Já era pra eu ter voltado a escrever há muito tempo, eu sei. Juro que sentei em frente ao computador algumas vezes, cheguei até a logar para começar um post. Mas o que me me trouxe aqui foi a segunda noite de insônia seguida e a vontade de jogar papo fora.
Bom, 2021 chegou e já foi embora.
Lembro-me de ter ficado acordada até meia noite só pra dizer pra 2020 se fuder e ficar no passado. Que bosta de ano. Mas 2021 estava chegando com tanta esperança, tanta perspectiva de dias melhores, tantos sonhos, ah, certeza de que 2021 vai ser melhor do que 2020!!! (risada sarcástica lembrando da minha inocente esperança...)
Enfim, era pra ter motivos né??? Casa nova, vacinas contra a COVID, Biden venceu as eleições presidenciais... de acordo com o plano era pra tudo ter dado certo, mas claro que nem tudo saiu como estava nos planos. Mas nem tudo foi ruim também, então vamos fazer um resumão deste tempo que andei sumida.
Sim, nos mudamos para nossa casa e amamos a localização. Os vizinhos são muito legais e acho que em 1 semana conversei mais com eles do que com os meus vizinhos da Califórnia. Demorou um pouco para eu me acostumar com os morros da vizinhança, porque onde eu vivia era plano, mas agora já tenho várias rotas para caminhar com o Doug. Estamos explorando a cidade e as redondezas aos poucos, mas eu amo demais a paisagem por aqui. Teve nevasca, primavera linda com muitas flores, verão com calor de cozinhar ovo em asfalto e outono lindíssimo. Como é bom morar num lugar que tem estações do ano!
As esperanças de que o Trump ia sair quietinho da presidência se acabou dia 6 de janeiro quando teve aquela invasão do Capitólio né? Lembro que estava limpando a casa alugada pra devolver quando vi as cenas horrorosas de Washington DC. Parecia que era filme, parecia que era em qualquer outro lugar do mundo menos aqui. Mas aqui isso também acabou em pizza. Pra vocês não acharem que impunidade só acontece aí no Brasil. Sim, algumas pessoas foram condenadas e presas, mas muitos nem sequer tiveram audiência. Tudo por conta das imensa quantidade de provas e da covid. E ainda hoje ainda estão debatendo se foi um atentado à democracia ou não... eu já perdi a paciência...
Eu achava que com o Biden na presidência as coisas iriam caminhar, mas.... se estão caminhando é a passos de tartaruga... sim, sem dúvida melhor do que o palhaço laranja no governo, mas a decepção começou com a retirada das tropas do Afeganistão. Vocês lembram disso? Aqui repercutiu muito ruim como toda a ação aconteceu e a partir dali a aprovação do governo só declinou... e agora com inflação, a covid na 4 onda, as coisas estão piores ainda. Tenho medo de pensar no que vai acontecer em 2024, mas até lá tem muito chão e como vocês sabem, a preocupação imediata é o que vai acontecer com o Brasil no final do ano, mas isso fica pra uma outra hora.
COVID. Meu, sinceramente eu já não tenho mais forças, argumentos e paciência para falar sobre a covid. Como disse anteriormente o ano começou com tanta expectativa de que as coisas iriam melhorar com a chegada de várias vacinas. Primeiro as vacinas iriam proteger a gente, e todo mundo saiu correndo pra poder tomar. Sério, era difícil encontrar horários disponíveis pra gente ir tomar vacina. E todo mundo feliz tirava selfie e postava na internet. Era um privilégio, um alívio. O final estava perto (segunda risada sarcástica ). Aí começou a onda contra a vacina. Ai começou a chegar as malditas variantes. Lembro do alívio quando eu tomei a minha primeira dose, quando a minha família no Brasil começou a ter acesso às vacinas também. Aí descobri que pra mim, a vacina tinha uma grande probabilidade de não fazer efeito por causa dos remédios imunossupressores que tomo. Decepção.
Aí começou a crescer mais ainda decepção quando pessoas que tinham acesso e podiam não quiseram tomar vacina. Não dava pra acreditar. Chegaram os estudos e as vacinas já não era tão eficazes quanto eles achavam. Aí vem a variante Delta, vamos tomar reforço. Parecia que as coisas estavam melhores, o verão até que foi "normal"pelas bandas de cá, mas eu nunca pude baixar a guarda. A covid era e ainda é um grande risco pra mim. Meu marido teve oportunidade de ir visitar a família na Escócia em agosto quando as coisas estavam calmas por lá e por aqui. E assim que voltou pra cá a sobrinha ficou doente, e os casos explodiram por lá. Ai chegou Ômicron e ferrou tudo de vez. Parece que este pesadelo nunca vai terminar! E começo a ouvir de amigos, de pessoas da minha família que eu sou muito paranóica, que tudo não passa de uma gripezinha. Que é bobagem ficar tomando tanto cuidado como eu tomo. Mas eles se esquecem de que os sintomas são leves porque eles tomaram a vacina... Como já disse, cansei de discutir, informar, tentar sensibilizar as pessoas que nem todos saem ilesos de uma infecção. Se depois de 2 anos as pessoas não entenderam os fatos, quem sou eu pra mudar a opinião de alguém? Enquanto as pessoas gritam e aproveitam a liberdade, voltam ao normal sem precisar tomar precauções porque estão cansados da pandemia e na cabeça deles tudo acabou, eu sigo em casa. Afinal, os fracos que se protejam, os fortes precisam viver!
E no meio desta loucura toda, tive 3 perdas na minha família. Uma seguida da outra. 3 tios muito queridos, por problemas de saúde diferentes. Foi foda. E claro, por conta da maldita da pandemia a família mal conseguiu se consolar durante este tempo. E eu aqui, recebendo notícias pelo grupo da família em meio às figurinhas de bom dia que a prima sem noção manda todo dia. Essa vida é muito surreal...
Mas no final do ano a gente precisava respirar um pouco, e decidimos passar o Natal na casa dos tios do meu marido que mora em Vancouver, no Canadá. Eles estavam muito deprimidos, sem sair de casa e já que nós também não temos contato com ninguém, fizemos o teste obrigatório e seguimos viagem de carro. Ômicron tava chegando pelas bandas de cá e pensamos: é agora ou nunca, porque a gente não sabe o que vai acontecer... a viagem foi tranquila e em 6 horas chegamos na casa da nossa família. E aí me dei conta que foi a primeira vez em quase 2 anos que abracei alguém que não fosse o meu marido. Conosco chegou a pior nevasca de Vancouver dos últimos sei lá quantos anos. E com a temperatura no máximo de -13C, a gente passou 6 dias dentro de casa. Cozinhamos, contamos histórias e vemos muita, mas muita televisão. Mas foi bom, a gente não sabe quando teremos a oportunidade de nos encontrarmos novamente. Voltamos pra casa dia 27 depois das estradas ficarem um pouco melhores por conta da neve.
E aí esperamos 2021 terminar, e brindamos a chegada do ano novo. Vencemos o ano 2 dessa loucura de pandemia. Sobrevivemos até aqui. 2022 vai ser um ano melhor com certeza!...
E aí a noite de 4 de janeiro de 2022 chegou e o meu mundo implodiu completamente...