Everybody hurts sometimes...

Esta música está impregnada na minha cabeça há alguns dias, ainda mais quando recebi uma mensagem de uma amiga querida dizendo que ela está com depressão, tomando medicamentos para "aguentar o tranco". E ela se sente culpada, lista todas as coisas boas que ela tem na vida dela e que ela TEM que estar agradecida. Sei bem o que ela quer dizer.
O problema é que hoje em dia a felicidade tem que estar estampada nas fotos, nos updates, nos stories da vida, é difícil conversar sobre os problemas, sobre depressão, sobre doença. E o fardo fica mais pesado de carregar. E com ele vem a culpa. A solidão. E o buraco fica mais escuro e mais fundo e muito mais difícil de sair.
A verdade é que como a música diz, todo mundo sofre. Todos temos problemas. E todos precisamos de alguém do nosso lado pra dividir o fardo.
Lembro-me quando era mais fácil mandar email, ligar, bater papo sobre as angústias, os projetos para o futuro, as brigas, as dores do coração... porque é que a gente cresce, amadurece e parece que perde esta capacidade de compartilhar a nossa dor, principalmente com aqueles que nos conhece melhor e estão mais próximos de nós?
Gostaria de saber a resposta.
Gostaria de poder dar um abraço nesta amiga e em tantas outras pessoas que sei que neste momento estão sofrendo calados. E dizer pra eles que eu também sofro e que se a gente dividir as angústias, elas ficam um pouco mais leves para carregar. E que hoje é complicado, mas amanhã ou depois de amanhã as coisas vão melhorar.



EVERYBODY HURTS
R.E.M

When your day is long
And the night
The night is yours alone
When you're sure you've had enough
Of this life
Well hang on
Don't let yourself go
'Cause everybody cries
And everybody hurts sometimes
Sometimes everything is wrong
Now it's time to sing along
When your day is night alone (hold on)
(Hold on) if you feel like letting go (hold on)
If you think you've had too much
Of this life
Well, hang on
'Cause everybody hurts
Take comfort in your friends
Everybody hurts
Don't throw your hand
Oh, no
Don't throw your hand
If you feel like you're alone
No, no, no, you're not alone
If you're on your own
In this life
The days and nights are long
When you think you've had too much
Of this life
To hang on







Adaptação do Doug

Julho passou que eu nem vi.
E não posso nem dizer que é porque estava fazendo um milhão de coisas porque pra ser sincera eu nem sei o que andei fazendo este mês. Mentira, sei sim. Estava me adaptando com o Doug em casa correndo atrás de um monte de coisas e me preocupando a todo momento se ele estava bem e feliz.
Já que estamos falando do Doug deixa contar como ele está neste primeiro mês aqui com a gente. 
Ele acostumou rápido com a rotina aqui de casa, no início ele estava mais tímido e agora acho que está mostrando quem ele realmente é. De vez em quando é muito teimoso e faz o que bem entende. Finge que não escuta quando estamos falando com ele e deu pra reclamar em alto e bom som quando é contrariado ou quando quer atenção.
O treinamento de obediência estava indo de vento em polpa até que foi colocado à teste com a estadia dos tios do meu marido por alguns dias. Desenvolveu uma paixão pelo pé da tia que não tem explicação. Eu tentava reforçar o que estava ensinando mas com 4 pessoas falando com ele ao mesmo tempo não foi fácil. Mas sobrevivemos.
O bom desta experiência é que pude identificar bem os pontos que precisam ser trabalhados e depois de assistir uns 200 vídeos de treinamento no youtube acho que estou preparada. O segredo é consistência e paciência, mas queria estalar os dedos e ele ser o cachorro mais obediente do mundo. Ele teria muita mais liberdade pra brincar e aproveitar lá fora, mas um dia a gente chega lá.
No começo do mês pudemos finalmente tosar e dar banho nele e se não fosse uma cicatriz na barriga teria dito que a mulher me deu um outro cachorro. Pra ser sincera gosto dele mais peludo, mas como anda bem quente é melhor o pêlo curto e vou poder cuidar melhor pra crescer direito. Fiquei tão feliz de poder ver o rosto dele que nem prestei atenção direito na tosa em si. Depois que cheguei em casa vi que não estava cortado direito, ele deve ter sambado na mesa da tosa pra sair picotado do jeito que foi. Mas paciência, é entrar na fila de espera pra outro tosador. 
Sério, os tosadores mais recomendados da região tem a audácia de deixar mensagem na caixa postal ou em seus sites que não estão aceitando mais clientes. E aprendi a lição que não dá pra aceitar tosador meia boca. Estava pensando em comprar o kit e fazer a tosa eu mesma mas depois do samba que ele fez pra dar banho, não tenho mais tanta certeza se seria uma boa idéia.
Uma coisa curiosa é que neste um mês que ele está aqui eu falei com mais pessoas - inclusive com os vizinhos! - do que nos outros 11 anos e 5 meses que moro aqui. As pessoas até sorriem pra você, no começo eu me assustava mas agora acostumei.  Ainda tem aqueles que te olham torto, mas se a pessoa faz cara feia pro Doug que tem cara de ursinho de pelúcia, também não quero papo com eles.
Uns dias atrás entrei em pânico e comecei a chorar porque parece que todos os cachorros do mundo são mais educados e bem treinados que o meu. Quando a gente sai pra caminhar com ele e encontramos outros cachorros os donos olham com ar de desdém se a gente fala pra ele sentar ou se ele pula de agitação pra falar oi pros outros cachorros. Paciência.
Mas ele está feliz, nós estamos feliz e isso é o que importa. 
Este mês tem feito muito calor por aqui e fica difícil pra sair de casa durante o dia já que o asfalto é muito quente pro Doug caminhar e eu me recuso a comprar um carrinho pra ele. Então a gente saí antes das 7 da manhã pra caminhar e quase às 8 da noite. Vai ser bom quando as temperaturas abaixarem a gente poder ir para o parque ou sair pra caminhar mais cedo.
Aconteceram mais umas coisas legais e importantes na nossa vida este mês, mas vai ficar pra um outro post.
Perdoem-me as pessoas que comentaram nos posts anteriores, mas o blogger não mandou email com notificação de comentário e só quando entrei no site é que vi.
E pra terminar, lógico que vou colocar fotos atualizadas do Doug!
No dia que chegou da tosa

Passa a maior parte do dia dormindo, mas quando acorda...


A saga do animal de estimação

Há um tempão eu e meu marido estávamos conversando sobre  adquirir um animal de estimação. Primeiro pensei em ter um peixinho beta, mas o meu marido falou que se era pra gente ter um peixe, a gente ia comprar aquário com oxigênio e sistema pra alimentar e limpar automático, etc, etc, e já vendo que iria acabar com um negócio muito caro e complexo desisti da idéia.
O meu marido é super alérgico à gatos e como ele nunca teve animal de estimação a gente não sabia se ele seria alérgico ou não à cachorros.  O pouco contato que ele tem com cachorros é quando ele vai pra casa da minha mãe e de um amigo nosso e mesmo assim ele evitava ficar muito perto deles. Insisti para que ele fizesse o teste de alergia, mas ele nunca marcava e acabava deixando pra lá.
Depois que comecei a trabalhar de voluntária no abrigo de animais a vontade de ter um animalzinho só aumentou e a do meu marido também que era bombardeado com foto dos animais mais fofos da face da terra. Até pensei em adotar um chiuaua que está no abrigo há alguns meses, mas conversando com o pessoal que trabalha lá, eles disseramque era melhor adotar um cachorro de alguma raça que eles chamam aqui de "anti-alérgicas". É preciso entender que não há garantia 100% de que um cachorro não irá causar reação alérgica, mas essas raças possuem um melhor resultado de tolerância à pessoas que possuem alergia.
Conversei com amigas que moram aqui que possuem animal de estimação sobre custos com veterinários, seguro de saúde, o que fazem pra viajar com ou sem os bichinhos e depois de avaliar tudo isso, chegamos a conclusão de que iríamos seguir em frente e adotar um cachorrinho. A nossa única preferência era um cachorro que já fosse adulto, eu não sei se teria paciência e saúde pra correr atrás de filhote e treiná-los.
A gente achou que o processo de adoção seria bem simples: vamos até o abrigo, encontramos o cachorro que gostamos, assinamos papel, pagamos a taxa de adoção e levamos o cachorro pra casa e este foi mais ou menos o processo do nosso cachorrinho, mas antes disso eu passei muita raiva.
Como estávamos procurando por cachorros com raças específicas, não podia simplesmente ir até os abrigos e ver os cachorros que estavam disponíveis para adoção. Primeiro eu olhava no website de diversos lugares para não dar uma viagem perdida até o abrigo. Mandei email para uns 5 animais diferentes e já comecei a ver o problema de discrepância entre o website dos abrigos e os animais que realmente estavam disponíveis para serem adotados. Até aí tudo bem, estava meio que esperando que os sites não fossem atualizados em tempo real o que era ruim porque nenhum abrigo é muito próximo da minha casa e não dava pra eu ir lá todo dia pra ver o que realmente estava acontecendo.
Um dos cachorros que estava interessada estava numa casa temporária e precisava mandar email para marcar uma visita no abrigo. Mandei o primeiro email cedo e obtive resposta rápida da pessoa responsável, perguntando informações básicas sobre a minha casa, minha experiência com cachorros e se tinha crianças ou não. Respondi numa boa e algumas horas ela mandou email com mais perguntas. Respondi novamente e perguntei quando poderia ver o cachorro. Ela demorou mais algumas horas e disse que gostou das minhas respostas e que ia contactar a família temporária para marcarmos um horário. Eu já estava pulando de alegria e fazendo mil planos para o cachorro, quando ela me mandou email dizendo que eu não poderia adotar o cachorro porque ele precisava ir pra uma casa com outros cachorros e que o dono tivesse mais experiência com animais.
Agora eu pergunto, pq ela demorou o dia inteiro pra dizer que estas eram as condições pra adotar aquele cachorro? Poderia ter me poupado de toda a angústia de ficar respondendo emails e criar expectativas. Fiquei bem chateada, mas continuei a minha busca por outros animais e olha, cada vez que contactava algum abrigo ou eles me diziam que eu não podia adotar por XZY motivos ou então me mandavam um formulário para preencher que eu abria e dava risada. Nem a imigração americana me pediu tantas informações pessoais e que poderiam comprometer a minha segurança e da minha família do que esses abrigos. Ok, eu entendo que eles querem ter certeza de que a pessoa que vai adotar o bichinho vai cuidar bem dele, tem condições e não é alguém falso que quer comprar animais pra se fazer testes e experimentos (fiquei pasma que isso infelizmente acontece). O meu problema é que esses abrigos (geralmente ONGS que resgatam animais de maus-tratos), não tinham website, nenhuma informação na internet e usavam emails do gmail, outlook. Quem podia garantir que esses animais realmente existiam e quem era que iria receber informações de onde trabalho, quando estou em casa, quanto ganho, etc?
Olha, fiquei tão estressada e me achando tão inadequada, que já estava quase desistindo de toda essa idéia de adotar um cachorro. Chorei uma noite inteira de raiva e decepção e o meu marido não sabia se ele ria de mim ou chorava junto comigo. Ainda bem que ele é uma pessoa bem mais sossegada do que eu e alguns dias depois do meu aniversário ele saiu cedo do trabalho e me chamou pra ir até o abrigo pra ver o que tinha disponível por lá. Na verdade estava de olho em um filhotinho que estava no website, mas já tinha passado tanta raiva que eu pedi pra Deus pra colocar na nossa vida o cachorro certo pra gente e que se fosse pra dar certo, tudo iria dar certo.
Chegando no abrigo perguntei sobre o filhotinho e advinha? Ele tinha sido adotado naquele dia. Fiquei segurando pra não chorar de desanimo e raiva quando a moça falou pra gente dar uma volta no abrigo porque eles tinham acabado de colocar alguns animais pra adoção que não haviam sido listados no website. Ela falou que se a gente gostasse de algum, para pegarmos a folha de informações do animal e trazer de volta para o balcão para conhecê-lo.  Já que estava lá não custava dar uma olhada, mas fui contrariada e sem esperança nenhuma.
Haviam muitos Chihuahuas, Pitbulls e Labradores. E aí no meio deles tinha um Shih Tzu todo sujinho, mas parecia bem bonzinho. Esta era uma das raças que estávamos interessados, então eu mal li a ficha do cachorrinho e já peguei para que outra pessoa não pegasse primeiro. Ele tinha sido achado na rua e o veterinário achava que ele tinha mais ou menos 1 ano de idade. Entregamos o papel para a moça da recepção e ela falou pra gente ir pra salinha para podermos brincar com ele.  Nesta salinha um voluntário passou mais informações sobre o cachorrinho e seu estado de saúde. Ele não ficou com medo ou tímido, já veio brincando e gostava muito que passássemos a mão nele. Ficamos brincando com ele por cerca de 30 minutos e decidimos que o levaria pra casa. Uma mistura de medo e emoção tão grande! Foi tudo tão simples! Preenchi um formulário bem simples e estava esperando o interrogatório com tortura para saber se seria digna para adotá-lo, mas eles simplesmente disseram pra pagar a taxa e que poderíamos levar ele pra casa. Enquanto esperávamos um medicamento que ele precisava terminar de tomar uma voluntária veio se despedir e disse que tivemos muita sorte porque cachorros como ele nunca ficam muito tempo pra adoção e que ele tinha sido sortudo de ser adotado com apenas algumas horas!
Eu estava tão feliz, não conseguia acreditar que tínhamos encontrado o nosso cachorrinho! Depois de tanta raiva que tinha passado nos dias anteriores, Deus nos concedeu o cachorrinho que é mais do que perfeito pro nosso estilo de vida e o melhor de tudo o meu marido se deu super bem com ele e não teve reação alérgica nenhuma.
A primeira coisa que fizemos foi trocar o nome dele para Doug porque no abrigo eles chamavam ele de Albert e  não achamos que combinava muito. A segunda coisa que fizemos foi parar numa pet shop para comprar as coisas para ele já que não estávamos esperando levar o cachorro pra casa naquele dia! Nunca achei na minha vida que um bichinho fosse precisar de tanta coisa, isso porque só compramos o necessário! Como ele tinha sido castrado no dia anterior, ele ainda está se recuperando da cirurgia e não podemos dar banho nele até a semana que vem! E o pobrezinho está tão, mas tão sujo!!! Graças a Deus ele está se recuperando bem e não tivemos maiores problemas com ele além de tratamento pra uma tosse e vermes.
Nossa família não acreditou que o cachorrinho que mostramos na câmera era nosso, minha mãe acha que eu arrumei dor de cabeça pra mim, mas agora tanto a minha sogra quanto a minha mãe quando mandam mensagem perguntam primeiro do Doug! hehehe.
Aos poucos nós estamos nosajustando, mas estamos muito felizes que deu tudo certo porque o Doug tem trazido bastante alegria pra nossa casa. Ele com certeza  é um grande presente pra nossas vidas.

Doug