trazer esclarecimento e informação sobre essa doença que quase sempre a gente ouviu falar de algum lugar mas não sabe ao certo o que é.
Já contei aqui um pouco da minha história de quando fui diagnosticada, mas quase nunca falo sobre o assunto e isso se deve à alguns motivos.
O primeiro é que falar sobre a Lupus dói. Dói porque desde o diagnóstico dessa doença crônica e que até o momento não tem cura a minha vida nunca mais foi a mesma. Houve muita alteração de planos, adaptações, frustrações.
Além disso, as pessoas cansam de ouvir você falar de doença, principalmente quando você não parece que tem nada. Pessoas da minha família e amigos ainda acreditam que já que não estou no hospital, está tudo bem. As dificuldades só mesmo eu e o meu marido sabem, e não tem muito o que falar sobre algo que não vai embora.
No meio de tantas e tantas histórias que li e ouvi, posso dizer que sou "abençoada", porque a doença foi controlada sem maiores danos no meu corpo, tenho acesso à médicos e tratamento muito bons que fizeram e fazem toda a diferença na minha vida. 
Eu torço para que em breve seja descoberta a cura desta doença cruel e silenciosa e que mais e mais pessoas tenham acesso à tratamento adequado, compreensão e suporte de família e amigos porque isso é essencial para aliviar o peso de conviver com a incerteza de que a qualquer momento o seu próprio sistema imunológico vai tentar te destruir.
Espero que no próximo mês de maio eu possa compartilhar que a cura foi encontrada e que a Lupus faz parte do meu passado.

A Lúpus é uma doença auto-imune imprevisível e incompreendida que afeta diversas partes do corpo



Post Secret Event

Por muitos anos tenho lido assiduamente aos domingos os segredos que pessoas em anonimato enviam via cartão postal para o americano Frank Warren no website Post Secret .
Às vezes os segredos são engraçados, dramáticos, vingativos, tristes... encontrei durante as minhas leituras muitos cartões postais que poderiam ter sido escritos por mim mesma. E aí percebo que alguém em algum lugar compartilha da mesma história, do mesmo sentimento, do mesmo medo, das mesmas alegrias e me sinto menos sozinha.
O Frank começou o projeto cerca de uma década atrás, ele nunca teve intenção de se tornar "a pessoa mais confiável do mundo" - afinal, ele recebeu e leu mais de 1 milhão de segredos de estranhos! Aos domingos pela manhã ele coloca no blog do post secret alguns desses segredos, ele já publicou alguns livros e também dá palestras principalmente em universidades.
Além de bom entretenimento e de nos fazer refletir, apoio e acompanho o trabalho do Frank porque ele doou - e continua contribuindo para instituições que dão suporte e apoio para pessoas que possuem problemas de saúde mental, principalmente fazendo prevenção ao suicídio.
No começo do ano acompanhando o twitter do Post Secret vi que Frank estaria na Universidade de San Jose dando palestra - e o melhor gratuitamente e após a apresentação, ele iria assinar livros e tirar fotos com os participantes. Essa oportunidade eu não poderia perder!
Então segunda-feira passada dirigi para o campus da universidade bem cedo - não queria ter problemas com o estacionamento e entrei na fila do público geral até uma meia hora antes da apresentação começar.
Senti um pouco de pânico porque a fila já tinha muitas pessoas e a preferência para entrada era de alunos e funcionários/professores da faculdade e iria ficar morrendo de raiva se não pudesse entrar. Infelizmente (no meu caso felizmente) o auditório ficou com um pouco mais do que metade da capacidade e pude entrar e participar da palestra.
A apresentação durou um pouco mais de uma hora e neste meio tempo quando ele dividia alguns segredos com a gente eu chorei, ri, fiquei surpresa. Ele confessou que até hoje não possui apoio de sua própria mãe com o projeto e para provar que não era mentira, ele tocou a mensagem que ela deixou pra ele no celular quando ele lançou o primeiro livro, dizendo que não queria um exemplar e que não queria se envolver com o projeto.
Frank na San Jose State University

Enfim, depois do final da apresentação entrei na fila pra comprar um dos livros e pra ele assinar. Fico muito nervosa de conversar, mas juntei a minha coragem e balbuciei algumas palavras de agradecimento pelo trabalho dele - algo que ele deve ouvir umas duzentas milhões de vezes - ele foi muito gentil e atencioso, assinou o meu livro e tiramos uma foto juntos.
Fiquei muito contente em ter participado do evento, estava precisando de um pouco de inspiração e foi exatamente o que recebi.
Se alguém quiser ouvir um pouco da apresentação que o Frank fez no TED Talk, segue o vídeo abaixo.




Cadê todo mundo?

Quando comecei a planejar a minha vinda para os EUA descobri o maravilhoso mundo dos blogs.
Foi neste mundo que descobri que haviam muitas pessoas que estavam passando pela mesma situação que eu, que entendiam os meus medos, minhas dúvidas e que ajudavam escrevendo sobre suas vidas, experiências e dicas.
Conheci um monte de gente nesta época e algumas pessoas se tornaram amigas de vida real, com as quais ainda mantenho contato fora do mundo virtual. Se não fosse pelo blog eu jamais teria a oportunidade de encontrar estas pessoas maravilhosas!
Infelizmente ao longo do tempo muitos blogs incríveis foram fechados e abandonados. Blogs que tinham conteúdos incríveis e relevantes começaram a se tornar extremamente difíceis de navegar por conta dos milhões de banners e propagandas ou então voltou-se completamente para a monetização e perdeu totalmente sua essência.
E a comunidade gostosa de gente interessante cheia de idéias, dicas e experiências virou quase um campo de batalha ou uma casa abandonada. Sei que sou culpada em não escrever com tanta frequência e acho que às vezes eu fico muito preocupada em escrever algo que alguém vai gostar ao invés de simplesmente dividir um pouco sobre as minhas idéias, perspectivas, dicas como nos velhos tempos.
O crescimento e a popularidade dos vlogs também está afetando os blogs, o que acho uma pena. Eu não tenho paciência de ver vídeos e às vezes é muito mais fácil sentar em algum lugar e ler um blog do que tentar assistir um vídeo.
Outra coisa que acho muito melhor nos blogs é peneirar informações que se busca porque muitas vezes eu tentei assistir um vlog por causa do título e a pessoa falou falou falou e não disse nada do que o título indicava, o que acabou me deixando muito irritada!
Espero que os blogs não entrem em extinção e vou fazer a minha parte para que o meu espaço sempre esteja atualizado também!

Endurance


Demorei uns 4 meses pra terminar de ler este livro mas valeu a pena. Não queria ler correndo pra saber qual era o final da história - afinal, eu já sabia o final dela - mas queria ler com cuidado saboreando cada detalhe, cada informação.
O astronauta americano Scott Kelly passou um ano na Estação Internacional Espacial num projeto da Nasa com a Agência Espacial Russa chamada "Um ano no espaço". Um cosmonauta russo Mikhail Kornienko também passou o mesmo tempo com Scott na estação espacial.
Bem, eu sou fascinada por astronomia - quando eu era criança eu tinha certeza de que seria uma astronauta um dia - então eu gostei muito do livro.
Scott relata sua jornada pessoal de superação - de um aluno que odiava estudar e era bem mais ou menos a um estudante dedicado para alcançar o seu sonho de ser piloto de teste da aeronáutica - mas também um pouco de como é a rotina dos habitantes da estação espacial, o que sentem, comem, como se preparam para se tornarem astronauta e também suas batalhas na vida pessoal enquanto sua carreira na NASA se desenrola.
Depois de ler alguns relatos do livro fui até o youtube para encontrar vídeos da estação espacial, do space shuttle e rever alguns momentos que ele deu entrevistas da estação espacial.
Eu acompanhei o astronauta Scott pelo Twitter enquanto ele estava lá na missão de um ano no espaço, adorava as fotos que ele publicava e acompanhei pela NASA TV online o retorno dele para a Terra, então a leitura do livro foi muito interessante.
O livro matou a minha curiosidade não apenas sobre a preparação e vida de um astronauta, mas também me deu motivação para que eu buscasse os meus próprios sonhos mesmo que neste momento eles pareçam estar tão distantes...
Valeu Scott!



Então 11 anos...

ONZE ANOS se passaram desde o dia que saí do Brasil para fazer intercâmbio.
Morrendo de medo e de ansiedade e apesar da torcida do contra e da torcida "daqui-a-um-mês-você-volta-com-o-rabinho-entre-as-pernas" eu parti pro mundo em busca do MEU sonho.
Pra decepção de muitos e pra minha alegria os sonhos se tornaram realidade. Cumpri com o tempo de intercâmbio e agarrei oportunidades de estudo e trabalho.  E a vida aconteceu, o coração bateu mais forte e fiquei.
Às vezes eu tento imaginar como seria a minha vida se eu nunca tivesse partido ou se tivesse retornado após o intercâmbio. Melhor ou pior não sei, mas com certeza a minha vida seria diferente.
Estou vivendo um momento estranho agora. Sinto-me como se estivesse presa entre dois mundos dos quais não pertenço 100%. Talvez esta seja a sina de expatriada.
Olhando as fotos destes últimos 11 anos, relembrei de tantas pessoas que passaram pela minha vida. Tantos lugares que conheci, tantas coisas que fiz. Tantas lutas e conquistas.
Hoje eu precisava olhar para trás. Para relembrar a jornada. Para entender como cheguei e porque estou aqui. Sentir orgulho de mim mesma.
E assim, celebrando estes 11 anos de Estados Unidos - o sonho que um dia pareceu impossível de se tornar realidade -  recarrego as energias, encho o coração de fé e arregaço as mangas para realizar novos sonhos.