Viagem aos EUA com Insulina - Como trazer a mãe pros States e não enlouquecer parte 2

Há alguns anos escrevi algumas dicas de como preparo a viagem para a minha mãe vir para os EUA sozinha e eu não enlouquecer (POST AQUI). Este ano a minha mãe veio visitar e tive que fazer outras preparações já que ela teria que trazer insulina e seringas no avião.
Vários meses antes dela viajar entrei no site do TSA (Transportation Security Administration) a agência americana responsável pela segurança dos aeroportos para saber quais eram os requisitos para que a minha mãe pudesse trazer a insulina dela e as seringas que ela teria que utilizar durante a viagem e durante a estadia dela aqui. A agência permite que passageiros possuam qualquer tipo de remédio e medicamento necessário a bordo do avião inclusive que ultrapasse o limite de líquidos e não precisa estar naquela famosa saquinho plástico, mas é necessário avisar para o agente da segurança que o que você está carregando. As informações coletadas podem ser lidas em inglês AQUI.
Até aí tudo bem, só que eu me deparei com três pequenos obstáculos.
1 - a minha mãe não fala inglês. Se ela fosse questionada sobre o medicamento ela não teria como conversar com o agente e ela não iria poder seguir viagem sem a medicação dela
2 - como transportar a insulina que precisa ficar em baixa temperatura durante todo o tempo que ela estivesse em trânsito
3 - eu poderia comprar seringas nos EUA caso ela precisasse?

1 - A minha mãe não fala inglês.
As minhas irmãs me chamam de paranóica, mas quando a minha mãe vem para os EUA eu imprimo um monte de papel para ela trazer. SEMPRE tenha com você o itinerário da viagem (passagem ida e volta), comprovante de seguro de saúde, o endereço de onde você vai ficar. Como a minha mãe não fala inglês eu sempre escrevo uma carta para o oficial dizendo que ela não fala inglês, que ela fala somente português e meu endereço e telefone para contato, que ela vai ficar na minha casa e também a quantidade de dias que ela vai ficar.
Escrevi uma declaração em inglês para a médica da minha mãe assinar com o nome de todos os medicamentos que ela toma, além de dizer que ela necessita de insulina e por isso ela precisa ter com ela insulina e também seringas durante todo o tempo. A médica da minha mãe colocou as informações dela com número de telefone e assinou. E a minha mãe também trouxe com ela todas as receitas dos medicamentos e estes em suas embalagens originais.

2 - Como transportar a insulina que precisa ficar em baixa temperatura durante todo o tempo que ela estiver em trânsito?
Procurei muita informação na internet a respeito deste assunto. A princípio ia falar pra minha mãe pedir ajuda das aeromoças, para que elas dessem água gelada ou gelo para ela manter as insulinas frias, mas depois de muito pesquisar encontrei uma mala frigorífera especialmente para carregar insulina e seringas para diabéticos. Apesar do TSA não dizer publicamente que endorsa nenhum produto, esta malinha era aceitável e li muito a respeito que pessoas que tem diabetes nunca tiveram problemas no aeroporto. A que comprei para a minha mãe foi da marca Frio, o que manteria a insulina fria por um período de 24h. O importante neste caso é sempre avisar para o segurança que você tem insulina com você nesta malinha, se eles precisarem fazer uma inspeção especial. Quando a minha mãe veio do Brasil, o agente nem pediu para ela tirar da mala, mas quando estava retornando, ele pediu para tirar e colocar naquelas bacias que passa na máquina de raio-X.

3 - É possível comprar seringas nos EUA?
A resposta é sim e não. Sim, você pode comrpar seringas se você comprovar que é diabético e para isso você precisa de uma prescrição médica. O problema é que precisa ser um médico americano, a declaração que a médica da minha mãe no Brasil assinou não valia de nada para a farmacêutica. As regras para a venda de seringas descartáveis com agulhas varia de estado para estado. Aqui na Califórnia era possível que eu comprasse um pacote com 10 seringas por vez, ou seja, a cada 3 dias eu teria que ir na farmácia novamente comprar um novo pacote. Porém nada que uma pesquisada no Google não me mostrasse que era possível comprar uma caixa com 100 agulhas online. O preço era um pouco mais caro do que na farmácia, mas pelo menos a minha mãe teria acesso às seringas.

Outra coisa muito importante ressaltar é que não se pode colocar seringas usadas em lixo comum. Nós compramos na farmácia uma lata específica para descartar seringas usadas e os plasticos que ela mede a glicose (que contém sangue). Esta lata custa mais ou menos 7 dólares e aí quando estiver cheia você precisa olhar um posto autorizado próximo que receba esta lata. Aqui em casa foi possível levar para um hospital que recebe seringas somente dentro desta lata para descartar. Vale dizer que dentro de vários shoppings, aeroportos e lojas grandes no banheiro há também lugares específicos para descartar seringas, mas a minha mãe quando saía sempre guardava na bolsa e jogava na latinha em casa.

De vez em quando sempre aparece na televisão ou internet notícias de pessoas barradas na segurança ou imigração dos EUA e gente, não existe isso de que a pessoa foi barrada porque não conseguiu se comunicar. Nos aeroportos a maioria dos agentes falam espanhol também e há sempre serviço de intérpretes. Evite passar problemas na imigração levando documentação!! Não confie em eletrônicos, imprima documentos importantes e no caso de medicação sempre tenha a receita médica e traga medicamentos nas embalagens originais, porque isso ajuda os agentes a identificar o que você está carregando.

Com todos estes cuidados e preparos a viagem da minha mãe foi bem mais tranquila, mas isso não quer dizer que eu não me preocupei menos com ela. Desta viagem ela ganhou mais experiência e eu um punhado de novos cabelos brancos.

Casamento 1 - Canadá

Pois bem, o casamento do primo do meu marido aconteceu no começo deste mês e depois de muita preparação - principalmente psicológica - tudo deu certo e a experiência foi melhor do que eu imaginava.
Os noivos queriam algo bem informal, apenas uma oficialização e reunir os parentes para celebrar a união deles. O casamento não foi grande apesar da família quase inteira (faltou os 2 sobrinhos do meu marido) participar da festa - um total de 37 pessoas estavam presentes na cerimônia que aconteceu no salão de festas do prédio dos noivos.
Valeu a pena eu ter passado várias tardes frustradas em frente ao espelho da minha casa e assistindo tutorias de penteados "fáceis" e tentando ajeitar o cabelo sozinha, pois no dia da cerimônia meu cabelo ajudou e eu conseguir fazer um penteado que recebeu vários elogios. Pode parecer bobeira, mas isso estava me tirando o sono!
Era uma tarde quente e um pouco nublada em Vancouver e a vista do lugar era incrível - era possível ver as montanhas e também o aeoporto que ficava a apenas alguns quilometros de distância de onde eles moram. Achei interessante e até romântico a vista do aeroporto, afinal, sem ele teria sido quase impossível os noivos terem se encontrado já que ele é canadense e ela indiana.
A cerimônia foi simples feita por um juiz de paz e contou também com a presença dos pais e irmão da noiva. Todos estavam muito felizes e quando a noiva apareceu arrancou suspiros de todos presentes. E o noivo segurou para não chorar quando a viu.
Ela vestia um vestido vermelho de cetim maravilhoso, juro que ela parecia uma princesa de verdade, com um sorriso irradiante que contagiou e emocionou todos presentes.  Algumas pessoas pareciam surpresas com a escolha da noiva, mas eu já tinha pesquisado sobre a cultura indiana e sabia que ela não usaria branco, já que é associado com funeral e luto.
A cerimônia durou uns 15 minutos e depois disso passamos uma tarde gostosa conversando, comendo muitos quitutes e os parentes do meu marido colocando a conversa em dia e tirando mil fotos, já que a última vez que todos se reuniram foram há 22 anos no casamento de um outro primo.
A festa terminou acho que era umas 8 da noite com todo mundo feliz e satisfeito. Fiquei honrada quando a noiva deu um porta-joias de madeira de presente que os pais dela trouxeram da Índia e um pouco antes de nos despedirmos ela nos convidou para participar do casamento deles que acontecerá na Índia*.
Quando estávamos nos preparando para ir embora, dividimos o povo nos carros e aí a esposa do best man (o melhor amigo do noivo) ficou de ir conosco no carro. Ela estava tão bêbada, tão bêbada que não falava coisa com coisa. Ela quase surtou quando eu falei que era brasileira e aí ela falou com admiração que nunca tinha conhecido uma brasileira tão branca como eu, como era possível que eu era brasileira e que eu era muito exótica e que ela queria ter nascido em um lugar exótico ao invés de ser uma branca nascida no Canadá... Se fosse em outra circunstância eu até teria argumentado com ela, mas bêbada do jeito que ela estava não adiantava falar muita coisa, só ia dar mais pano para manga  e a conversa não iria terminar bem...
Apesar de ter sido um casamento bem informal e descontraído todo mundo estava bem vestido e fiquei feliz que não caí no conto de que os pais do noivo que estavam organizando disseram que poderia vestir qualquer coisa...
Outra coisa que achei bem interessante e só reforçou o que havia dito no post anterior, só havia 2 pacotes de presente numa mesa reservada para presentes aos noivos e havia um cestinho com vários envelopes ($$$).

*Casamento na Índia
Os pais da noiva como manda a tradição irá realizar um "pequeno" casamento hindu na Índia em dezembro e todos da família do noivo foram convidados a participar.  Eu quase pulei de tanta alegria porque isso é algo que eu SEMPRE tive vontade de participar e a Índia está na minha lista de lugares do mundo para conhecer desde que eu me considero gente. Estamos aguardando o convite oficial e resolver uns assuntos no trabalho do meu marido para comprarmos as passagens. Falei pra ele que não precisa me dar nenhum presente pelos próximos 10 anos se realmente formos para o casamento e tomara que tudo dê certo!
Será uma experiência sem igual, já que os casamentos indianos são mundialmente conhecidos pela alegria, tradições e riqueza cultural.

Será intessante ver a perspectiva do meu marido participando pela primeira vez de um casamento no Brasil, que apesar de fundamentalmente ser a mesma coisa, é completamente diferente de tudo o que ele já participou, ainda mais que nós seremos padrinhos da minha irmã e praticamente boa parte dos 250 convidados faz parte da minha família.