Ah Brasil...

Fonte: Google
Depois de conversar com uma amiga jornalista sobre o que anda acontecendo no Brasil, ela me deu o seguinte conselho: Escreva. Registre tudo o que você está sentindo, tudo o que está acontecendo. Estamos vivendo um momento único da história e devemos registrar o que está à nossa volta.
Então estou aqui, sentada com o coração na mão escrevendo.
Não vou negar que ontem saí cedo de casa pra votar já com um sentimento de derrota. Derrota porque independente de quem ganhasse a eleição, sentia que o Brasil sairia perdendo, de um jeito ou de outro. Mas vamos lá né, sou OBRIGADA a ir votar. Mas antes de sair de casa pensei bem que roupa iria vestir. Pois é, parecia que estava até saindo em São Paulo em dia de clássico de futebol. Tem que tomar cuidado com as cores que você usa pra não ser confundido como torcedor e acabar encontrando a torcida adversária e ser agredido no mínimo verbalmente. Achei que preto seria a cor ideal, pois era assim que me sentia. De luto.
Cheguei alguns minutos depois das 8 e a fila estava pequena. Gente tirando selfie na entrada da zona, de verde e amarelo, uns passavam e falavam ó vota 17! Eu permaneci ali quieta, não queria bater papo com ninguém. Ainda bem que o Doug estava comigo pra distrair e mudar os assuntos ao meu redor.
Ao chegar na urna respirei fundo e votei. E não tenho vergonha de dizer que anulei o meu voto. Não tinha condições de votar em um ou outro candidato porque não acredito no que falam, em seus planos de governo. Pra mim não existe esta coisa de TEM que votar em um ou outro, nem que seja o menos pior. E não venha me dizer que fui covarde, que desperdicei a minha voz. Encaro o voto nulo e branco com outros olhos. É o voto protesto, de quem não acha nenhum dos dois bons o suficiente.
Era voltar pra casa e esperar o tão temido resultado. E chegou pouco depois das 19h no Brasil. Aqui as urnas ainda estavam abertas. Pensa em quem chegou pra votar depois das 3:00 da tarde daqui e sabia que seu voto não valia de nada... mas de novo, somos obrigados a votar, então vamos fazer a nossa parte.
Liguei pra minha mãe e podia ouvir os fogos de artifício. Parecia final de Copa do Mundo ou Ano Novo. Eu entendo a lógica. Era necessário mudança. Do jeito que o país estava sendo governado não dava mais pra continuar. O povo está cansado, insatisfeito, sem esperança. E chega um candidato que promete tudo o que o povo quer ouvir. Fala as palavras certas que soam como música para muitos. E embalados na suave música, muitos não prestaram atenção no peso das palavras contra certas pessoas. Declarações feitas cheia de convicções que declaram o que está dentro do coração, de verdade. A postura diante da oposição - uma similaridade assustadora de como o governo atual daqui trata seus críticos - é simplesmente dizer que estão mentindo. Não foi bem isso que ele quis dizer. Espalhar as suas próprias verdades. Uma amiga disse que ouviu a melhor amiga dizer: "Pra mim não importa se ele é machista, homofóbico. Ele não é meu pai, é o presidente. Contanto que ele conserte a economia, segurança e educação, eu não me importo."
Pois é, agora o que nos resta é esperar. Esperar 1 de janeiro de 2019 e ver o que vai acontecer. Nunca na minha vida eu quis tanto, tanto estar errada.  Espero que ele cumpra o que prometeu no segundo discurso como presidente eleito (porque o primeiro foi para seus seguidores e o tom foi bem diferente), de que irá governar o país para todos e vai respeitar a constituição e as liberdades que ela nos garante.
E espero que as celebrações que aconteceram ontem, continuem pelos próximos 4 anos. Que hajam mudanças e melhoria de vida dignas de serem celebradas por todos os brasileiros.

4 comments:

  1. A gente vive em um periodo bem emblematico mesmo. Eu discordo um pouco da sua amiga jornalista, por anos historiadores vem falando sobre o mundo ta caminhando pra era de um extremismo entre os dois lados, esquerda e direita. O novo e que os moldes que a gente conhece nao se aplicam mais. Outro fator sociologico que li anos atras ainda na faculdade de Historia e a seguinte: Quanto mais pobre as pessoas forem mais inclinadas a medidas priorizando economia, quando elas adquirem mais riquezas ai vem a preocupacao social. Como nos ultimos anos tem tido um empobrecimento de forma geral, candidatos como Trump e Bolsonaro sao o efeito do desespero.

    Eu compartilho com voce as perspectivas, e espero sim que seja um bom governo apesar de nao acreditar. Espero muito ta errada, mas veremos.
    Bjs

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    1. Oi Monique, achei que tivesse respondido seu comentário... pois é, pelo o que temos visto é uma tendência global esta questão de extremismo, veja o que está acontecendo na Europa... vamos ficar na torcida, mas está difícil ser otimista...

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  2. Estou devastada e ainda não consigo falar sobre o assunto sem deixar minha emoções falarem mais alto, então estou silenciosa. Tenho onversado apenas com algumas pessoas específicas, na verdade, ouvindo mais do que falando qualquer coisa. Enfim, admito que sou negativista, então assim como aqui nos EUA estou vendo as coisas irem muito ruins para quem sempre sofre mais, só consigo imaginar que no Brasil a coisa vai ficar absurdamente terrível. Bjs

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    1. Pela minha sanidade eu não converso com ninguém sobre o assunto, por isso vim aqui no blog escrever sobre o assunto... não acho que seja questão de pessimismo, é questão de ser realista e fazer uma análise crítica do que está sendo dito e feito. Mas vamos aguardar que o estrago não seja tão grande assim...

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